João Doria Jr. e Bruno Covas, vocês se consideram à altura de São Paulo?
João Doria Jr. e Bruno Covas. Ambos relativamente novos no cenário político; um é bem jovem, outro, ‘maduro’. Os dois sonham com altos voos políticos . Nada menos que a Presidência, e o governo do Estado mais importante da federação. Mas nenhum deles deixou uma obra administrativa de respeito. As ruas de São Paulo me lembram o Paris Dakar. Só ali peguei tantos buracos. A cidade é imunda, símbolo do abandono.
E Bruno Covas parece estar há milênios de distância do Covas avô, aquele político corajoso e sensível que ao ver o abaixo-assinado que organizamos em 1992, com assinatura de 10% dos paulistanos, não hesitou em ‘pegar’ o bastão que levantávamos da Companha pela Despoluição do Tietê. De lá para cá, foram investidos nada menos que 2,5 bilhões de dólares, na maior obra de saneamento do Brasil. Semanas atrás, Covas ‘comemorava’ o fato de São Paulo ter finalmente proibido canudinhos plásticos! Foi um dos últimos Estados a fazê-lo!
Está na hora de agir com ousadia, João Doria Jr. e Bruno Covas, São Paulo sempre conduziu!
Ah, que saudades de gente do calibre de um Franco Montoro. Aqueles eram tempos bons para o ambientalismo. Que gente progressista! Nos anos 80 Cubatão, há 40 km de São Paulo, era conhecida como ‘Vale da Morte’. O Brasil, horrorizado, soube que crianças que nasciam ali corriam o risco de virem ao mundo com anencefalia, ou seja, nasciam sem cérebro tamanha a poluição industrial (no período em que Cubatão era chamada de ‘Vale da Morte’, 37 crianças nasceram sem cérebro). Fumaça preta e amarela saía das chaminés de Cubatão dia e noite.
A ONU e Cubatão
A ONU apontou o município como ‘o mais poluído do mundo. “Na década de 1960, Cubatão contava com 18 grandes indústrias, sendo uma refinaria, uma siderúrgica, sete de fertilizantes e nove de produtos químicos. A construção delas aconteceu de forma indevida e invasiva ao meio ambiente. Em 15 anos cerca de 60 Km² de Mata Atlântica havia sofrido a degradação, formando uma clareira que podia ser vista por quem descesse a Serra do Mar.” Não havia, naquela época, o Licenciamento Ambiental. As empresas faziam o que queriam, como queriam…
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“O químico Osmar Gomes, gestor de projetos do Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema) da USP, se lembra de suas primeiras impressões quando chegou à cidade, em 1986.”
A qualidade do ar era bem ruim. Era difícil respirar e os olhos ficavam avermelhados. A condição que se encontrava na Serra do Mar me chamou atenção. Havia muitas áreas claras, muitas plantas sem folhas em função da chuva ácida. Sentíamos cheiro de amônia e se via muita fuligem nas ruas
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A mudança de Cubatão
Foi obra de visionários, agiam com ousadia. Montoro, pressionado, chamou a CETESB quando organizaram um plano de despoluição, obrigando as indústrias a se atualizarem, colocarem filtros, tratarem os rejeitos. Metas estabelecidas, população, engajada, a água dos rios do entorno era avaliada constantemente. Se ainda houvesse poluição, multas eram dadas. Segundo matéria do site www.bbc.com, “De acordo com a Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em Cubatão, as empresas do polo industrial investiram cerca de US$ 3 bilhões em medidas de controle e remediação da poluição entre 1983 e 2015.”
Dez anos depois…
Dez anos depois, Cubatão foi reconhecida na Conferência do Meio Ambiente da ONU, Eco-92, como símbolo de recuperação ambiental. Ou seja, quando se quer, se faz. Relembro este exemplo para que João Doria Jr. e Bruno Covas, se inspirem em paulistas ilustres que levavam a sério as questões ambientais. E não foram conduzidos, conduziram São Paulo na frente. Depois que o saudoso Jornal da Tarde publicou a foto da Serra do Mar cheia de veios, Montoro tombou a Serra em território paulista, gesto seguido pelo colega José Richa, na época governador do Paraná!
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De acordo com o www.worldatlas.com, Londres seria a mais sustentável, seguida por Estocolmo, Edinburgo, Singapura e Viena. “Em 2003, Londres introduziu impostos nos veículos que entravam na cidade central durante os fins de semana como um meio de desencorajar a superlotação dos carros. O governo implementou várias estratégias, incluindo um plano de qualidade do ar, redução de ruído e reciclagem de resíduos, entre outras políticas.
A cidade adotou ônibus diesel-elétricos para reduzir as emissões de carbono. Esses ônibus reduzem as emissões em 40%, o que ajuda a cidade a atingir sua meta de redução de 60% dos gases do efeito estufa até 2025 (Para 2050, Londres se propôs a ser zero de emissão de carbono).” Outro site fez um ranking das cidades mais sustentáveis, é o gbdmagazine.com que, além de confirmar Londres como uma das mais preparadas, cita Bogotá, na Colômbia.
Bogota, uma das cidades mais sustentáveis do mundo
Bogotá foi selecionada por impulsionar a eficiência de edifícios e cidades sustentáveis em todo o mundo. Projeto do programa BEA em 2016. Em preparação para os 18 milhões de colombianos que devem se mudar para as cidades até 2050. O país vem trabalhando para maximizar o uso da terra e eficiência energética, especialmente em áreas urbanas como Bogotá. Cristina Gamboa, diretora e CEO do Conselho de Construção Verde da Colômbia (Consejo Colombiano de Construcción Sostenible, CCCS), declarou…
Queremos que a cidade seja a mais compacta possível, mas também adaptável às mudanças climáticas e tão baixa quanto possível em termos de consumo
Alguns exemplos de cidades sustentáveis
Atenção João Doria Jr. e Bruno Covas, Boston se comprometeu a ser neutra em carbono até 2050. Austin Blackmon, chefe de Meio Ambiente, Energia e Espaço Aberto, diz que Boston está ativamente buscando iniciativas voltadas para engajar residentes e promover a sustentabilidade. Em 2017, o Conselho Americano para uma Economia de Energia Eficiente reconheceu Boston como a cidade mais eficiente em termos de energia nos EUA. Melbourne, Austrália, foi repetidamente nomeada a cidade mais habitável do mundo, de acordo com o Global Liveability Report 2017 da Economist. Os critérios usados para este sistema de classificação avaliam uma infinidade de fatores relacionados a estabilidade, saúde, cultura / meio ambiente, educação e infraestrutura.
São Paulo, à frente só de Nairobi e Manila
Matéria da National Geographic fala do Sustainable Cities Index, outro ranking das cidades mais sustentáveis. Assim se refere às cidades sul-americanas: “América do Sul. Suas cidades não pontuam bem no geral. Santiago e São Paulo são as cidades com melhor classificação geral, com pontuação de 30 e 31, respectivamente. No entanto, São Paulo tem uma pontuação baixa nas emissões de gases do efeito estufa, à frente apenas de Nairóbi e Manila.
Como se vê, estamos mal, muito mal. E onde andam João Doria Jr e Bruno Covas? Se alguém souber, avise este site…
São Paulo e a (des)mobilidade urbana
“Em 2015, os paulistanos passavam 1h44min apenas para ir e voltar do trabalho. No ano seguinte, a média aumentou para 2h01min. No total, 21% dos respondentes afirmou que leva entre 1h30min e 2h para ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa.” Como aceitar uma baixaria destas, pagando os impostos que pagamos? Onde estão João e Bruno, e até quando vão permitir esta baixaria?
João Doria Jr. e Bruno Covas, o que vocês têm feito por São Paulo?
Parece que vocês moram em outro planeta. As mudanças climáticas são assunto antigo, debatido, e ‘deglutido’ pela população. Os prejuízos provocados por eventos extremos tem estimativas recentes, apresentadas na COP 24, na Polônia, pela Germanwatch, que reúne dados climáticos, e socioeconômicos de 181 países. Segundo os alemães, as perdas anuais no Brasil passam de US$ 1,7 bilhão ao ano. Os eventos mais comuns são tempestades e inundações. E, então, vamos continuar parados, quer dizer, saltando nos buracos do asfalto da cidade?
São Paulo e o plástico
Pouco tempo atrás, os cientistas, preocupados com o estado deplorável dos oceanos, fizeram uma descoberta. Desde que o material foi inventado, na década de 50, apenas 9% de todo o plástico produzido foi reciclado. O resto está na natureza, no continente, ou no mar. O plástico não se desfaz. Não me venha falar em reciclagem de plástico, porque é quase impossível reciclar o material. Depois da macabra revelação, o mundo correu atrás do prejuízo.
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Dezenas de países proibiram o material, ou adotaram severas medidas contra o disparate. Até mesmo Ruanda proibiu a produção, venda, uso e importação de sacos plásticos desde 2008. E isso teve efeitos. Há 10 anos Ruanda proibiu a produção, venda, uso e importação de sacos e embalagens plásticas. Agora, o país é o mais limpo da África.” E Ruanda não foi o único país da África a adotar medidas assim. Desde de agosto de 2017, qualquer pessoa no Quênia que seja encontrado usando, produzindo ou vendendo uma sacola plástica, pode pegar até quatro anos de cadeia.
O que fez São Paulo, proibiu canudinhos? Só isso…Até a ONU entrou na luta contra o plástico, enquanto São Paulo se contenta em proibir canudinhos…
Exemplos para João Doria Jr. e Bruno Covas
São Francisco, por exemplo, proibiu a venda de garrafas plásticas pequenas. Ninguém morre de sede por tomar água em garrafas grandes. Com esta medida, São Francisco se livrou de um dos muitos tipos de plástico. A União Européia acaba de marcar data para o banimento de todo o plástico de uso único, uma ótima ideia, já seguida por outros países e cidades progressistas. Imagine quantos copos, xícaras de café, pratos e talheres, etc, são usados por dia nas repartições públicas, escolas, e consultórios médicos estaduais e municipais de uma cidade do porte da nossa? Milhões.
Que nossos políticos acordem se quiserem seguir suas carreiras com brilho.
Imagem de abertura: veja.abril.com.br.
Fontes: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39204054; https://gbdmagazine.com/2018/most-sustainable-cities/; https://www.worldatlas.com/articles/the-world-s-most-sustainable-cities.htm; https://administradores.com.br/noticias/paulistanos-gastam-2-horas-para-ir-e-voltar-do-local-de-trabalho;
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