Baleias raríssimas reaparecem após cinco anos de procura
Desde 2020, Elizabeth Henderson, do Centro de Guerra de Informações Navais dos EUA, e colegas do México e dos EUA seguiam baleias que emitiam o pulso BW43. A equipe acreditava que fosse a baleia-de-bico-de-Perrin, nunca registrada viva. Eles voltaram ao mesmo ponto por três anos. Primeiro em um veleiro, depois em um barco de pesca. Em 2024, uniram-se à Oregon State University e navegaram em um navio de pesquisa equipado com hidrofones e binóculos de longo alcance. Assim, em junho de 2024, perto da Baja California, identificaram baleias raríssimas que ninguém tinha visto vivas: as baleias de bico de dentes de ginkgo (Mesoplodon ginkgodens).

Saiba mais sobre as baleias de bico
As baleias-bicudas, ou baleias de bico, pertencem à família Ziphiidae e fazem parte do grupo das baleias dentadas, como o cachalote. Por falar nas baleias dentadas, saiba que elas estão perigo também por serem vítimas de tiros de arma de fogo de pescadores inconsequentes. São animais de porte médio, com corpo aerodinâmico, sulcos em V na garganta e um “bico” bem marcado. Não têm crista dorsal, exibem barbatanas pequenas e uma barbatana dorsal bem atrás, o que melhora a eficiência nos mergulhos profundos. Os machos adultos de muitas espécies desenvolvem dentes grandes, parecidos com presas, que usam em disputas agressivas com outros machos.

Esses animais se alimentam principalmente de lulas, mas também capturam peixes e crustáceos das grandes profundidades. Eles usam a sucção para puxar as presas. Vivem em águas oceânicas profundas, muitas vezes longe da costa, o que dificulta os estudos. Algumas espécies, como a baleia-bicuda-de-Cuvier, vivem muitas décadas e podem chegar aos 60 anos.
Existem cerca de 24 espécies conhecidas de baleias-bicudas. Esta família é o segundo maior grupo de cetáceos depois dos golfinhos, e muitas espécies são pouco conhecidas porque vivem em águas profundas e abertas do oceano sendo difíceis de observar.
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Antes de prosseguir vale destacar o quão pouco sabemos sobre a vida marinha. É surpreendente que um animal de tamanho porte, cerca de uma tonelada, jamais tenha sido visto até 2024. E é mais uma prova do quanto ainda temos que aprender se tivermos tempo e não colocarmos tudo a perder em razão de nosso modo insustentável de viver.
Live Science ouviu Robert Pitman, afiliado do Instituto de Mamíferos Marinhos da Universidade Estadual de Oregon, que disse: As baleias de bico de dentes de ginkgo são os maiores animais menos conhecidos do planeta. É emocionante imaginar que ainda exista um animal com mais de uma tonelada que ninguém tinha identificado vivo na natureza’.
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Até hoje, essas baleias só apareciam mortas em praias ou presas de forma acidental em redes de pesca. Segundo a Live Science, a busca e posterior descoberta das criaturas esquivas foi provocada por uma gravação de um pulso de ecolocalização distinto no Pacífico Norte.
A procura começou em 2020
Desse modo, os pesquisadores começaram a procurar os animais responsáveis pelo misterioso sinal de sonar em 2020. Assim, em junho de 2024, eles identificaram uma única baleia de bico. Poucos dias após esse avistamento, a equipe encontrou um pequeno grupo de baleias, incluindo um macho adulto com cicatrizes de batalha e uma fêmea adulta com um filhote.
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Os pesquisadores publicaram suas descobertas na revista Marine Mammal Science. A principal autora do estudo, Elizabeth Henderson, pesquisadora bioacústica do Naval Information Warfare Center, Pacific, disse que as descobertas demonstraram os benefícios da determinação em não desistir.
‘Eu e algumas das outras pessoas nesta viagem (Gustavo Cardenas, Jay Barlow) passamos cinco anos procurando essas baleias; passamos todos os anos desde 2020 procurando em Baja para encontrá-las, e esse esforço e determinação valeram a pena com uma enorme recompensa’.









