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Desmatamento da Amazônia em agosto é novo recorde

Desmatamento da Amazônia em agosto é novo recorde

‘Uma área equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte foi desmatada na Amazônia apenas em agosto, o maior índice para o mês em 10 anos. Com isso, o acumulado desde janeiro de 2021 também ficou como o pior da década. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)’. Assim começa o texto do site Imazon sobre mais este recorde. Post de opinião: Desmatamento da Amazônia em agosto é novo recorde.

Imagem de desmatamento na Amazônia em agosto
Imagem, Christian Braga / Greenpeace.

Desmatamento da Amazônia em agosto

Agosto não foi uma exceção, ao contrário. Nos seis primeiros meses de 2021 o desmatamento na Amazônia foi 17% maior que no mesmo período do ano passado.

O site do Imazon informa que ‘com 1.606 km² de floresta destruída, agosto foi o quinto mês deste ano em que o desmatamento atingiu o pior cenário desde 2012′.

Ilustração, Imazon.

‘Março, abril, maio e julho também tiveram a maior área devastada em 10 anos, o que indica que as medidas tomadas para combater a derrubada não conseguiram baixar o ritmo do dano ambiental’.

Comparando com  2020, diz o Imazon: ‘Em relação a agosto do ano passado, a área desmatada neste ano é 7% superior. Já o acumulado de janeiro a agosto, de 7.715 km², é 48% maior do que no mesmo período de 2020’.

Discurso de Bolsonaro na ONU nega o novo recorde

Apesar dos registros do satélite,  em seu discurso na ONU em 21 de setembro Bolsonaro mais uma vez surpreendeu o mundo. E mentiu. ‘Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior’, disse o presidente.

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E ainda fez bravata: ‘Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa? Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!’

É inacreditável a cara-de-pau do presidente em mentir cinicamente no mais importante fórum mundial desde o fim da Segunda Grande Guerra, a ONU.

Ele superou o que aprendeu durante a campanha presidencial de 2018 quando prometeu acabar com a reeleição; ter no máximo 15 ministérios; desonerar a folha de pagamento; não aumentar impostos, e uma série de outras lorotas que lhe valeram 57 milhões de votos.

O desmonte da legislação ambiental

O mundo sabe perfeitamente quem foi o primeiro ‘ministro’ do Meio Ambiente de Bolsonaro, e o desmonte que promoveu na legislação ambiental com as respectivas consequências negativas para o clima, e a imagem do Brasil.

Como é sabido, inclusive no exterior, Ricardo Salles foi exonerado a pedido depois de ser investigado por crimes como advocacia administrativa, criar dificuldades para a fiscalização ambiental, e atrapalhar investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Os dados de 2012 até 2021. Ilustração, Imazon.

Isso para não falar no prejuízo do agronegócio em razão dos eventos extremos, um ‘subproduto’ do aquecimento global que até bem pouco era contestado por Bolsonaro, que nos afligiram este ano: uma tremenda seca no Centro-Oeste, Sudeste e Sul, entremeada por fortes geadas quase simultaneamente, provocando perdas nas safras de café, hortaliças, cana-de-açúcar, e destruindo pastos para o boi, etc.

‘Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP de Piracicaba, os impactos das geadas podem ser generalizados, atingindo também produtos como etanol e açúcar, e até mesmo relacionados à pecuária, como carne e leite, pois as geadas impactam na alimentação dos rebanhos’.

Sobre este detalhe que contribui para a alta da inflação, já nas alturas, o presidente se cala. Como se cala sobre a crise hídrica preanunciada, cujo custo pela falta de ação do governo nós já estamos pagando via taxas mais altas.

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A COP 26 em novembro

E tudo isso acontece às vésperas da mais importante reunião de clima desde o Acordo de Paris, em 2015. A COP 26, em novembro na Escócia. A reunião é esperada com ansiedade pelo concerto das nações.

Os dados de desmatamento hoje são mundiais. Não importa o que digam os presidentes de plantão. Na hora ‘H’ o que vale é a realidade mostrada pelos satélites, sejam eles brasileiros, norte-americanos, ou europeus.

Portanto, a mentira dita na ONU tem hora para ser cobrada. E isso acontecerá na COP 26, dentro de pouco tempo.

Valeu a pena desmontar a legislação e os órgãos ambientais?

Já fizemos esta pergunta um par de vezes, e continuaremos a fazê-la enquanto a política ambiental suicida continuar em vigência.

Tão logo assumiram Bolsonaro et caterva iniciaram o desmonte e a desqualificação pública dos órgãos que atuavam com o MMA no combate aos ilícitos: o Ibama e o ICMBio.

Dificultar as multas

Também houve a decisão de dificultar tanto quanto possível a aplicação de multas, abominadas pelo presidente desde que ele mesmo foi multado, ainda quando deputado, ao pescar em local proibido.

Foi o que bastou para o País ser considerado um pária, além de provocar um racha no agronegócio que o simplório presidente julga ajudar.

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Exército na floresta

A ameaça contra as exportações brasileiras obrigou o governo a agir. Então, como não havia mais pessoal qualificado no Ibama, fruto de exonerações e falta de preenchimento de vagas em aberto, o governo despachou o Exército para a floresta (apesar de Bolsonaro ter dito na ONU que investiu na fiscalização, ele esqueceu-se de dizer que quem fez o trabalho de fiscalização no ano passado, e em 2021, foi o Exército).

Acontece que a força não foi treinada ou preparada para esta ação. O resultado foi um enorme custo a mais no orçamento. E só.

Operação Verde Brasil 2

A Operação  Verde Brasil 2 consumiu cerca de R$ 400 milhões de reais, montante que representa mais de três vezes o orçamento do Ibama e ICMBio para a fiscalização e combate a incêndios proposto para 2021.

E foi mais um fracasso  na imensa coleção de Bolsonaro. Neste 2021 mais uma vez o Exército foi despachado para a Amazônia, para novo fracasso a um custo orçado de R$ 50 milhões e envolvendo 3 mil militares.

Operação Samaúma

Desta vez é a a ‘Operação Samaúma’ que deveria seguir até agosto, quando o vice-presidente prometeu uma ‘redução de 12% no desmatamento em comparação ao ano passado’.

Aí está o resultado: ‘agosto’, diz o Imazon,  ‘foi o quinto mês deste ano em que o desmatamento atingiu o pior cenário desde 2012’.

‘Meu governo recuperou a credibilidade externa’

Mas a grande pérola do discurso não foi a mentira sobre o desmatamento; nem o País de vento em popa, mas com cerca de 14 milhões de desempregados muitos dos quais passando fome, que Bolsonaro descreveu.

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A grande pérola foi não conseguir segurar seu amor à cloroquina, quando voltou a defender o tratamento precoce para a Covid-19 que o mundo inteiro sabe que não existe.

Uma peculiar demonstração de seu pensamento sobre a ciência, desta vez no mais importante fórum mundial.

Bolsonaro está fora da realidade, isolado em delírios: ‘meu governo recuperou a credibilidade externa do Brasil’.

Só se for na Polônia, presidente. Ali, pode ser, no resto do mundo…

Imagem de abertura: Christian Braga / Greenpeace

Fontes: https://imazon.org.br/imprensa/desmatamento-na-amazonia-chega-a-1-606-km2-em-agosto-maior-area-da-decada-no-mes/;https://portalcbncampinas.com.br/2021/07/geadas-trazem-prejuizos-aos-agricultores-da-regiao/; https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57346129;

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