Cem anos depois navio de Roald Amundsen volta pra casa
O norueguês Roald Amundsen (1872 – 1928) foi um ícone da exploração das regiões polares. Ele foi o primeiro ser humano a chegar nos dois polos. Ficou ainda mais famoso depois da Corrida do Polo Sul em que venceu o inglês Robert Scott – que morreu no trajeto -, em 14 de dezembro de 1911. Sua vida é repleta de aventuras épicas e gastos extravagantes. Por exemplo, em 1897, aos 25 anos, Roald Amundsen fez parte da tripulação do Bélgica (1897 a 1899) na primeira expedição científica à Antártica, comandada por Adrien de Gerlache. Esta foi a primeira invernagem no continente onde ficaram por 13 meses. Agora, o navio de pesquisas de Amundsen, Maud, finalmente voltou ao seu porto de origem na Noruega.

Conheça a Expedição Maud
Em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, Amundsen decidiu navegar com o Maud através da Passagem do Noroeste, que costeia o norte da Europa e da Rússia, até chegar ao Polo Norte. Porém, as condições do gelo se mostraram piores do que a tripulação havia previsto. Assim, no final o navio levou três anos para chegar a Nome, no Alasca.

Durante a viagem o navegador levou um tombo que partiu seu braço em dois lugares; não satisfeito, foi atacado por um urso polar e quase morreu de envenenamento por monóxido de carbono.

Segundo o site Maud Returns Home sua ambição era navegar para o norte e deliberadamente ficar preso no gelo e, em seguida, funcionar como uma estação de pesquisa científica, bem como tentar atravessar o Polo Norte.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaO Maud passou vários anos no gelo ártico sem chegar ao Polo Norte e, por isso, a expedição nunca recebeu a atenção pública merecida. Contudo, os anos passados no gelo proporcionaram material de pesquisa científica inestimável sobre o Ártico.
O navio foi vendido para credores do explorador
Os custos desses esforços acabaram resultando na entrega do Maud aos credores americanos em agosto de 1921, após a terceira e última tentativa de Amundsen de usá-lo para chegar ao Polo Norte.
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A empresa que o comprou, Hudson Bay Company, utilizou o barco como um armazém flutuante e uma estação de rádio. Entretanto, em 1930 o Maud, então renomeado para Baymaud, afundou onde estava ancorado em Cambridge Bay. E ali ficou. Houve uma tentativa na década de 1990 de organizar uma operação para resgatar os destroços, mas ela nunca se concretizou.

Esta iniciativa, revela o site Maud Returns Home, foi a última oportunidade de trazer os restos do navio polar outrora orgulhoso de volta para casa. O barco merece um lugar respeitável para descansar. Um futuro Museu Maud, em Vollen, vai apresentar os restos da embarcação.
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Em 1990 as autoridades de Asker, na Noruega, que abrange Vollen, compraram o naufrágio por um dólar e solicitaram permissão para removê-lo do país. Embora o pedido tenha sido aprovado, nenhuma ação foi tomada e a permissão caducou, informa o Artic Today.

Este último esforço começou em 2011, quando Wanggard e seu grupo conseguiram os direitos do Maud. Ele ganhou o impulso decisivo no ano seguinte, quando as autoridades canadenses derrubaram uma decisão que teria impedido o Maud de ser enviado para a Noruega, alegando que havia se tornado propriedade cultural canadense e uma atração valiosa por seu território ártico.
Eventualmente, em 2016, o casco do que já foi um navio de três mastros foi levantado para fora da água e colocado em uma barcaça. Mas mesmo assim, a espera da tripulação estava longe de terminar, diz o Artic Today.
A volta para casa
Segundo o Artic Today, a navegação começou finalmente no final do verão de 2017. Depois de três semanas, o Maud e suas escoltas chegaram, “exaustos”, em Aasiaat, na Groenlândia, onde ele foi armazenado até junho, quando poderia desencadear o que seria a etapa final do outro lado do Atlântico Norte.

Depois de deixar a Groenlândia, o Maud fez cautelosamente seu caminho para a Noruega, escalando portos na Groenlândia, Islândia e Ilhas Faroé, antes, finalmente, de “cruzar sua própria trilha”, e chegar à Noruega.
Você sabia que, mais uma vez por omissão do poder público o Lagamar, mais importante berçário do Atlântico Sul está em perigo?










“Homens de ferro em navios de madeira”. Forjados na bravura e na coragem, ajudaram a desbravar os rincões do nosso planeta.