Atum azul, ameaçado de extinção, vendido por US$ 3,1 mi

Atum azul, ameaçado de extinção, vendido por US$ 3,1 milhões de dólares

No primeiro leilão do ano novo no mercado de Tóquio, claro, um atum azul com 278 Kg ameaçado de extinção chegou ao preço de US$ 3,1 milhões de dólares oferecido pelo dono de uma cadeia de restaurantes. O exemplar foi pescado na costa da província de Aomori, ao norte do Japão.  Enquanto isso, nas redes sociais explodiram protestos. Centenas de matérias foram feitas em praticamente todas as línguas importantes. Mas, infelizmente, a maioria delas apenas para destacar o enorme valor do lance. Poucas foram escritas para alertar  sobre o perigo iminente que ronda este peixe.

Novo mercado de peixes, em Toyosu, estreia dizendo ao que veio: vender até acabar

O antigo mercado de Tóquio, em Tsukiji,  fechado para servir de estacionamento nas Olimpíadas de 2020 deu lugar  ao  mercado de Toyosu.

Kiyoshi Kimura, dono da rede Sushi Zanmai, pagou 333,6 milhões de ienes (US$ 3,1 milhões) pelo peixe. É triste saber que o animal pintado em cavernas, pelos hominídeos, cunhado em moedas antigas,  e  que encantou Aristóteles, esteja a um passo da extinção.

Mesmo com a tragédia de Minamata, os japoneses insistem em pescar o Atum azul, ameaçado de extinção

Ainda assim, é inacreditável que persista o costume de detonar uma espécie ao ponto da extinção. Além disso, há o perigo de contaminação por mercúrio, assunto que abordamos.

Contudo, impressiona que isso ocorra no Japão um dos países mais ricos do mundo, com ótima educação, e além disso, local da conhecidíssima tragédia de Minamata quando, pela primeira vez na história, uma empresa foi responsabilizada por um acidente ambiental.

No caso de Minamata, aconteceu a contaminação da baía de mesmo nome por mercúrio. Foram tantas as vítimas, atacadas de forma tão severa e dramática que Minamata virou nome de uma convenção internacional assinada por 92 países, Brasil incluso. Definitivamente, não é possível que o Sr. Kiyoshi Kimura não saiba disso.

A pesca de atum no mundo é uma total esculhambação

Todo mundo ‘mal’ informado, sabe. É igualmente certo que o Sr. Kiyoshi Kimura, que deu o lance de US$ 3,1 milhões de dólares, também saiba o que está em jogo. Ainda assim…

Não se fala em outra coisa na academia, na imprensa estrangeira, e obviamente, nos centros mundiais de pesca. Para que a espécie preferida para o sushi não entre em extinção, foi criada uma organização cuja intenção seria ‘regular’ a pesca dos atuns, a Comissão Internacional para Conservação do Atum do Atlântico e Mares Adjacentes – ICCAT.

Contudo, a ICCAT é apenas mais uma organização a provar que não há força no mundo capaz de brecar a pesca. Há tanta corrupção no órgão regulador que ele já não é mais levado a sério. Agora, descobriram contrabandode atum no Mediterrâneo, envolvendo França, Itália, Espanha e Malta.

A denúncia envolve milhões de euros e cerca de 80.000 Kg de atum capturado e comercializado ilegalmente. A ICCAT é uma espécie de FIFA da pesca internacional. E mais uma vez, o Sr. Kiyoshi sabe disso. E, no entanto, continua firme e forte assim como centenas de seus pares no Japão.

ssim vamos nós…

Mesmo com toda a informação difundida, com as polícias ambientais, o ICMBio e o Ibama, ou as ICCATs da vida, no Japão continua o massacre do atum; enquanto isso, no Brasil o vulgo amazônico dá cabo do boto cor-de-rosa, e do tucuxi.

E até um presidente, recém eleito, invade um berçário de vida marinha onde a pesca é proibida, para pescar…

Fontes: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/05/atum-de-278-quilos-e-vendido-us-31-milhoes-em-leilao-em-toquio-e-supera-recorde-de-2013-veja-fotos.ghtml; https://favy-jp.com/topics/951; https://forbes.uol.com.br/last/2019/01/atum-vendido-por-us-3-milhoes-bate-recorde-em-toquio/.

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