Perigo no prato: moluscos de SC têm plástico e toxinas

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Perigo no prato: moluscos de SC têm plástico e toxinas

Segundo a Universidade Federal de Santa Catarina, (UFSC), campus de Itajaí, um estudo em andamento detectou microplásticos em ostras e mariscos produzidos no Estado. Os pesquisadores analisaram moluscos de dois polos importantes de cultivo: Penha e Bombinhas. O resultado assusta: todas as amostras estavam contaminadas. Em uma ostra, havia sete fragmentos de plástico. Em um mexilhão, 13.

Vale lembrar que Santa Catarina responde por 95% da produção nacional de moluscos. Por isso, o alerta é claro: é preciso muito cuidado ao consumir esses alimentos.

Moluscos.
Imagem, Universidade de York.

Os microplásticos nos oceanos

Mais um efeito colateral do nosso estilo de vida insustentável. Os oceanos enfrentam uma verdadeira pandemia de microplásticos — partículas minúsculas, invisíveis a olho nu.

Animais filtradores, como ostras e mariscos, ingerem essas partículas ao se alimentar. E, com isso, o plástico vai parar dentro do nosso prato.

Nenhum oceano escapou. Nem mesmo o Ártico. Os microplásticos já entraram na cadeia alimentar humana. O problema é tão grave que já foram encontrados até no sal de cozinha.

Um estudo europeu citado pela euronews. estimou que uma pessoa pode ingerir o equivalente a um cartão de crédito por semana. E não, isso não é exagero nem fake news.

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Cartão de crédito
Vai um à milanesa? Imagem, Euronews.

Comemos plástico todos os dias — e não é força de expressão

Estudos da Universidade Médica de Viena e do WWF indicam que uma pessoa pode ingerir até cinco gramas de microplástico por semana — o equivalente a um cartão de crédito. Isso acontece principalmente pela água potável e por alimentos como mariscos, que costumam ser consumidos inteiros.

O problema é que o plástico não se biodegrada. Ele apenas se fragmenta em partículas cada vez menores e se espalha por todo o planeta — do fundo dos oceanos ao nosso prato.

Além disso, as partículas ingeridas afetam o microbioma intestinal humano, com potenciais impactos à saúde ainda pouco compreendidos.

Produção de mexilhões em SC também está comprometida

A pesquisa da UFSC-Itajaí começou em fevereiro e deve durar um ano. Mas os resultados já preocupam. Em apenas três meses, os cientistas analisaram cerca de 60 amostras de ostras e mariscos cultivados em Penha e Bombinhas — e todas apresentaram microplásticos.

Não é um caso isolado. Um levantamento global, conduzido pela Hull York Medical School, no Reino Unido, analisou mais de 50 estudos entre 2014 e 2020. A conclusão: mexilhões, ostras e vieiras são os frutos do mar com maior contaminação por microplásticos. O motivo? Todos são animais filtradores — e o mar está saturado de partículas plásticas.

Segundo o professor Thiago Pereira Alves, que coordena o estudo catarinense, a pesquisa vai seguir ao longo das quatro estações para alertar a população. “Esses animais ingerem microplástico ao se alimentar. E isso está cada vez mais comum”, afirma.

Bon appétit!

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