Caravelas-portuguesas voltam ao litoral de São Paulo
As exóticas caravelas-portuguesas estão de volta às praias paulistas. Em grande estilo e número, uma vez que grupos pequenos são raros. Normalmente, os bandos que buscam águas mais quentes nesta época do ano têm mais de mil caravelas-portuguesas. Não se iluda com suas cores e tons translúcidos e vibrantes. Elas são lindas, mas venenosas. Muito confundidas com águas-vivas, seus parentes próximos (Conheça uma água-viva muito rara), as caravelas-portuguesas são bem mais perigosas. Podem matar.

As caravelas-portuguesas não atacam banhistas, mas o simples contato provoca lesões na pele e no sistema nervoso. A picada causa dor intensa e pode gerar desde coceira e vermelhidão até queimaduras graves, de terceiro grau. Casos fatais são raros, mas uma única picada pode matar.

Caravelas-portuguesas fazem vítimas em todo o litoral
Elas já apareceram no litoral em 2020. Quatro anos depois, voltaram. Foram vistas em São Sebastião, Caraguatatuba e Ilhabela. Mas também na Baixada Santista, em Itaguaré e Bertioga. Levadas pelas ondas, muitas encalham na praia. A maioria das vítimas apresenta queimaduras leves, náuseas, vômitos, câimbras e tonturas. Esses são os sintomas mais comuns. Alterações respiratórias também podem acontecer.
As caravelas-portuguesas costumam chegar a grande parte das praias brasileiras no verão. São trazidas pelos ventos e correntes marítimas. E esse é o período do ano em que as praias também estão cheias de turistas. Por isso, se cruzar com uma, aprecie sua beleza mas mantenha distância razoável. Será bom para você e para elas.
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De tons meio azulados, róseos e até arroxeados, as caravelas-portuguesas encantam, especialmente as crianças. Os pequenos, aliás, são suas principais vítimas. E o contato na região torácica de crianças, ou de doentes cardíacos, com as toxinas das caravelas-portuguesas pode causar arritmia cardíaca. E, bem mais grave, parada cardiorrespiratória que pode levar à morte.
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Também podem provocar choques anafiláticos em pessoas alérgicas às suas toxinas. O que também pode ser fatal. Foi o que aconteceu com um jovem no final de dezembro de 2020, ao entrar em contato com uma delas em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo. Entre os casos graves, está ainda o edema agudo pulmonar.
Toxinas provocam dor
As caravelas-portuguesas têm células urticantes chamadas cnidas, explicou André Carrara Morandini ao UOL. Ele é vice-diretor do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (Cebimar-USP). Essas cnidas cobrem todo o corpo do animal, mas os tentáculos concentram a maior parte delas. “As cnidas têm microagulhas ou arpões que injetam toxinas e servem para capturar presas ou se defender. O contato provoca dor intensa e, em casos extremos e raros, pode causar morte”, disse.
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Ao tocar em uma caravela-portuguesa os especialistas orientam não lavar a pele com água doce. Isso pode espalhar as células urticantes e aumentar a área queimada e a dor. Também não se deve usar álcool nem esfregar o local. Os primeiros socorros devem acontecer ainda na praia, lavando a região com água do mar.
A água do mar pode ser levada para casa para continuar o tratamento. Gelada, ela ajuda a aliviar a dor e a reduzir a vermelhidão. Também vale usar vinagre, que impede a disseminação das toxinas e ameniza o ardor. Por isso, leve sempre um pouco de vinagre à praia junto com o protetor solar — e um antialérgico, se tiver tendência a reações.
Busque assistência médica
Os tentáculos devem ser retirados suavemente, orientam os especialistas. Os médicos afirmam ainda que é preciso evitar movimentação intensa da área afetada. Bem como expor a região ao sol. Dependendo do tamanho da lesão, a dor pode durar minutos ou dias. Pode ainda deixar cicatrizes. Se os sintomas persistirem e os primeiros socorros não surtirem efeitos rápidos, é preciso buscar assistência médica com urgência. É o que os especialistas recomendam.
O que são as caravelas-portuguesas
O nome científico é Physalia Physalis. Já o ‘apelido’ deve-se à semelhança com as embarcações utilizadas pelos portugueses. As caravelas-portuguesas pertencem ao grupo dos cnidários ou celenterados. São organismos pluricelulares que vivem em ambientes aquáticos, principalmente, o marinho. Ou seja, não são terrestres e morrem fora da água. Mas mesmo morta, seu veneno continua ativo. Por isso, ao encontrar uma delas encalhada na areia é preciso avisar os salva-vidas.
Caravelas-portuguesas e águas-vivas: conheça as diferenças
Existem mais de 11.000 espécies de cnidários no mundo. Entre os quais as caravelas-portuguesas, as águas-vivas e os corais. Muitas pessoas as confundem com águas-vivas. Estas, entretanto, são transparentes, enquanto as caravelas-portuguesas são de fácil identificação pela parte colorida que flutua. Ambas são comuns e abundantes no verão. Segundo o site Litoral na Rede, os guarda-vidas do litoral sul gaúcho contabilizaram 38.364 lesões provocadas pelas espécies. Isso no curto período entre 21 de dezembro e 3 de janeiro. Nessa mesma fase no verão anterior, foram 32.855 queimaduras. Ou seja, o número de vítimas aumentou.
Tentáculos chegam a 20 m

Capturam alimentos pelos tentáculos, que podem chegar a 20 metros. Na média, os tentáculos medem cerca de 30 centímetros, na maioria das caravelas-portuguesas. O veneno que expelem paralisa e até mata os alimentos capturados. São, geralmente, pequenos peixes e crustáceos. O tamanho da parte que flutua também pode variar, assim como os tentáculos, de 1 a 25 centímetros.
Saiba mais sobre as caravelas-portuguesas
Imagem de abertura: http://www.altomarmergulho.com.br/










