Mar argentino: pesca ilegal gera perdas de até US$ 2,6 bilhões anuais
De acordo com a ONU a pesca ilegal é um dos principais contribuintes para que mais de 90% das unidades populacionais pesqueiras globais sejam totalmente exploradas, sobreexploradas ou esgotadas. Estima-se o seu valor entre US$ 10 e US$ 36,4 bilhões de dólares anualmente, representando entre 11 e 26 milhões de toneladas. Isso significa que a pesca ilegal é o terceiro crime mais lucrativo em matéria de recursos naturais, depois da madeira e da mineração. Os países pobres, ou em desenvolvimento, são os que mais sofrem. Relatório da Financial Transparency Coalition informa que a África concentra 48,9% dos navios industriais e semi-industriais identificados envolvidos na pesca ilegal. Contudo, no mar argentino, nosso vizinho, calculam-se as perdas em US$ 2,6 bilhões de dólares. É bom ficarmos de olho em nossa Zona Econômica Exclusiva.
A pesca ilegal no mundo
Um estudo publicado na ScienceAdvances ‘oferece uma avaliação global das ligações entre infrações relacionadas com a pesca observadas nos oceanos do mundo entre 2000 e 2020. Analisamos dados do maior repositório existente com 6.853 eventos que relatam infrações em 18 categorias relacionadas com a pesca, incluindo pesca ilegal, direitos humanos, abusos e contrabando. Concluímos que pelo menos 33% de todas as infrações registradas estão associadas a 450 embarcações industriais e 20 empresas originárias da China, da UE e de jurisdições de paraísos fiscais.’
‘Motivada pela elevada procura de marisco, pela procura de lucro e pela menor quantidade de peixe, a pesca ilegal representa cerca de 11 a 26 milhões de toneladas, representando um quarto dos 120 bilhões de dólares do valor global desembarcado da pesca.’
A China é uma grande predadora das ZEEs de países africanos e, mais recentemente, da América do Sul. Contudo, ela não está só. No Índico, a maior parte da predação vem de navios da Comunidade Europeia.
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Pesca ilegal na Argentina
O relatório “Redes suspeitas: descobrindo as empresas e indivíduos por trás da pesca ilegal no mundo” mostra que, das 10 principais empresas envolvidas na pesca ilegal, responsáveis por quase um quarto de todos os casos relatados, oito são chinesas.
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O relatório traz uma seção específica para a Argentina intitulada “Pesca ilegal não controlada”. “Considerando que as exportações anuais de vinho engarrafado foram de US$ 817 milhões em 2021, a pesca ilegal é mais que o dobro do tamanho da indústria vinícola argentina. A lula, principal alvo do país e espécie estratégica na cadeia alimentar e na biodiversidade, está causando um colapso em grande escala nos sistemas de vida marinha no Atlântico Sul”, afirmou a FTC.
Portanto, mesmo que nossa ZEE não seja a bola da vez, a prática prejudica a vida marinha em todo o Atlântico Sul, e isso nos diz respeito. Os chineses são tão caras-de-pau que tentaram até mesmo ter um polo pesqueiro em Rio Grande, RS.
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Pesca sem controle no Brasil diminui populações de recifes de coraisMarinha do Chile destaca submarino para vigiar pesca ilegalPesca ilegal se alastra como uma pandemiaDepois que descobriram os navios chineses em águas argentinas, muitos deles decidiram pescar a partir da milha 201. Segundo matéria do infobae, “As frotas que operam na milha 201 arvoram principalmente bandeiras da China e Taiwan, Coreia do Sul e Espanha.”
“Essas embarcações são posicionadas no limite externo com o objetivo de entrar na ZEE para pescar espécies como lula e camarão vermelho argentino. Muitas desligam seus sistemas de rastreamento por satélite por longos períodos, cruzando novamente a milha 200 em direção ao alto-mar quando estão detectadas pela guarda costeira.”
Por outro lado, dados da Marinha Argentina mencionam que durante anos uma média de 300 a 400 barcos pesqueiros entraram na ZEE para realizar atividades de pesca ilegal, entretanto recentemente o número aumentou para 500 embarcações.
Multas e até afundamento de um navio chinês
Numa tentativa pouco eficiente para cessar a ilegalidade na pesca da lula, a segunda maior do mundo em volume, em 2020 o Congresso argentino aprovou um novo sistema de multas com um mínimo de 300.000 dólares e um máximo de 1,75 milhões de dólares.
O esquema permite a captura e retenção do navio no porto até que seja efetuado o pagamento da multa. Desse modo, no ano da sua sanção a nova lei permitiu a captura de três navios e a cobrança de multas no valor de 2,91 milhões de dólares.
O relatório assegura que a média de sanções é de uma por ano, “uma fracção das centenas de navios que se estima operarem ilegalmente nas águas do país”. Antes, em 2016, a Argentina chegou a afundar um navio chinês.
Incidente no mar brasileiro
Na mesma época, um incidente no mar brasileiro mostrou até que ponto chegam os chineses. Um pesqueiro chinês chocou-se de propósito contra um barco brasileiro, a 100 milhas de Fernando de Noronha, portanto, em águas onde ele não deveria estar.
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Ambos pescavam atuns. O chinês, sabendo ser maior, sem avisar investiu contra o barco do Rio Grande do Norte abrindo um rombo no casco, a meia nau, que poderia tê-lo afundado. Por sorte, conseguiram retornar para o porto.
Não são apenas os chineses a dilapidar as águas argentinas
O relatório da Financial Transparency Coalition, na seção sobre a Argentina, informa que “Relativamente às nacionalidades dos beneficiários efetivos dos navios ilegais que identificamos, seis eram chineses, três da Coreia do Sul, dois da Espanha, um de Portugal e um do Japão, sendo quatro navios desconhecidos, embora provavelmente sejam chineses, dado que tinham bandeira desse país.”
Curiosamente, um destes navios, o Jing Hua 626, capturado pelas autoridades em 2018, pertence a uma empresa, a Yantai Beijing Deep-Ocean Fishery Company, propriedade de ninguém menos que o governo chinês.”
O Brasil tem uma imensa Zona Econômica Exclusiva com 3,5 milhões de quilômetros quadrados, a décima segunda em tamanho, e uma marinha que não tem recursos suficientes, como já informamos. Segundo o comandante da Força, almirante Marcos Sampaio Olsen, ‘dentro de cinco anos a MB vai ter que se desfazer de pelo menos 40% dos seus meios operativos’.
Ah, se os chineses e europeus souberem…
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