Poluição de navios de cruzeiro sufoca a Europa

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Poluição de navios de cruzeiro sufoca cidades portuárias da Europa

Em 2022, os navios de cruzeiro emitiram na Europa quatro vezes mais gases sulfúricos nocivos do que todos os veículos de passageiros. A pesquisa mostra a piora da qualidade do ar apesar das promessas da indústria de se tornar mais verde. Assim começa a reportagem Europe’s port cities ‘choking on toxic air’ from cruise ships  (Cidades portuárias da Europa ‘sufocam no ar tóxico’ de navios de cruzeiro), publicada pelo Financial Times em junho de 2023

E não é a primeira vez que a imprensa denuncia a poluição dos navios de cruzeiro. Afinal, esses gigantes queimam tanto combustível quanto cidades inteiras.

Navios de cruzeiro em baixa na Europa

Os navios de cruzeiro ficam cada vez maiores. Assim, trazem problemas cada vez maiores também para os destinos que os recebem. Veneza, por exemplo, já proibiu sua entrada nos canais da cidade. Os passageiros lotam a região, gastam pouco e os gigantes de ferro ainda comprometem a estabilidade das construções históricas.

Muitos cruzeiros também jogam lixo no mar. Grandes companhias, como a Carnival Corp., já acumularam multas que somam mais de US$ 20 milhões — e mesmo assim continuam poluindo

Poluição de navios de cruzeiro
Uma das maiores empresas de cruzeiro do mundo, a Carnival Corp. continua na mira das autoridades.

O Mar Sem Fim já mostrou em várias matérias que o óleo pesado usado pelos cruzeiros — a borra final do refino — gera uma poluição imensa. O Financial Times confirma o problema: em 2022, os 218 navios de cruzeiro que operaram na Europa emitiram 509 toneladas de óxidos de enxofre, acima das 465 toneladas registradas em 2019, último ano de atividade normal antes da pandemia. Os dados são do grupo de lobby climático Transport & Environment.

Chuva ácida e outros problemas

Pesquisadores confirmaram que os óxidos de enxofre causam chuva ácida e agravam doenças respiratórias como asma e enfisema. Barcelona lidera a lista das cidades mais afetadas na Europa: em 2022, recebeu 805 escalas de navios de cruzeiro, que liberaram 18 toneladas de óxidos de enxofre na atmosfera.

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Segundo o airqualitynews.com, Barcelona se tornou o porto mais poluído da Europa. Já Southampton aparece em sétimo lugar: apenas 45 navios emitiram quase dez vezes mais poluentes nocivos do que todos os 93 mil carros da cidade juntos

A pesquisa mostrou ainda que, desde 2019, as emissões de óxido nitroso aumentaram 18% e as de material particulado PM2,5 — ligados a doenças respiratórias e câncer de pulmão — cresceram 25%. Constance Dijkstra, ativista da Transport & Environment, afirmou que as principais cidades portuárias da Europa estão ‘novamente sufocando com a poluição do ar por navios de cruzeiro

Embora os navios de passageiros representem apenas uma fração das emissões da indústria marítima global — 323 cruzeiros contra 74.505 cargueiros — o setor segue sob críticas de reguladores. Por isso, políticos e ativistas intensificam a pressão para que a indústria limpe seu histórico ambiental

poluição de navios de cruzeiro na Europa.
Emissões de óxido de enxofre dos navios de cruzeiro (‘000 toneladas), 20 principais portos mais Veneza.

Veneza não ficou sozinha

Nos últimos anos, várias cidades europeias — como Palma de Maiorca, Marselha, Dubrovnik e Santorini — impuseram restrições à indústria de cruzeiros. Em Barcelona, a prefeita de esquerda Ada Colau liderou uma cruzada contra os navios e chegou a pressionar o governo regional catalão a limitar o número permitido no porto.

O jornal também ouviu Marie-Caroline Laurent, diretora-geral do grupo de cruzeiros CLIA. Ela afirmou que a indústria está ‘fortemente comprometida em melhorar sua sustentabilidade’ e garantiu que as empresas seguem os controles de emissões enquanto investem em tecnologia de carregamento em terra, para evitar a queima de combustível durante a estadia nos portos.

Mas fique claro que a Europa de forma geral está tomando medidas visando ordenar o turismo, diminuindo sua pegada social e ambiental.

Hidrogênio verde

A polêmica só deve terminar quando a indústria adotar combustíveis não poluentes. Segundo o Financial Times, Bryan Comer, chefe do programa marítimo do Conselho Internacional de Transporte Limpo, declarou que o setor precisa investir em novas fontes de energia, como o hidrogênio.

‘Na indústria de cruzeiros há espaço para aplicar essas tecnologias’, disse. ‘As empresas deveriam proteger as populações dos portos de escala, e não prejudicar seus habitantes.’

Vale lembrar que as cidades portuárias brasileiras também precisam refletir sobre as consequências, em vez de apenas disputar a chegada de mais navios de passageiros durante o verão.

Apesar da animação ter 10 anos ela mostra os problemas de poluição dos cruzeiros

Uso sustentável dos oceanos no currículo de escolas de Fortaleza, uma boa ideia.

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