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Apreensão de barbatanas de tubarão no Brasil é recorde

Apreensão de barbatanas de tubarão  no Brasil é recorde mundial

Recorde da vergonha, recorde da selvageria, recorde de falta de escrúpulos de armadores de Itajaí. E, antes de mais nada, mais uma prova do que sempre dissemos: a pesca no Brasil é uma esculhambação total. O Ibama apreendeu nada menos que 28.7 toneladas de barbatanas de tubarões que seriam exportadas ilegalmente para a Ásia. Estima-se que 10 mil animais foram trucidados. Entre as espécies, havia algumas ameaçadas de extinção como o anequim ou mako. Foi a maior apreensão já registrada no mundo, o que mais uma vez nos envergonha. Apreensão de barbatanas de tubarão no Brasil é recorde.

Uma sopa insípida servida por esnobes novos ricos

Há anos o Mar Sem Fim denuncia a barbárie que ocorre nos mares do planeta para satisfazer uma imensa casta de novos ricos asiáticos. Em especial os chineses, que servem a insípida sopa de cartilagem em festanças para demonstrar riqueza.

Por causa deste ‘costume’ entre 70 a 100 milhões de tubarões são caçados, torturados, e devolvidos ao mar sem barbatanas todos os anos colocando a espécie, fundamental para o ecossistema, em perigo.

Trata-se de um costume bárbaro e antigo na China que persiste até hoje. O primeiro encontro do Brasil com esta realidade aconteceu em 1880 quando a corveta Vital de Oliveira chegou ao Império Celeste numa tentativa de iniciar a imigração para substituir a mão de obra escrava já com os dias contados.

Depois de ter as barbatanas decepadas, o animal é devolvido ao mar para que morra da forma mais sofrida possível. Trata-se de um crime. Imagem, www.seasave.org/shark.

Conforme contamos, Henrique Lisboa, filho do embaixador brasileiro em Portugal, descreveu um dos banquetes depois da chegada da embaixada: Serviram-nos 26 pratos diferentes. Entre eles alguns de alto preço, como ninhos de andorinhas e barbatanas de tubarão (como se vê, este costume perdura até hoje), além de duas espécies de vinho, de arroz e de folhas de rosas.

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Infelizmente, apesar de proibido no Brasil, cada vez mais cargas ilegais são apreendidas.

Armadores de Itajaí favorecem prática medieval e repugnante

Mais de um século depois, o Brasil e os armadores de Itajaí favorecem esta prática medieval e repugnante, que só tem paralelo no corte do bico de albatrozes fisgados incidentemente por pescadores da frota de Itaipava, Espírito Santo.

Não há como qualificar esta cena. Seria impublicável se tentássemos. Imagem, W. Daudt. Contudo, é mais um crime praticado por pescadores.

Uma única empresa de Itajaí, a Kowalski, tinha  27,6 toneladas de barbatanas. O resto estava com uma empresa flagrada pelos fiscais no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Segundo a Sea Shepherd, ‘A Kowalski, que tem embarcações com autorização para a pesca-alvo de atum, se defende, descrevendo em nota que estes são estoques de barbatanas que estão sendo armazenados desde 2021. Portanto um acúmulo de 3 anos de esforços de pesca, que ainda não tinham sido liberados pelo IBAMA para exportação.

Carne de tubarão/cação está contaminada

A matéria da Sea Shepherd, informa que ‘Um estudo que analisou a carne de tubarão-azul pescado em Itajaí (SC), maior polo pesqueiro do Brasil e origem das barbatanas apreendidas, mostrou que 21% das amostras apresentavam metais pesados em doses acima da recomendação brasileira e 70% acima do que estipula a OMS.’

‘O brasileiro também não necessariamente sabe que está consumindo um animal de topo de cadeia, que portanto já é comumente sabido que bioacumula grandes quantidades de mercúrio e outros metais pesados que são danosos à nossa saúde (como efeitos no sistema reprodutivo e endocrinológico).’

‘O órgão regulador de alimentação dos EUA, o FDA (Administração de Alimentos e Remédios, em português), por exemplo, que é conhecido por ser permissivo para alimentação da população, atualmente não recomenda o consumo de tubarão para crianças e gestantes.’

População mal informada

Infelizmente, no Brasil a maioria da população não se informa, ou o faz apenas pelas redes sociais este lodaçal de mentiras e futilidades. Por isso ainda há milhões de pessoas que consomem cação, não sabendo que este é um sinônimo para tubarão. E além do mais, trata-se de um tipo de carne que concentra mercúrio e é prejudicial à saúde.

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Não compre, evite o consumo. Imagem, Sea Shepherd.

Provando a omissão, o poder público brasileiro oferece carne de tubarão em merendas escolares! já segundo a Sea Shepherd, ‘hoje o Brasil consome 45 mil toneladas de cação por ano. Destes, por volta de metade é importada, a vasta maioria dessas (por volta de 20 mil toneladas) são de tubarão azul.’

‘Pelas estatísticas oficiais, no Brasil, foram 59 toneladas de barbatanas vendidas para o exterior somente em 2011, último ano em que se tem registro oficial. Mas o mercado ilegal provavelmente envia muito mais para fora do país.’

De acordo com a Revista Veja, ‘A operação Makaira faz parte de um conjunto de ações que combatem a pesca ilegal, integrante do Plano Nacional Anual de Proteção Ambiental e em cumprimento aos acordos internacionais de que o Brasil é signatário a partir da fiscalização da regularidade na cadeia de custódia da atividade pesqueira.’

Brasil importa carcaças de tubarão

A matéria do Sea Shepherd mostra que ‘somos não só os maiores consumidores de tubarão do mundo, mas também o maior importador, hoje trazendo por volta de 20 mil toneladas do animal, virtualmente todos sem barbatanas.’

‘As empresas pesqueiras internacionais se aproveitaram da confusão de o mercado brasileiro de achar que cação é apenas uma espécie de peixe, e não todas as espécies de tubarão (e raias!), para enviar ao país as carcaças do animal vindos de todo mundo, notadamente Espanha, Portugal, China, Taiwan, dentre outros países.’

‘Isso significa que sim, ao consumir cação, você está fomentando este crime que contribuiu na eliminação de 71% dos tubarões oceânicos e mais de 30% das espécies no mundo, e 40% das espécies no Brasil.

Falta fiscalização no litoral

Em outras palavras, esta fiscalização foi um caso fortuito, para atender um objetivo especial. Há muito que o Ibama não tem quadros suficientes para fiscalizar, seja o litoral, seja a pesca.

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A mostrou que metade das capturas de tubarão no País vêm de 31 barcos que pescam atum com espinhel. Esta modalidade é das piores para a pesca incidental, daí a imensa captura de tubarões.

A outra metade, segundo  a Sea Shepherd, do consumo nacional de tubarão e raias vem da pesca artesanal espalhada por toda a costa. Os pescadores usam a técnica de emalhe (por redes) e linhas e vara.’

‘Pelas normas, esses tubarões sempre deveriam vir como fauna acompanhante de outras atividades-alvo.’

Durante o último governo o ministro de Meio Ambiente aos poucos asfixiou propositalmente o órgão, deixando-o ainda mais inoperante. Se houvesse fiscalização com mais frequência não sobrava pedra sobre pedra em Itajaí.

A falta de fiscalização é uma constante há décadas. Além disso, a esculhambação é de tal monta que no governo passado a empresa de pesca da família do secretário da pesca, Jorge Seif Jr., era uma das mais multadas em Itajaí.

Isso demonstra a ‘seriedade’ da atividade no Brasil. Além disso, desde o Governo Dilma não há estatísticas da atividade. Em outras palavras, não se sabe o que se pesca, e em qual quantidade, impossibilitando que se estude a atividade de modo a procurar torná-la, se não sustentável, no mínimo menos destrutiva.

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