Começa o turismo de base comunitária em Castelhanos, Ilhabela

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Começa o turismo de base comunitária em Castelhanos, Ilhabela

Quem gosta de natureza em estado mais puro vai se encantar. Em vez da massa de concreto que cobre o lado de Ilhabela voltado para São Sebastião, o lado oposto, de frente para o mar aberto, mantém ampla cobertura de Mata Atlântica. Ali, caiçaras e seus descendentes vivem há gerações. Eles fazem parte das hoje valorizadas populações tradicionais. Os caiçaras aprenderam algo que insistimos em ignorar: é possível ocupar o litoral sem destruir a paisagem nem os ecossistemas mais importantes. Eles sobrevivem graças a eles. Agora, os nativos poderão contar com outra fonte de renda alem da pesca enquanto turistas não viciados pelos ‘paraísos de concreto’  poderão ter uma ideia de como era Ilhabela antes do ‘progresso’.  Está aberta a temporada de turismo de base comunitária em Castelhanos, Ilhabela.

Castelhanos onde se desenvolve o turismo de base comunitária em Ilhabela
A praia de Castelhanos onde se desenvolve o turismo de base comunitária em Ilhabela

Turismo em Castelhanos

Se prefeitos de cidades costeiras tivessem preparo e seriedade, hoje promoveriam o turismo de base comunitária. Esse modelo agride menos o que já falta no litoral: a geografia original, a fauna e a flora. Ao mesmo tempo, ele ajuda a tirar da miséria milhares de moradores tradicionais, que hoje mal sobrevivem em meio aos escombros da especulação imobiliária.

Talvez aí esteja o problema. O turismo de base comunitária coloca o dinheiro direto na conta dos moradores nativos, e não na das “autoridades” que tantas vezes estimulam a especulação imobiliária.

Santa Catarina representa o exemplo mais escancarado dessa aberração. Ilhabela também segue o mesmo caminho nos últimos anos, como mostra este documentário.

praia de Castelhano onde se desenvolve o turismo de base comunitária
Quem sabe eles nos ensinem a ocupar sem estragar.

Uma alternativa ao turismo de massa

O TBC de Castê superou estes percalços e segue em frente. O projeto mantém um site completo. Ele conta também com o apoio da Associação Castelhanos Vive. Juntos, oferecem uma alternativa ao turismo de massa. A proposta vai além de sol, praia e mar. Ela convida o visitante a viajar pelo espaço e pelo tempo. O roteiro apresenta a história do local. Mostra os saberes e os fazeres caiçaras. Tudo isso em um território de beleza natural rara, que abriga seis comunidades tradicionais.

O TBC de Castê nasce das mãos dos moradores. Eles constroem e gerenciam o projeto. O turismo gera renda e trabalho justo, incentiva a permanência dos jovens no território. E, sobretudo, fortalece a autonomia dos caiçaras. Ao mesmo tempo, preserva a natureza.

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descendo a canoa na praia de Castelhanos
A tradição do trabalho em mutirão.

Segundo o site do projeto, o Turismo de Base Comunitária de Castelhanos surgiu em 2017. Caiçaras da Baía de Castelhanos lideraram a iniciativa, com apoio da Associação Castelhanos Vive. O projeto integra um movimento maior de reafirmação da cultura caiçara. Esse processo começou com a luta das Comunidades Tradicionais de Ilhabela e da sociedade civil contra grandes empreendimentos que ameaçavam diretamente a população local.

A atividade é duplamente bem-vinda especialmente agora quando Ilhabela ficou no último lugar do ranking de turismo de 2025 entre as 78 estâncias balneárias do Estado.

‘Castelhanos de verdade’

Esse é o lema do grupo de Turismo de Base Comunitária de Castelhanos, que busca promover seu jeito de fazer turismo.

Para isso, o TBC de Castê oferece inúmeras experiências (clique nos links). Trilhas para praias, cachoeiras, ruínas e mirantes guiadas por quem conhece cada pedaço desse chão. Outra opção são Oficinas como as de rede de pesca, farinha e biojoias ministradas por quem herdou saberes de gerações.

A baía de Castelhanos
Mesmo depois de séculos de ocupação a paisagem e a os ecossistemas foram mantidos.

Mas ainda há passeios de barco e canoas e visita ao cerco de pesca, com quem se sustenta em harmonia com o mar; refeições com peixe fresco e ingredientes da horta, servidas nas varandas e quintais com o sabor de um modo de vida.

As hospedagens oferecem a mais rica simplicidade de pernoitar cercado de natureza e paz; além de roteiros de 1, 2 ou 3 dias que reúnem um conjunto de atividades, alguns voltados a grupos e escolas, que podem realizar ali um belíssimo Estudo do Meio em qualquer época do ano.

O turismo de base comunitária no litoral do Brasil

O turismo de base comunitária merecia mais destaque na mídia para, quem sabe,  mostrar aos prefeitos que nem só de caviar vivem os turistas. Mas somos colonizados demais para tanta ousadia. Assim, a modalidade ainda é pouco valorizada no País.

loja de artesanatato de Castelhanos
Imagem, TBC de Castê.

Em São Paulo, além de Ilhabela, há outras possibilidade em Bertioga, Caraguatatuba, São Sebastião, e Ubatuba, que você pode conhecer melhor com a ajuda deste link. No Nordeste, existe a Rede Tucum, uma iniciativa de comunidades tradicionais costeiras do Estado do Ceará. Finalmente, no litoral sul de São Paulo, região mais rica em biodiversidade e mais preservada do País, o Lagamar,  o turismo de base comunitária já é uma realidade faz tempo. É um prazer ver o desenvolvimento das comunidade sem corromper suas tradições e o meio ambiente.

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