Conheça a poluição invisível que ameaça os oceanos

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Conheça a poluição invisível que ameaça os oceanos e outros corpos d’água

O plástico costuma receber muita atenção quando se trata de poluição oceânica. Entretanto, os produtos químicos representam uma ameaça significativa que provavelmente estamos  subestimando conforme destaca Alex Rogers, ecologista da Universidade de Oxford. Em outras palavras, essa é a poluição invisível que gera tantos ou até mais problemas do que a pandemia de plástico. Um artigo do www.backtoblueinitiative.com faz uma pergunta que repetiremos: Você pode viver sem produtos químicos feitos pelo homem? Segundo o Conselho Internacional de Associações Químicas, 95% de todos os produtos manufaturados dependem de ingredientes ou processos químicos. Isso significa que, a cada 100 objetos fabricados, 99 usam produtos químicos e apenas um não usa

poluição invisível ou química

A poluição que a gente não vê

Entretanto, o www.chinadialogueocean.net aponta que “suas diversas aplicações” (referindo-se aos produtos químicos) revolucionaram nossas vidas, mas também podem representar uma ameaça à vida marinha e aos ecossistemas.

Esses produtos químicos chegam ao mar por diversas vias, incluindo a água usada para lavar pratos, águas residuais oleosas despejadas por navios no oceano e até mesmo papel higiênico com aditivos químicos.

Pesquisadores já detectaram produtos químicos sintéticos nas fossas marinhas do Ártico e nas profundezas do oceano. Uma investigação da União Europeia mostra que 75% do Atlântico Nordeste, 87% do Mediterrâneo e 96% do Mar Báltico estão contaminados por substâncias sintéticas e metais pesados.

A contaminação, porém, não se limita a esses locais. Já mostramos como o mar serviu de depósito de lixo para empresas petroquímicas e outras indústrias ao longo do século 20. Isso só mudou quando os Estados Unidos criaram a Lei de Despejo Oceânico, em 1972.

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Um exemplo gritante está na costa da Califórnia, a menos de dez milhas de Los Angeles. Ali, mais de 27 mil barris de DDT foram despejados. Hoje, alguns estão vazando.

No entanto, existe um problema ainda mais grave que precisa ser resolvido antes de podermos lidar eficazmente com a poluição química. Esse problema é a falta de dados confiáveis, conforme destacado pelo www.chinadialogueocean.net: “Na verdade, sabemos muito pouco sobre os impactos da maioria dos poluentes químicos na vida marinha. A compreensão desse problema é difícil por causa da diversidade dos poluentes, de sua composição complexa e de suas propriedades variáveis. A situação piora com a sofisticação crescente dos produtos de consumo. Muitos deles contêm dezenas de componentes químicos sintéticos, o que complica ainda mais os impactos nos ecossistemas marinhos.

350.000 produtos químicos produzidos anualmente

A mesma fonte revela a complexidade do desafio que enfrentamos: “Uma análise realizada em 2021 revelou que, dos aproximadamente 130.000 estudos sobre os impactos ecológicos de produtos químicos sintéticos, apenas 65 produtos químicos receberam destaque na literatura científica. Além disso, não há informações públicas disponíveis sobre 120.000 dos 350.000 produtos químicos produzidos em todo o mundo.”

Essas lacunas de dados foram destacadas em um relatório de 2022 da Back to Blue, uma iniciativa conjunta da Economist e da Nippon Foundation. Jessica Brown, coautora do relatório, compartilhou suas impressões: “Participamos da Conferência dos Oceanos da ONU em junho passado, e uma das coisas que realmente nos impressionou foi a escassa discussão sobre qualquer tipo de poluição que não seja o plástico.”

Poluentes orgânicos persistentes

Os Poluentes Orgânicos Persistentes incluem vários produtos químicos. Entre eles estão o DDT e os Bifenilos Policlorados (PCBs). Esses compostos foram amplamente usados como lubrificantes e refrigerantes em equipamentos elétricos, até que a maioria dos países passou a regulá-los.

No entanto, o problema, conforme relatado pelo www.chinadialogueocean.net, é que esses produtos químicos, assim como outros Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), compartilham duas características distintas: persistência e a tendência de se acumularem nos tecidos adiposos.

No oceano, essas substâncias são constantemente “biomagnificadas” na cadeia alimentar. Alex Rogers explica: “Muitos grandes predadores têm uma longa expectativa de vida e, como resultado, enquanto continuam se alimentando de presas contaminadas, acumulam concentrações cada vez maiores desses compostos tóxicos em seus próprios corpos”. Esses produtos químicos foram associados a câncer, problemas de fertilidade e outras condições.

É por isso que já mencionamos anteriormente que as pessoas não devem consumir carne de tubarões/cações, pois esses animais são bioacumuladores, como explicamos.

Ninja Reineke, chefe de ciência da CHEM Trust, uma instituição de caridade do Reino Unido-alemã, falou ao www.chinadialogueocean.net: 

“Estamos trabalhando em poluição química industrial, muitos de nós há mais de 20 anos”, diz Ninja. “E então, em algum momento, a poluição plástica se tornou o tema quente. Mas muitas das coisas com as quais nos preocupamos há anos são, na verdade, aditivos plásticos. Estes incluem PFAS, ftalatos (plásticos) e bisfenol A (BPA), que são infundidos em plásticos para, entre outras coisas, torná-los repelentes de água, flexíveis e claros. Esses produtos químicos funcionam como desreguladores endócrinos. Eles afetam a reprodução de moluscos, crustáceos, insetos, peixes e anfíbios  Eles se dissolvem do plástico oceânico à medida que se degrada. “Há muita coisa que não sabemos sobre isso, mas, no geral, os plásticos também são uma questão de poluição química”, acrescenta.

A regulamentação pode ajudar a conter a propagação?

Poder, ela pode. Duro mesmo, é conseguir uma regulamentação completa, e aceita pelo concerto das nações. O www.chinadialogueocean.net  explica o que temos até agora.

Hoje, o mundo enfrenta a poluição química por meio de uma rede complexa. Ela inclui iniciativas voluntárias, acordos internacionais, leis nacionais e estaduais e tratados globais. convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo regulamentam, respectivamente, o despejo e o comércio de resíduos perigosos, além da produção de determinados grupos químicos. Além disso, a União Europeia possui a legislação REACH, que coloca a responsabilidade nas empresas químicas para avaliar a segurança de seus produtos químicos antes de sua utilização.

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Convenção de Londres

Contudo, há mais que as ações citadas pelo chinadialogueoicean. Quem explica é a National Geographic.

A Convenção de Londres, ratificada em 1975 pelos Estados Unidos, foi o primeiro acordo internacional a especificar uma melhor proteção para o meio ambiente marinho. O acordo implementou programas regulatórios e proibiu o descarte de materiais perigosos no mar. Um acordo atualizado, o Protocolo de Londres, entrou em vigor em 2006, proibindo especificamente todos os resíduos e materiais, com exceção de uma pequena lista de itens, como restos de materiais de dragagem.

Como se vê, temos muito ainda a fazer para preservar a resiliência dos oceanos.

Assista ao vídeo para saber mais

Agenda ambiental marinha ‘encalha’ com Marina Silva

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