Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, um exemplo a ser seguido
Exemplos são feitos para serem seguidos, gerarem cópias. Quem define é dicionário: “o que pode ser imitado: padrão, paradigma, modelo.” O dicionário não explica, mas é papel da imprensa destacar estes exemplos para que a ideia gere frutos. Sociedades são feitas assim. No mundo de hoje, onde centenas de empresas se dizem verdes em busca de simpatia de consumidores, uma se destaca. Ela raramente apela diretamente aos consumidores. No entanto, tem motivos para fazê-lo. Criou a mais eficiente e eficaz organização de interesse público sem fins lucrativos voltada ao meio ambiente: a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
“A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, principal expressão do investimento social privado do Grupo O Boticário. Ela nasceu em 1990 para contribuir com a conservação da natureza do Brasil.
O site da Fundação explica: “O apoio a projetos foi a primeira iniciativa da Fundação Grupo Boticário e vem apresentando resultados positivos para a conservação há mais de duas décadas.”
A Fundação tem como diretor-presidente Artur Grynbaum, Presidente do Grupo Boticário, é administrador com especialização em Finanças. E Malu Nunes, mestre em Conservação da Natureza pela Universidade Federal do Paraná e especialista em Manejo de Áreas Protegidas pela Colorado State University, dos Estados Unidos, diretora Executiva.
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“Ao todo, foram apoiadas 1.583 iniciativas em todo o país… A partir desses projetos, 176 novas espécies foram descritas, 269 espécies ameaçadas de extinção foram estudadas. E 537 unidades de conservação foram beneficiadas, resultando em impactos concretos para a proteção da biodiversidade.”
Os tipos de projetos apoiados pela Fundação
Atualmente, são quatro modalidades de apoio: o Edital de Apoio a Projetos, vigente desde o início dos anos 90 e direcionado a todas as regiões do país. O Edital Biodiversidade do Paraná, em parceria com a Fundação Araucária, voltado para projetos de instituições paranaenses que visem à conservação de espécies e ecossistemas do Paraná e áreas limítrofes.
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O Apoio a Programas, linha de financiamento para apoio a ações de médio a longo prazos, objetivando resultados em conservação e políticas públicas com maior impacto. E o Programa de Pesquisa nas Reservas, destinado a pesquisadores que desejam desenvolver estudos nas Reservas Naturais Salto Morato e Serra do Tombador.
Reservas Particulares do Patrimônio Natural mantidas pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
“A instituição mantém duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural, por meio das quais protege mais de 11 mil hectares dos dois biomas mais ameaçados do Brasil: Mata Atlântica (Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba, litoral do Paraná), e Cerrado (Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante, interior do Goiás).
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1% do faturamento de O Boticário vai para a Fundação
O Grupo Boticário destina 1% do faturamento, não do lucro, para sua Fundação. Começam aí os ‘paradigmas’. Destinar parte do lucro para ações sociais é quase obrigatório nestes tempos bicudos. 1% do faturamento, não. É algo muito raro. E Boticário não é uma empresa qualquer.
“Fundada em 1977, em Curitiba, pelo boliviano Miguel Krigsner, a empresa é líder mundial em franquias de cosméticos.” E está no Brasil, onde “o mercado de beleza é o que mais cresce no mundo”.
A revista Exame declarou que “nenhuma empresa do setor cresce tanto quanto o Boticário.” Imagine o que isto significa para a Fundação para o meio ambiente que criaram. Miguel, o visionário boliviano, quase não aparece. Seu nome jamais frequentou colunas sociais. Discreto, Krigsner parece preferir a companhia de seus pares na empresa, ou de ambientalistas, alguns dos mais notáveis do Brasil, que convidou para serem membros do conselho de sua fundação.
O Conselho da Fundação Grupo Boticário de Proteção À Natureza
Conheci a ação do Boticário recentemente. Já tinha ouvido algumas coisas, mas não tinha noção da quantidade, e qualidade. Quando iniciei a segunda temporada de Mar Sem Fim, TV Cultura (2014 – 2016), em cada Unidade de Conservação visitada eu via o dedo da Fundação: algum biólogo desenvolvendo estudos sobre um tipo de golfinho ameaçado de extinção, a toninha; ou a proteção do mico leão dourado.
Curiosamente, estas ações eram sempre o que havia de melhor nas abandonadas UCs Federais do bioma marinho.
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Os programas de TV na costa brasileira
Os programas de TV da série que produzi me obrigavam a entrevistar todos os envolvidos em cada unidade de conservação. Eu ouvia o chefe da UC, e auxiliares, nas poucas vezes que havia. E sempre procurava pesquisadores em campo, e a população no entorno.
Assim, conheci alguns dos melhores trabalhos na costa brasileira. Do Rio Grande do Sul até o Amapá. Todos patrocinados pela Fundação. Seu conselho, disse-me o ícone do ambientalismo, Maria Tereza Jorge Pádua, ‘reuniu o que de melhor existia’, com pessoas como o Almirante Ibsen de Gusmão (já falecido), Miguel Milano, ela própria, e outras iminências.
Como age o Conselho Fundação
Ao longo da série de TV, entre uma viagem e outra, entrevistei Maria Tereza Jorge Pádua que, junto com o Almirante Ibsen de Gusmão, criou o Primeiro Parque Nacional Marinho, o Atol das Rocas, em 1979.
Queria ter seu depoimento dos tempos heróicos, dos primórdios da conservação, que contavam com nomes como os já citados acrescidos de um Paulo Nogueira Neto. E sapequei: “Quem é exemplo no país?”. Sem titubeio, Maria Tereza respondeu: “A Fundação Grupo O Boticário.”
Como funciona a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Os conselheiros da fundação definem editais a serem publicados. E seguida os divulgam, convocando os interessados para que se inscrevam. Depois disso, o conselho decide quem leva a verba, e por quanto tempo. Às vezes financiam parte do projeto, às vezes, o projeto completo.
E, Miguel? indaguei…
“Não diz uma palavra. Aceita cem por cento nossas decisões.”
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Atualmente são conselheiros da Fundação o próprio Miguel Krigsner, presidente; e Alexandre Mansur, Ariel Scheffer da Silva, Eladio Lecey, Fábio Olmos, José Alexandre Felizola Diniz Filho, Marcelo Buzaglo Dantas, Arthur Igreja e Fábio Scarano.
Novas ações da fundação a partir de 2019 e 2020
“Em 2019, três iniciativas alinhadas com este propósito foram lançadas: O Movimento Viva Água, voltado a promover a transformação da realidade socioeconômica e ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Miringuava (São José dos Pinhais/PR), por meio de ações que contribuam para a segurança hídrica da Região Metropolitana de Curitiba.”
“O Programa Natureza Empreendedora, com o propósito de apoiar e fortalecer empreendedores e negócios que atuam de forma a gerar impacto positivo na conservação da Grande Reserva Mata Atlântica.”
“E a Rede de Investimento de Impacto em Conservação da Natureza, com o objetivo de influenciar e engajar investidores na pauta dos negócios com este propósito.
Ëm 2020, a Teia: soluções para a proteção da natureza coloca-se como o novo formato de apoio financeiro às iniciativas que têm como objetivo a conservação da natureza. Serão diferentes oportunidades ao longo do ano, com formatos e temas distintos para que mais pessoas trabalhem juntas em práticas de conservação da natureza que contribuam com os principais desafios da economia e da sociedade.
Encontro com Miguel Krigsner
Era 2007, eu corria empresas, mais uma vez atrás de patrocínio. Estava no final da primeira série. E bati na porta, entre outros, de Miguel. Miguel me recebeu. Depois de um bate-papo sobre questões ambientais, fui direto: patrocínio para a TV. … Não era o foco deles, explicou, mas colocar a verba a serviço de pesquisadores. Talvez, mais tarde um livro, citou. Fui embora feliz por ter encontrado um empresário tão importante sem qualquer empáfia, tão empolgado pela Fundação, zelando por sua missão.
Segunda temporada da série Mar Sem Fim
Em 2014, nova rodada de visitas a empresas. Eu tinha pressa em registrar todas as UCs federais do bioma marinho, precisava patrocínio. Procurei a direção da Fundação, Malu Nunes.E saí com patrocínio até o final, em 2016.
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Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação
O Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação é outra excelente iniciativa da Fundação. Trata-se de uma reunião anual do que existe de melhor em termos de pessoas envolvidas com a conservação. De todos os credos e cores, sem distinção. Um congraçamento onde discute-se privatização, ao lado de propostas socioambientais, numa prova da maturidade que deveria permear nosso convívio.
Parabéns ao grupo Boticário
Que venham outros. Há muito o Mar Sem Fim cita o exemplo desta empresa. Desde que visitei a Reserva Particular do Patrimônio Natural Salto Morato, uma das muitas UCs federais marinhas, em Guaraqueçaba, litoral norte do Paraná, mantida pela Fundação Boticário. Fiquei de queixo caído. Era o terceiro estado que visitava, e já estava farto de ver UCs no papel, sem funcionários, equipes ou equipamentos. Mas não em Salto Morato. Que belo exemplo na costa brasileira, outro ‘paradigma’. Vale a pena a visita. Salto Morato é um exemplo de excelência entre as unidades de conservação do bioma marinho.
Assista ao vídeo sobre Salto Morato mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, e programe sua visita:
Nós consumidores temos obrigação de fazer nossa parte, tanto quanto a indústria. Ao ir às compras, dê preferência. É o que podemos, e devemos fazer.
Fontes: http://relatoweb.com.br/boticario/15/fundacao-grupo-boticario.php; https://www.sinonimos.com.br/exemplo/; https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-boticario-e-a-empresa-certa-no-pais-certo/; https://exame.com/esg/krigsner-do-boticario-o-brasil-precisa-perceber-o-valor-de-preservar/?fbclid=IwAR3BmED7w3vDpnqV-dO6WhDL8RByEDjEfz5PtaRrDLBNttAPgnoXLgN7ptA.