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Espécies invasivas e seus muitos problemas

Espécies invasivas e seus muitos problemas: conheça o caso do caranguejo Stalin

Nos anos 1960, durante o auge do poder soviético, a Rússia decidiu transferir milhares de caranguejos do Extremo Oriente para o Mar de Barents, no Ártico. O objetivo: impulsionar a pesca comercial do crustáceo, então apelidado de “caranguejo Stalin”. Os russos mal sabiam que estavam introduzindo uma espécie invasiva que lhes traria inúmeros problemas.

A ideia parecia promissora. Mas, ao mover a espécie de um oceano a outro, os soviéticos criaram um problema ecológico sem precedentes. O caranguejo se adaptou com facilidade, se espalhou descontroladamente e passou a ameaçar os ecossistemas marinhos locais.

O que era para ser uma solução econômica virou mais um exemplo clássico de introdução mal planejada de espécie invasora — com efeitos que ainda persistem hoje no Ártico europeu.

Os russos transferiram os caranguejos do Leste para o Oeste na região do Mar de Barents

Meio século depois: o que era solução virou problema

Cinquenta anos após a introdução, os caranguejos exóticos tomaram conta do Mar de Barents. Sem predadores naturais, multiplicaram-se aos milhões — como sempre ocorre com espécies invasivas.

No fundo do mar, devoram tudo: peixes, estrelas-do-mar, moluscos. Pescadores locais entraram em pânico. Muitos já não conseguem mais manter sua atividade diante da invasão do predador.

O caranguejo de Stalin pode atingir até 12 quilos e ter dois metros de largura!

Avançando cerca de 15 quilômetros por dia, os caranguejos cruzaram fronteiras e começaram a ocupar o litoral de outros países do norte da Europa.

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Uma pesquisa recente estima que os prejuízos causados por espécies invasivas aquáticas somam mais de 345 bilhões de dólares desde a década de 1970.

A parte vermelha assinala a marcha do caranguejo Stalin desde o litoral russo até o estreito de Gibraltar.

Introdução de espécies invasivas: um problema global

Segundo os cientistas, a maior causa da perda de biodiversidade no mundo é a destruição de habitats. A segunda é a introdução de espécies invasivas. Sem predadores naturais, essas espécies se multiplicam rapidamente e ocupam o espaço da fauna nativa.

Para o Smithsonian Magazine, as espécies invasoras causam prejuízos de 40 bilhões de dólares por ano só nos Estados Unidos, principalmente por danos a plantações e florestas.

Apesar dos números alarmantes, ainda não se sabe o custo global dessas invasões. A maioria dos estudos se concentra em casos isolados, geralmente limitados a um único país.

Impactos vão além do meio ambiente

Nem sempre os danos são apenas ecológicos. Ao pesquisar sobre o alarde provocado pela descoberta de um pirarucu— peixe amazônico — em um rio da Flórida, encontramos outro dado revelador.

Segundo o site oficial do governo do Maine, nos Estados Unidos, espécies invasivas afetam não apenas o meio ambiente, mas também a saúde pública e a economia.

O site afirma que os custos diretos e indiretos somam mais de 100 bilhões de dólares por ano no país — valor ainda maior que o estimado pela Smithsonian Magazine. A discrepância entre as fontes mostra como falta padronização nas métricas, e como o problema é mais amplo e grave do que se imagina.

Problemas no Brasil

No Brasil, alguns casos chamam atenção. Um deles é o mexilhão dourado, que chegou ao país na água de lastro de navios vindos da Ásia. Primeiro tomou o Lago Guaíba. Depois avançou pelos rios da Argentina e do Brasil, inclusive o São Francisco, e agora ameaça chegar à Amazônia.

Outro exemplo grave é o peixe-leão, originário do Indo-Pacífico, que já foi registrado em quase todo o mar brasileiro. Bonito, venenoso e voraz, ele representa sério risco aos recifes brasileiros. E ainda temos o coral-sol e, mais recentemente, o mexilhão-verde, entre outros.

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O recado é claro: isso é o que acontece quando se ignora a fragilidade dos ecossistemas marinhos.

Assista ao vídeo.

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