Polo Petroquímico Capuava, o novo Vale da Morte em São Paulo?
Em 1954 a inauguração de uma refinaria de petróleo (Refinaria de Capuava – Recap) foi o início do complexo industrial que começava a ser erguido no Parque Capuava, em Santo André. Em 1972 veio a primeira petroquímica do País. Assim nascia o que agora conhecemos como Polo Petroquímico de Capuava. Hoje, o polo é formado por diversas empresas que atuam na cadeia do setor como indústrias químicas, plásticas, engarrafadoras de gás, etc, tornando-o um dos maiores complexos industriais do Brasil. Em 2014 o faturamento foi de nada menos que R$ 8,6 bilhões, e o Valor Adicionado Fiscal de R$ 2,2 bilhões, além de gerar 10 mil empregos formais, segundo o site abcdoabac.com.br. Acontece que este colosso está se tornando o novo Vale da Morte de São Paulo.
Polo Petroquímico Capuava, o novo Vale da Morte em SP?
‘O Grande ABC é uma região com forte vocação industrial e extrema relevância na economia brasileira, reconhecida como berço da indústria automotiva nacional iniciada na década de 1950 e pioneira na atividade petroquímica com a inauguração do Polo de Capuava em 1972 – primeiro do setor no País’.
Assim está escrito no site COFIP ABC, ou Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC. É verdade. Só que o site também diz que ‘é com foco na continuidade desse desenvolvimento sustentável que o COFIP ABC surge em 2015′.
E vai além. Nas crenças da COFIP está escrito: ‘Unidos e Integrados geramos mais Valor. O equilíbrio ambiental, a responsabilidade social e a efetividade econômica são fundamentais para a Criação de Valor’.
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A poluição é tão poderosa, faz tão mal à saúde, que inspirou o título do post que questiona: ‘seria o novo Vale da Morte em São Paulo?’
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Vale da Morte, entenda
Este foi o apelido macabro do vale de Cubatão, dado pelo pioneiro jornalista ambiental Randau Marques, do saudoso Jornal da Tarde, nos anos 80 do século passado.
Cubatão também abriga um polo petroquímico, siderúrgico, de fertilizantes e logística. E, nos anos 80 do século passado, a poluição brutal produzida era de tal forma pestífera aos cidadãos que moravam no entorno ao ponto de crianças nascerem com anencefalia (sem cérebro), além de provocar inúmeras doenças pulmonares aos, na época, 80 mil moradores.
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ONU declarou Cubatão o mais poluído município do mundo
A ONU se interessou e estudou Cubatão. Em seguida, declarou ser o município mais poluído do mundo, e usou o nome da cidade como exemplo a não ser copiado. Jornais como O New York Times e o Washington Post abriram espaço para o ‘Valley of Death’.
Havia chuva ácida na região, que praticamente matou a mata atlântica que cobria a serra do Mar na área de Cubatão. O ar era denso, mal cheiroso, e pestilento. ‘Dados da CETESB’, segundo o site Pensamento Verde, ‘ mostravam que 30 mil toneladas de poluentes eram lançados por mês na cidade’!
Peixes, pequenos animais, e pássaros morreram intoxicados. Crianças nasciam sem cérebro, doenças pulmonares afligiam milhares de pessoas. Começou a reação.
Faltam políticos com espírito público e vergonha na cara
Felizmente, na época havia governantes com espírito público e vergonha na cara. Muito, mas muito diferente dos atuais. Franco Montoro governava São Paulo. Ele se abriu para a ciência, aproximou-se de ambientalistas, uniu grupos, e agiu’.
A serra do Mar foi tombada como uma resposta oficial do Estado em razão daquela região especial que desabava sem vegetação. Ao mesmo tempo, as empresas do polo de Cubatão passaram a ser fiscalizadas e multadas.
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Havia forte apoio para a política ambiental de um governo apoiado pela mídia pelos cidadãos. Sementes de plantas e mudas de árvores eram lançadas de helicóptero sobre aquele pedaço da serra a cada período de tempo.
Não foi fácil. Demorou. Foi preciso lutar, fiscalizar e punir. Mas deu certo. Hoje, Cubatão, que ainda tem certos problemas, é um dos exemplos de como se pode mudar uma situação degradante com vontade política e bom senso.
Histórico dos problemas do Polo Petroquímico
Desde sua construção o polo tem provocado problemas ambientais. Se em 1954 havia pouca informação sobre estes problemas, muito menos soluções fáceis, hoje elas existem. A prova é o município de Cubatão do século 21, e o Vale da Morte do final do século 20.
Falta, entretanto, vontade política, espírito público, e vergonha na cara de certos empresários e governantes.
Rio Tamanduateí em estado crítico
Logo depois do inicio das operações do polo, o rio Tamanduateí (em tupi significa rio dos tamanduás verdadeiros) entrou em colapso como a maioria dos rios brasileiros. O rio, que foi ponto de lazer de três cidades, Santo André, São Caetano, e Mauá, está em estado crítico devido à poluição química e excesso de esgotos não tratados.
De acordo com o site Eco Debate, ‘nos anos 50, um desastre ambiental no Polo Petroquímico de Capuava, em Mauá, causou um sério reflexo na qualidade de suas águas. Estações de tratamento de Esgoto (ETEs) na região ainda não conseguiram eliminar o despejo inadvertido, que resulta em um rio doente’.
A poluição ambiental e o Polo Petroquímico
Estudo da Universidade Federal do ABC – Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas, abrangendo dados que vão de 2007 até 2017, mostra alguns dos aspectos da indústria petroquímica e suas consequências quando as questões ambientais são relevadas.
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Problemas de uma petroquímica
‘A indústria petroquímica é responsável pela produção de variados itens, tais como: plásticos, fertilizantes, solventes, borracha sintética e medicamentos. Esses produtos são obtidos a partir de matérias-primas básicas fornecidas pelas refinarias, tais como metano, etano, propano, benzeno, tolueno e xileno. Todas as etapas de produção do petróleo, desde a exploração ao refino, causam impactos ao meio ambiente’.
Refinaria da Petrobras de Capuava
‘Na divisa entre os municípios de Mauá e Santo André (SA), na Região do Grande ABC, encontra-se o Polo Petroquímico de Capuava, abrangendo a Refinaria da Petrobras de Capuava e um conjunto de 14 indústrias’.
A chegada dos moradores
‘Ao longo dos anos, os funcionários do polo foram fixando residência no seu entorno, gerando uma área residencial densamente ocupada, fato peculiar, uma vez que o polo é o único nacional com essa característica.’
Os problemas gerados pela poluição
Entre muitos, destacamos: ‘Os liquens coletados nas proximidades de indústrias e plantas petroquímicas apresentaram altas concentrações de metais (alguns pesados)’.
Risco de desenvolver tireoidites em moradores do entorno
‘Os autores encontraram maior prevalência e risco de desenvolver tireoidites e anticorpos antitireoidianos entre os moradores do entorno do complexo, quando comparados à região controle’.
Expressiva ocorrência de tireoidite crônica autoimune em residentes do entorno
‘Foi encontrada uma expressiva ocorrência de tireoidite crônica autoimune em residentes do entorno dessas plantas petroquímicas em comparação com os que moram nas vizinhanças das indústrias de aço, sugerindo que fatores ambientais poderiam agir como um gatilho externo para a formação do anticorpo tireoidiano’.
‘Os metais encontrados no material particulado indicam que as cidades do Grande ABC possuem uma tendência à poluição de origem industrial. A Tradescantia pallida acumulou metais pesados, com altas concentrações para Níquel e Cádmio’.
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CETESB multa Braskem e Petróleo S/A – RECAP
O coquetel venenoso expelido pelas empresas do Polo de Capuava criou sérios problemas de saúde aos moradores. Até que finalmente, em abril de 2021, a CETESB multou algumas delas, em especial a Braskem S.A, localizada em Santo André, e a Petróleo Brasileiro S/A – RECAP, em Mauá.
Braskem, ‘substâncias odoríferas químicas na atmosfera’
Segundo o site da CETESB, ‘A Braskem recebeu duas multas, no valor de 10.000 UFESPs cada, perfazendo o total de R$ 581.800,00. A primeira por emissão de substâncias odoríferas químicas na atmosfera, provenientes de suas instalações, perceptíveis fora dos limites de sua propriedade, atingindo diversos bairros da região’.
‘A segunda penalidade foi aplicada em razão de a empresa ter realizado a operação de paralisação da atividade de produtos petroquímicos em desacordo com sua licença de operação, causando a emissão de substâncias odoríficas na atmosfera’.
Petróleo S/A – RECAP
‘A RECAP recebeu uma multa de 10.000 UFESPs – R$ 290.900,00 – por emitir material particulado – fumaça preta – na atmosfera, oriunda do seu processo industrial, que foi sentida em bairros do entorno, ocasionando inconvenientes para comunidade local’.
‘Além das penalidades, as empresas foram notificadas da inclusão de uma nova exigência técnica para a continuidade de suas operações. Devem providenciar a instalação de câmeras para o monitoramento do “flare”, com filmagem ininterrupta, com o arquivo das imagens gravadas mantido à disposição da CETESB’.
‘De maneira cautelar, até decisão final ou implantação do novo sistema de monitoramento por câmeras, a empresa deverá efetuar o monitoramento semanal de suas potenciais fontes de poluição, informando para CETESB, imediatamente, eventuais desconformidades’.
Petrobras e Braskem, as duas maiores poluidoras, mas não as únicas
Curioso. As duas maiores poluidoras são ‘gigantes em faturamento’. E perfeitamente cientes de que seus ramos de atuação são de fato geradores de poluição. Basta apenas vontade para corrigir suas plantas, implantar filtros, rever seus processos para que cesse o descalabro.
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Constituição brasileira
O progresso e a geração de empregos e renda é perfeitamente compatível com um meio ambiente saudável no século 21.
Além do mais, diz o Art. 225 da Lei Maior: ‘Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações’.
Repetimos: meio ambiente ecologicamente equilibrado é essencial à sadia qualidade de vida!
R$ 16 bilhões de reais em contratos da Petrobras com a Braskem em 2021
Só em 2021, anuncia matéria do site CPG, ‘A Petrobras anunciou em fato relevante a celebração de novos contratos bilionários de longo prazo estimados em R$ 16,5 bi com a Braskem, para fornecimento de nafta e de etano e propano’.
Portanto, não é falta de dinheiro, mas de vergonha e ação contundente do poder público que parece omisso neste caso.
Ministério Público entra com ação em 2018
Em 2018 o Ministério Público entrou com ação cível pública contra o Polo Petroquímico Capuava. Mas como o Brasil é o Brasil, e a Justiça na terra de Macunaíma é mais lerda que uma tartaruga fossilizada, até hoje nada aconteceu. Os milhares de moradores continuam à mercê da brutal poluição.
O silêncio da grande imprensa
Vejam ao pé deste post a mídia abriu espaço para este escabroso assunto. Contudo, é lamentável a omissão da grande imprensa, razão pela qual este site, especializado no bioma marinho, fez ampla pesquisa, além de termos conversado com a pessoa que lidera a reação, a Dra. Ângela Zacarelli, antes de publicarmos este post. E ficaremos de olho, e em cima deste fato, até que seja resolvido.
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Audiência pública para discutir poluição
De acordo com matéria do g1, em abril de 2021, ‘os representantes do polo petroquímico disseram que não são responsáveis pelas doenças de moradores’. E, disse mais o g1, ‘a primeira audiência pública para discutir a emissão de poluentes no polo de Capuava aconteceu em 29/4/2021’.
A reunião foi convocada por vereadores, depois das reclamações de moradores que relataram casos de doenças na tireoide.
Apuração conjunta Câmara de Vereadores e CETESB
O g1 diz que ante a negativa dos representantes do Polo Petroquímico, ‘o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, vereador Alessandro Guedes (PT), disse que convidou a CETESB, e as Câmaras de Santo André e Mauá para fazer uma nova pesquisa’.
Alessandro Guedes falou ao g1: “ouvindo ambientalistas, ouvindo a CESTESB, ouvindo os próprios diretores do polo, passamos entender o que está acontecendo e procurar soluções. A nossa intenção é procurar soluções porque o emprego e o desenvolvimento gerado pelo polo é muito importante, mas que ele seja sustentável, que ele não agrida a saúde das pessoas e nem o meio ambiente.
O g1 acrescentou que ‘o complexo industrial funciona 24 horas. Moradores contam que o barulho, o cheiro forte e o desconforto pioram à noite’.
Cinco meses depois da ‘apuração conjunta’ e pouco aconteceu
Como o Brasil é o Brasil, cinco meses depois do anúncio de Alessandro Guedes, rigorosamente nada aconteceu. Contudo, depois foi aberta uma audiência pública.
Em setembro de 2021 o Diário do Grande ABC anunciava: ‘Cinco meses após vereadores planejarem a criação de comissão para acompanhar os problemas ocasionados pelo Polo Petroquímico de Capuava, que fica nas divisas de Santo André, Mauá e Capital, o bloco sequer foi oficializado’.
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O Mar Sem Fim ligou diversas vezes para o gabinete do vereador Alessandro Guedes, explicamos o motivo do contato, e deixamos e até o telefone. Queríamos saber o motivo pelo qual a comissão para acompanhar os problemas não passou de conversa fiada. Mas não conseguimos uma resposta.
Dra. Maria Ângela Zacarelli e as doenças provocadas pela poluição do Polo de Capuava
Ela é professora de endocrinologia da Faculdade de Medicina do ABC, tem mestrado e doutorado em Endocrinologia pela Universidade de São Paulo. E há anos denuncia os graves problemas de saúde que afetam moradores de São Mateus, Santo André, e Mauá.
Tireoidite de Hashimoto
Desde 1988 a dra. Ângela pesquisa os casos de tireoide na região. Ela descobriu que havia grande incidência de Tireoidite de Hashimoto, doença incurável que, se não tratada, leva ao coma e à morte.
Em crianças a doença pode provocar retardo mental e problemas de crescimento. A dra. Ângela não tem dúvidas de que a poluição oriunda do Polo é a causa da doença. Ela participou de estudos médicos que chegaram a esta conclusão.
Saiba mais sobre a tireoidite crônica autoimune
A dra. Ângela declarou ao site da gazeta São Mateus: “Quando iniciamos nosso trabalho aqui na região lá trás, encontramos uma doença que na ocasião nem era muito conhecida, a tireoidite crônica autoimune, que podemos simplificar para uma inflamação. A função da tireoide é produzir uma glândula essencial e a sua inflamação que é quando deixa de produzir não há possibilidade de remissão.”
‘O progresso tem que vir, mas tem que vir sem prejuízo do meio onde vivemos’
“Faz 28 anos que estou na região pesquisando e estudei a história da região, como foi sua ocupação e as consequências da interferência no meio ambiente que é um ponto muito importante. Percebi que a maioria dos casos detectados vinha das mesmas regiões onde, entre 1956 e 1989, a instalação das indústrias no país foi intensificada o que me levou, como a outros pesquisadores, a estudar o meio ambiente.”
E concluiu: “O ‘progresso tem que vir, mas tem que vir sem prejuízo do meio onde vivemos’. Estudamos o que produziam as indústrias, estudamos a respeito do petróleo e das indústrias químicas e os efeitos da poluição na região.”
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A emissão de organoclorados
“Durante todo esse período de estudos é natural que se saiba cada vez mais que a emissão de organoclorados, através da fumaça e fuligem das chaminés das indústrias do polo, levadas pelas correntes de ar vão se depositando por toda parte mais próxima, e são esses organoclorados que causam a doença. São milhares de organoclorados diferentes como resultado da produção, entre estes, muitos causadores de diversos tipos de doenças, entre estas, a que estamos abordando.”
Finalmente, em maio de 2022 iniciou-se uma CPI. Entretanto, até hoje continua o problema e a avassaladora poluição. Até quando?
Assista ao vídeo e saiba mais sobre a poluição, e as doenças causadas há mais de 30 anos; atenção ao depoimento da Dra. Ângela Zacarelli
Assista a este vídeo no YouTube
Imagem de abertura: Dra. Maria Ângela Zacarelli
Fontes: https://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/historia-poluicao-cubatao-cidade-deixou-vale-morte/;http://polocide.com.br/cubatao-o-polo-que-abastece-o-brasil/; https://cofipabc.com.br/conteudos.asp?ID=13; https://www.abcdoabc.com.br/santo-andre/noticia/santo-andre-completa-464-anos-polo-petroquimico-faz-parte-historia-47457; https://www.ecodebate.com.br/2018/02/02/saneamentoambiental-tamanduatei-um-rio-metropolitano-em-agonia-artigo-de-sucena-shkrada-resk/; https://enamb.eel.usp.br/system/files/2018/trabalho/186/enamb2018nascimentomartinellipechtaserra.pdf; https://cetesb.sp.gov.br/blog/2021/04/14/cetesb-multa-empresas-do-polo-petroquimico-capuava/; https://clickpetroleoegas.com.br/parada-de-manutencao-na-petroquimica-braskem-em-sp-demanda-vagas-de-emprego-para-todas-a-funcoes-neste-dia-04-de-marco/; https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/04/29/audiencia-publica-discute-emissao-de-poluentes-no-polo-petroquimico-em-sp-moradores-reclamam-de-doencas-na-tireoide-causadas-por-poluicao.ghtml; http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/sp-polo-petroquimico-em-area-urbana-densamente-habitada-emite-gases-que-podem-provocar-alteracoes-no-funcionamento-da-tireoide-afetando-particularmente-as-criancas/; https://www.dgabc.com.br/Noticia/3755922/apos-5-meses-comissao-sobre-polo-petroquimico-nao-sai-do-papel; https://www.gazetasaomateus.com.br/dra-maria-angela-zacarelli-fala-sobre-doencas-causadas-pela-poluicao-do-polo-petroquimico/.
Excelente matéria, e trabalho lindo da Dra. Ângela, porém, só DEUS tem poder para mudar isso, vejo que pela mão dos homens nunca deixará de ser o que é hoje, “O NOVO VALE DA MORTE”.
Durante muitos anos a região do ABC foi depósito de materiais químicos e biológicos, e nunca foi feito nada, lembro aqui do caso dos Prédios no Parque São Vicente em Mauá, carinhosamente apelidado de “CHERNOBYL” A a qual a COFAP que é ré por ter feito de depósito químico todo o terreno abaixo dos prédios e despejar todos os rejeitos neste mesmo terreno.
Moro nos prédios desde 1996 e também sinto a fuligem preta da Refinaria de CAPUAVA dentro de casa, no ar, em cima do carro, inclusive nas poucas árvores que temos nos prédios.
Infelizmente meus caros estamos sozinhos e nenhuma autoridade aqui da terra pode com essas empresas gigantescas.
Trata-se de relaxo das diretorias (todo o conjunto Petrobras é um grande cabide de emprego de executivos). A antiga Elclor faz parte do polo, sempre teve problemas com meio ambiente. era muito mais cuidadosa (mas jogava lixo em lixão, teve vários problemas, mas parece que de chaminés nunca teve. Claro que se trata de falta de equipamentos e manutenção dos existentes, colarinhos brancos só procuram o lucro. arioba
Realmente triste como o meio ambiente vem sendo degradado, na realidade o meio ambiente vem sendo tratado como um inimigo, quando na realidade trata-se de nossa galinha de ovos de ouro, estamos dando tiros nos próprios pés e não teremos como sair do lugar. Esta história de desenvolvimento sustentável é falácia pura!!!!
Trabalhei onze anos no chão de fábrica uma empresa que hoje é a maior fabricante de celulose do mundo e posso afirmar categoricamente que, por muitas vezes, a segurança e o meio ambiente são deixados de lado em prol da produção e das metas a serem batidas para não desagradar financeiramente os investidores.
Recurso para mitigar ou eliminar os problemas das plantas existe, assim como tecnologia também. O que falta é compromisso com a ética profissional, coragem para mudar a mentalidade ultrapassada do lucro acima de qualquer consequência.
excelente matéria e deveras importante! Durante décadas a omissão de governos, ministério público, órgãos ambientais etc é totalmente imperdoável,pois são medidas absolutamente viáveis, tanto economicamente como tecnicamente que poderiam mitigar este caos da morte,pois “…corrigir suas plantas, implantar filtros, rever seus processos…” é realmente no mínimo falta de caráter para não dizer outras coisas….
Conheço esse problema ha 60 anos. Minha irmã morava a dois quarteirões da Petroquímica Capuava.
Eu moro em Jundiaí-SP completamente diferente de lá. Mas, sempre que visitava minha irmã, cunhado e 4 sobrinhos sentia o problema. Mau cheiro e o ar todo poluido com fumaça. Mas o Culpado de tudo isso, chama-se POLÍTICA. Corrupção dos Políticos (Prefeito, governador, secretários do meio ambiente, fiscalização, Sabesp e outros orgãos de deveriam cuidar disso. Ha 60 anos (+ ou -) que existe o problema e ningém faz nada. (Esse é um dos muitos problemas do meu querido BRASIL.
Observação do site Mar Sem Fim:
No dia em que publicamos este post em nosso site e no Portal Estadão, recebemos o seguinte e-mail da agência de comunicação contratada pelo Polo Petroquímico de Capuava, SP4 Comunicação Corporativa, e assinado por Sueli Campo:
“Em relação à coluna publicada no blog Mar Sem Fim “Polo Petroquímico Capuava, novo Vale da Morte em SP?”, dia 17 de novembro, e replicada na home page do Estadão e nas redes sociais do jornal, segue (anexo) esclarecimento do Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP ABC).
Aproveitamos a oportunidade para convidá-lo, a qualquer momento, a fazer uma visita às instalações do Polo Petroquímico. As empresas associadas ao COFIP ABC estão de portas abertas para recebê-lo.”
Respondemos da seguinte forma:
Olá, Sueli, obrigado pelo convite. Aceitarei com prazer se o mesmo se estender à Dra. Maria Ângela Zacarelli.
Então poderemos, juntos, tentar compreender como é possível o apregoado ‘desenvolvimento sustentável’
’seguindo os mais rigorosos padrões estabelecidos nas legislações de saúde’ e ‘meio ambiente’, e ainda assim provocar nanismo, retardo mental em razão da brutal poluição; Tireoidite de Hashimoto (doença incurável que, se não tratada, leva ao coma e à morte), e tireoidite crônica autoimune.
Também seria oportuno descobrir porque Braskem e Petróleo S/A – RECAP foram multadas pela CETESB.
Durante esta visita, poderemos conversar sobre a transformação de Cubatão, em Vale da Morte no século 20, para Cubatão (sem a melancólica alcunha) do século 21; e debater quando o Polo Petroquímico de Capuava pretende seguir este belo e possível exemplo.
Porque, como diz nossa Lei Maior em seu artigo 225:
‘Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações’.
Atenciosamente,
João Lara Mesquita
Nos EUA ha um caso similar na Louisiana, no chamado “cancer alley” (vide referencia abaixo)
https://www.propublica.org/article/welcome-to-cancer-alley-where-toxic-air-is-about-to-get-worse
Como sempre, os lucros são privados e os prejuízos, socializados. A população deve pressionar os vereadores, deputados, Ministério Público para acabar com essa farra de negligência ambiental. Mesmo se não houvesse ninguém morando no entorno, não deveriam contaminar o meio-ambiente. Parabéns pela matéria, todas as coisas erradas tem que ser denunciadas e cobradas atitude dos responsáveis nos poderes, só assim o Brasil pode avançar e sair deste buraco.
João Lara Mesquita, na próxima vez que sair com seu barco enche os tanques dele com água, e depois escreva aqui na sua coluna o que achou da ideia. Se não estou enganado o Mar sem Fim deve levar uns 1.200 litros de diesel dependendo do percurso ida e volta que será feito. Talvez pareça que o meu comentário esteja em desalinho com o que a matéria aponta, mas se eu conheço o pólo petroquímico de Capuava (mais ou menos 10 km de onde moro) acho que não estou enganado. Os moradores próximos são afetados pelos inconvenientes da poluição, isso ninguém duvida, mas porque deixaram (os governos à época) que ali se instalassem? Vamos cobrar que todas as medidas possíveis sejam tomadas pra minimizar os malefícios, essa é uma iniciativa que devemos tomar, mas é bom lembrar que tudo sem seu preço e não adiante demonizar esse tipo de indústria se não podemos viver sem ela.
Para começar a conversa, Luiz, estou desembarcado há mais de cinco anos. Seu comentário é mais um destes chatos de plantão que parece não terem o que fazer. Eu não demonizei coisa alguma, um dos sub-títulos da matéria é ‘O progresso tem que vir, mas tem que vir sem prejuízo do meio onde vivemos’! Sou favorável à extração de petróleo off Shore, seria um cretino se não fosse, pesquise neste site antes de acusar e dizer bobagens. O que o post mostra, e que seu comentário sem sentido não aborda em profundidade preferindo sugerir que ‘demonizo’, é que dezenas de pessoas sofrem de nanismo, e retardo mental em razão da brutal poluição. Outros sofrem de Tireoidite de Hashimoto, doença incurável que, se não tratada, leva ao coma e à morte.E outras ainda, sofrem de tireoidite crônica autoimune! Culpa destas empresas caras-de-pau, tipo Braskem e Petróleo S/A – RECAP, que faturam num só contrato R$ 16 bilhões de reais! Mas, mesmo assim, relutam em instalar filtros, rever processos, e continuar seu trabalho SEM POLUIR! A prova, como disse no texto que vc parece ter pulado, é Cubatão. Vá cuidar de sua vida antes de por o dedo na cara dos outros! Estou pelas tampas com gente como você! Demonizei, isso sim, empresas como Braskem,Petróleo S/A – RECAP,e o poder público que não toma providências, não por outro motivo este disparate acontece há mais de 30 anos!
Lara, como sempre você insiste em debochar de quem não segue a sua linha de pensamento. Por que não uma resposta séria para quem tem ideias diferentes das suas? É muito mais uma atitude científica, coisa que passa longe das suas respostas e, pelo que vejo, longe da sua cabeça.
Prezada Natália: depois de anos sendo chamado de ‘ecoterrorista’, ‘comunista’ ou ‘esquerdista’ por fanáticos que se recusam a ver os fatos como são, perdi a paciência com este ‘comentarista’ a que a sra. se refere. Porque, apesar de minuciosamente explicado na matéria a ‘ressureição’ de Cubatão que no século passado era chamada de Vale da Morte, o polo petroquímico da baixada tomou vergonha, reviu seus processos, instalou filtros, etc, fez enfim o que o Polo de Capuava aparentemente se recusa a fazer. E as crianças que nasciam sem cérebro na baixada passaram a nascer saudáveis. Porque, insisto, é perfeitamente possível a existência de um polo petroquímico SEM POLUIÇÃO. Mas apesar disto estar explicado em detalhes, o missivista passa por cima de tudo para deturpar o que está escrito, afirmando que ‘demonizei esse tipo de indústria sem a qual não podemos viver’. É uma flagrante mentira! Não é isto que está escrito no post.
Para além disto, o missivista sugere que ‘sou contra o petróleo ou seu refino’, o que mostra que nunca leu meus textos, ou se o fez, fingiu que não. Já escrevi uma dezena de vezes nestas páginas, que ‘para um País pobre como o Brasil, com talvez a pior divisão de renda do planeta, ter petróleo é uma benção’. E deixei absolutamente claro que, a despeito deste ser um site ambiental especializado no bioma marinho, sou totalmente favorável à extração off Shore. Ou ao refino do petróleo. Mas, se for pra fazer, e este é o ponto, que seja bem-feito! Não, a esta poluição imensa que provoca nanismo!, retardo mental!; Tireoidite de Hashimoto (doença incurável que, se não tratada, leva ao coma e à morte)!; e outras doenças. Mas sobre isto não há uma palavra, seja no texto do missivista, seja no da senhora. Francamente, estou pelas tampas com comentários que procuram iludir, enganar, manipular. Este site não é o Face Book que não tem compromisso com a verdade, mas com lucros. Aqui, no site mar sem fim, ou os comentários acrescentam, ou não entram. E, se às vezes deixo entrar, é para demonstrar como fiz com a senhora e com ele que, aqui do outro lado, tem quem pense.
Que nojento! Tudo em prol do dinheiro! Lamentável que a falta de vergonha na cara nos trouxe tanta desgraça.
Matéria excelente! Falta mesmo, muita vergonha na cara de empresários e politicos! E, nfelizmente, até mesmo a imprensa que seria uma grande aliada nessa luta, nos decepciona!