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Cleópatra e o palácio submerso, você conhece?

Cleópatra e o palácio submerso, você conhece?

Acima de tudo, os avanços da tecnologia têm permitido fantásticas descobertas submarinas, entre elas, navios romanos e bizantinos, além de tesouros formados por moedas de ouro; daí, para a única caverna submersa da Idade da Pedra ou o Endurance, de Shackleton, recém-descoberto, a 3 km de profundidade na Antártica. A princípio, tornaram-se possíveis graças ao avanço da arqueologia submarina que contribuiu  para reescrevermos a história do ser humano no planeta. Agora, comentamos a descoberta da ‘Atlântida Egípcia’ pelo arqueólogo Franck Goddio em 1996 o, espetacular, Palácio Submerso de Cleópatra.

estátua do palácio de Clópatra
Estátua encontrada dentro do palácio pelo arqueólogo francês Franck Goddio. Imagem, Jérôme Delafosse.

Breve pincelada sobre a vida da protagonista

Antes de mais nada, “Uma das mulheres mais famosas que já existiram Cleópatra VII (69 a.C, 30 a.C) governou o Egito por 22 anos. Perdeu o reino uma vez, reconquistou-o, quase perdeu de novo, conquistou um império mas, finalmente, perdeu tudo.”

Antigo busto romano de Cleópatra VII usando uma faixa de diadema real sobre o cabelo; datado de meados do século I a.C (ou seja, na época de sua visita a Roma),  descoberto em uma vila ao longo da Via Appia. Está agora no Altes Museum, Berlim, na coleção Antikensammlung Berlin.

“Deusa em criança, rainha aos 18 anos, celebridade logo depois, em consequência, objeto de especulação e veneração intriga e lenda ao mesmo tempo.”

Gravura egípcia do Templo de Esna, dedicado ao deus carneiro Khnum. Imagem, history.uol.com.br.

Além disso, “No auge do poder controlava, praticamente, toda costa Oriental do Mediterrâneo o último grande reino de qualquer soberano egípcio. Em seguida,  durante breve instante deteve o destino do mundo ocidental nas mãos.”

“Teve um filho com um homem casado, três com outro, entretanto, morreu aos 39 anos uma geração antes do nascimento de Cristo.”

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(Por Stacy Schiff, prêmio Pulitzer em 2000; ganhadora do George Washington Book Prize, além, do Ambassador Book Award, hoje, colabora com o New York Times).

Uma expedição à procura do improvável

Cleópatra, por certo,  última faraó do Egito era filha de Ptolomeu XII, consequentemente, descendia de Ptolomeu I general grego-macedônio e companheiro de, ninguém menos, que outro ícone da história Alexandre, O Grande.

Além disso, governou o Egito durante 22 anos, contudo, foi a última. Depois de sua morte o país tornou-se província do Império Romano. Mas, durante os anos de ouro, que vida ela teve! Sedutora, flertou com algumas figuras máximas da História , entre elas, Júlio César com quem teve um filho, e Marco Antônio a quem deu três, para citar só dois.

Uma estatueta de Osíris e um modelo de barcaça processional para este deus do Egito. Imagem, www.makeheritagefun.com.

Cleópatra era capaz de ler em dez ou 12 línguas, assim como conduzir encontros diplomáticos na língua dos interlocutores, portanto, ‘uma erudita’, educada para o trono desde criança, segundo artigo de MARILIA MARASCIULO, ‘A lendária biblioteca de Alexandria, e o museu de mesmo nome eram literalmente seu quintal e ela, capaz de recitar de cor partes da Ilíada e da Odisseia, de Homero’.

Monumentos em homenagem a Cleópatra

Devido à influência não é estranho imaginar que muitos monumentos foram, por estes motivos, construídos em seu governo para representar seu poder, bem como, grandeza.

Partes de esculturas encontradas. Imagem, www.makeheritagefun.com.

Seu palácio ficava na cidade de Alexandria, então, capital do Egito. Enorme, como deveria ser, composto por vários edifícios construídos sobre pilares e estátuas. Mas, durante muito tempo acreditou-se perdido, nesse ínterim, teorias surgiram, aos montes, insinuando que terremotos, especialmente, maremotos teriam destruído suas estruturas.

A estátua de um sacerdote de Ísis segurando um Osíris-Canopus encontrada na ilha submersa de Antirhodos, no grande porto de Alexandria. A estátua de granito preto tem 1,22 metros de altura. Imagem, Christoph Gerigk.

Contudo, o arqueólogo  Franck Goddio encontrou algo que poderia colocar em dúvida a ideia ao  descobrir e traduzir textos escritos pelo antigo historiador Estrabão, então, se deu conta que, talvez, o tesouro ainda estivesse por aí.

Ísis, a deusa da navegação

Ísis, durante o período do Egito colonizado por gregos, ou seja, ao tempo de Cleópatra, era a deusa da navegação, da proteção de navios e embarcações. E, não nos esqueçamos, que o Egito foi a grande potência marítima da antiguidade

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As viagens de Cleópatra para Roma

Segundo Stacy Schiff, ‘Cleópatra não teria empreendido sua primeira travessia do Mediterrâneo por um motivo fútil. A viagem era arriscada em todos os momentos; em travessia semelhante, Herodes havia naufragado…Temos indícios que Cleópatra era marinheira nervosa’.

‘Presume-se, que tenha feito a travessia numa galera, muito provavelmente um esguio trirreme de velas quadradas de 120 pés (30 metros), dos quais,  havia muitos em sua frota…as embarcações reunidas eram visão extraordinária que não se via em Alexandria, havia, pelo menos uma geração’.

Assim, iniciou-se a expedição à procura do improvável. Mas, antes…

Conheça Franck Goddio

Demos um pulo no site do arqueólogo para melhor situar o leitor, assim, percebemos que  é uma espécie de Indiana Jones real. Eis o que selecionamos: Franck Goddio é pioneiro da arqueologia marítima moderna.

Neto de Eric de Bisschop (navegador, escritor, inventor do moderno catamarã e especialista em antigas rotas de navegação no Pacífico Sul), sobretudo, a paixão pelo mar e o desejo de viajar correm em suas veias.

Formou-se na École Nationale de la Statistique et de l’Administration Economique em Paris, realizou missões de aconselhamento econômico e financeiro, entre outras,  no Laos, Vietnã e Camboja para as Nações Unidas e, mais tarde, o Ministério das Relações Exteriores da França.

Um mergulhador cara a cara com uma esfinge feita de granito preto. Acredita-se que a face da esfinge represente Ptolomeu XII, pai de Cleópatra VII. A esfinge foi encontrada durante escavações no antigo porto de Alexandria. Imagem, Jérôme Delafosse.

No início da década de 1980, dedicou-se inteiramente à sua paixão, notadamente, a arqueologia subaquática, por isso, fundou o Institut Européen d’Archéologie Sous-Marine (IEASM) do qual é presidente.

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Os projetos mais ambiciosos de Franck são realizados na costa do Egito, especialmente, no porto leste de Alexandria e, também, na Baía de Aboukir (30 km a leste de Alexandria).

Mergulhadores da equipe de Goddio contemplam a estátua de um sacerdote carregando um Osíris-Canopus, e duas esfinges encontradas nas proximidades. As figuras foram limpas e reerguidas onde foram encontradas. Imagem, Christoph Gerigk.

Em 2000, a antiga cidade de Thonis-Heracleion (assista vídeo) e partes da cidade de Canopus foram descobertas na Baía de Aboukir, assim, a pesquisa continua em andamento até esta data.

Uma ilha na costa de Alexandria

Estrabão, historiador, descreveu a cidade de Alexandria e, para surpresa geral, uma ilha na costa da capital batizada  Antirhodos. Este seria o lar do enorme palácio de Cleópatra.

A partir de então, o pesquisador decidiu que encontraria o local perdido. Como diriam alguns: a ‘Atlântida egípcia’.

O Palácio Submerso de Cleópatra

Depois de 10 anos de planejamento, a equipe de Goddio começou a explorar a ilha perdida e submersa de Antirhodos, todavia,  não tardou para, guiada pelas descrições de historiadores, encontrar pistas.

Ruínas do porto também foram achadas.

Primeiro, acharam destroços de um antigo cargueiro de 30 metros de comprimento, contendo joias, grampos de cabelo, anéis e copos de vidro, entre outros.

Então, encontraram restos de um antigo cais com uma série de colunas gigantes, 7m de altura e 1.2m  de diâmetro,  feitas de granito vermelho, especialmente, decoradas com pinturas antigas – entrada magnífica!

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Em 1998, Goddio, finalmente, encontrou a cidade antiga e, assim, o espetacular palácio de Cleópatra.

Belezas escondidas por 2000 anos

Neste complexo, a equipe descobriu incríveis artefatos, entre muitos, moedas, cerâmica, vasos, bacias, estátuas, colunas, pisos de mármore, enfim, todo tipo de belezas que não eram vistas há quase 2000 anos.

Até agora, 20.000 objetos foram descobertos. Um dos achados mais impressionantes trazidos à superfície foi uma, de duas grandes esfinges de granito, guardando a entrada de um pequeno e inesperado templo dentro do  complexo do palácio.

Esta esfinge foi identificada por representar o pai de Cleópatra, Ptolomeu XII Autletes. Outros achados,  incluem uma estátua  grande da deusa egípcia Ísis, assim. como, uma gigantesca cabeça de pedra que se acredita ser de Cesário, filho de Cleópatra e seu amante Júlio César.

A equipe de Goddio, experiente e capaz, também encontrou a base de madeira do palácio de Cleópatra cuja datação em carbono é de aproximadamente 200 anos antes de seu nascimento, por isso, acredita-se que Cleópatra realmente herdou o palácio.

Por que o palácio de Cleópatra foi submerso?

Agora, cientistas acreditam que alguns séculos após o reinado (1400 anos atrás) houve um terrível terremoto e, em consequência, um enorme tsunami no Egito que atingiu a costa de Alexandria.

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Cabeça de mármore de Antonia Minor, mãe do imperador romano Cláudio. Foi encontrado no antigo porto de Alexandria. Imagem, Christoph Gerigk.

Este desastre natural, acreditam,  resultou no naufrágio da ilha de Antirhodos com o, outrora grande porto real, palácio e farol de Alexandria.

Hoje, você pode mergulhar na antiga Ilha de Antirohodos e observar o que resta do palácio de Cleópatra sob o mar de Alexandria.

Museu Nacional de Alexandria

No piso greco-romano, uma seção, especial, do museu é dedicada às recentes escavações no porto oriental de Alexandria e, também, na  baía de Aboukir feitas por Franck Goddio. Muitas, mostradas neste post estão atualmente lá.

Gizmodo.uol.com.br  ‘arqueólogos acreditam, especialmente, que o túmulo de Cleópatra foi submerso no Mediterrâneo durante um grande terremoto que atingiu Alexandria no século 4. Por outro lado, há quem tenha esperanças que a tumba da rainha esteja intacta e que, ainda, possa ser em breve revelada’.

Por último, no link a seguir você encontra o site de Franck Goddio com mais explicações, fotos e, até mesmo, vídeos. Vale cada minuto.

Sugestões do Mar Sem Fim

Agora, para quem quiser saber mais sobre a fantástica personagem da História seguem sugestões: Documentário O Palácio de Cleópatra, Discovery Channel, além, do delicioso livro Cleópatra – Uma Biografia, de Stacy Schiff, Ed. Zahar.

Assista ao vídeo e conheça mais sobre os achados de Franck Goddio

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Descubra a arqueologia submarina com Franck Goddio

Imagem de abertura: Jérôme Delafosse.

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