Superstições marinheiras; quem é do mar já ouviu falar de pelo menos uma
Superstições marinheiras existem? Como não, todo marinheiro que se preze tem lá suas superstições. Algumas bastante conhecidas pelo grande público, entretanto, outras só por quem é realmente do mar. Mar Sem Fim fez uma listagem bem humorada para você conhecer algumas delas.
Se você sabe alguma outra superstição envolvendo o universo marinheiro conte, e nos ajude a aumentar essa lista. Quem é do mar agradece!
Muitas dessas superstições marinheiras, lendas, mitos, crenças são antigas tradições, heranças da história. Outras nasceram de eventos que navegante algum foi capaz de explicar.
1. Navio seguro é navio batizado…
A tradição de batizar um navio é tão antiga quanto os próprios navios. Sabe-se que egípcios, romanos e gregos já faziam cerimônias a fim de pedir aos deuses proteção para homens que se lançariam ao mar, contudo, por volta de 1800 os batizados começaram a seguir um certo padrão. Era derramado contra a proa da embarcação uma espécie de “fluido batismal”, que poderia ser geralmente vinho ou champanhe. A tradição que se desenvolveu preconizava que uma mulher deveria fazer as honras e ser nomeada “benfeitora” do navio ao quebrar uma garrafa no casco do barco. Se um navio não fosse corretamente batizado, seria considerado azarado.
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Nunca se deve rebatizar um navio, é azar na certa. Ou seja, batismo bom é batismo feito do jeito certo, com garrafa quebrada e uma única vez.
3. Sexta não!
Outra, a primeira vista, é jamais partir em uma sexta-feira. Muitos marinheiros recusavam-se a embarcar nesse dia da semana. Não se sabe ao certo a origem dessa lenda, contudo, parece ter ‘pegado’, quase todo capitão se recusa a soltar as amarras em uma sexta-feira.
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4. Todos os ratos a bordo
Ratos não são os animais mais desejáveis de se ter por perto, certo? Errado. A última coisa que os marinheiros gostariam é que todos os ratos do navio subitamente fossem embora. Reza a lenda que a debandada de roedores da embarcação é encarada como um mau presságio, alerta de um infortúnio que está por vir.
5. Uma moedinha, por favor
Todos os navios devem ter uma moeda de prata embaixo do mastro. Acredita-se que traga boa sorte. As explicações são muitas, mas a tradição parece ter começado com os romanos. Diz-se que a moeda era uma forma de “pedágio” cobrada pelo deus Cáron, incumbido de levar as almas dos mortos em sua barca na travessia do rio Aqueronte. Caso um desastre acontecesse ao navio, a pratinha serviria como o pagamento de todos os marinheiros que, por causa disto, passariam seguramente para o lado de lá.
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A bordo de uma embarcação, há uma palavra proibida. Jamais se deve dizer COELHO. Acredita-se que o bicho traga muito azar. A explicação vem da experiência, pois o animal tinha o péssimo hábito de roer o casco na época em que as embarcações eram feitas de madeira. Acabaram sendo proibidos de embarcar.
7. Cuidado com o que você deseja
Nunca se deve desejar “boa sorte” a um marinheiro antes de partir. Os marítimos acreditam que dizer “boa sorte” a alguém que esteja dentro de um navio é, contraditoriamente, sinal de azar. Em inglês, costuma-se dizer “break a leg” para alguém que irá navegar – no mar nada acontece como queremos, então, se desejarem que você “quebre uma perna” certamente tudo vai correr bem.
8. Assobiar ou não assobiar?
O assobio é um ato relativizado na superstição marinheira, e depende das condições do tempo. Se o navio está passando por uma calmaria, assobiar ajuda a trazer ventos, ou seja, é recomendável. Mas se já está ventando, um assobio desavisado pode convocar uma tempestade, por isso precisa ser evitado.
9. Plantas e flores… em terra firme
Não aceitar plantas e flores a bordo de um navio também é uma das superstições marinheiras. A razão dessa crença vem da lógica – plantas consomem água doce, o bem mais precioso que se tem em uma embarcação.
10. Não se deve mudar o nome do barco ou…
Marinheiros acreditam que não se deve mudar o nome de um barco, caso contrário, isso trará muito azar para as navegações. Porém, há uma saída. Caso o capitão decida dar um novo nome à embarcação, deve fazer uma cerimônia bastante detalhada e cheia de rituais.
Além das superstições existem as lendas do mar. Mar Sem Fim irá reunir as mais famosas em um próximo post no portal, mas se você já sabe de alguma, nós queremos saber!
Não se deve levar a bordo mulheres, padres, cachorros e coelhos: sinais de azar na pescaria.
-Não levar bananas a bordo. Dá azar.
-Não trabalhar no dia de finados. Pode acontecer algo ruim.
-Não ancorar próximo do bananal da ilha Queimada Grande. Tem o fantasma do faroleiro.
-Não adentrar a ilha do Bom Abrigo. Tem os espíritos dos padres e escravos que lá morreram.
-Mariposas invadindo o barco que está no mar é sinal de tempo muito ruim se aproximando.
Havia um Comandante que sempre ao partir com seu navio do porto de origem, logo que saia à barra, oferecia flores para Iemanjá. Reunia seus principais homens de bordo (Imediato, Chefes e Mestres) e cada um tinha que lançar uma flor (normalmente rosas) ao mar pedindo proteção, bons ventos e mares tranquilos até seu regresso para a rainha do mar. Aos mais céticos e aos que não acreditavam em religião, o Comandante pedia que então oferecessem a flor à Netuno, figura mística e assim aceita pelos contrariados.
O fato é que os navios comandados por ele sempre tiveram sucesso em suas missões e regresso feliz.
Em um barco pesqueiro, não se deve levar, de forma nenhuma, bananas…
Pois a urukubaka é certa, e a embarcação voltará sem peixes.
Outra coisa que dá azar, em um barco de pesca, é alguém fazer uma encomenda de peixe.
Dizem que uma cagadela de gaivota no chapéu é sinal de sorte.
Boa tarde! Já trabalhei em Navio AHTS, comandante inglês, 50 anos de Marinha Mercante, ele não gostava que cuspissem Jó convés, dizia que trazia má sorte além de não ser um hábito educado!
César Rêgo
Tatuagens sempre fizeram parte do mundo náutico desde os vikings, passando pelos piratas e depois nos marinheiros modernos pós 1a guerra mundial. Uma tradição é tatuar um porco e um galo nos pés, em caso de naufrágio, Deus irá ver os 2 animais que não sabem nadar e cuidará para que eles cheguem em terra a salvo. Acredita-se que tatuar a estrela polar ou a rosa dos ventos ajuda o marinheiro a achar o caminho de volta para casa.
Durante uma viagem, Rio grande RS x Montevideo, o comandante do navio anunciou no fonoclama ( ao passar pelo farol do Chuí) ” estamos ao ponto mais ao sul do Brasil, que Tritão rei dos mares, nós dê bons mares. O tempo fechou e começou uma tempestade, ficamos a deriva por dois dias…. Tritão não é o rei dos mares, netuno não gostou nada desse erro….
Muito interessante a matéria. Sobre o batismo, realmente é uma das coisas mais importantes para a embarcação, dizemos que é quando o navio ganha a sua alma.
Câmara Cascudo nos conta, entre muitas outras, uma que diz que não se deve cantar à noite em embarcação onde, da borda, se alcança a água com a mão.