Terceiro berçário de raias manta é descoberto no mundo, desta vez na Flórida
As raias manta, também conhecidas como jamantas no Brasil, são animais marinhos especiais a começar por sua forma e tamanho. O formato é o de um losango, e o tamanho impressiona. De uma ponta a outra, sua envergadura pode chegar aos oito metros e o peso atinge até duas toneladas. E é mais uma espécie em perigo de extinção no Brasil e no mundo. Seus maiores inimigos são a pesca incidental, quando o animal acaba preso pelas redes (às vezes anzóis) que visam outras espécies. Elas também são o deleite de mergulhadores. São animais dóceis que costumam interagir com mergulhadores. Agora temos uma boa notícia. Terceiro berçário de raias manta é descoberto.
Terceiro berçário de raias manta é descoberto
Em 2018 este site comemorou a descoberta de outro berçário de raias manta, desta vez no Golfo do México, ao largo da costa do Texas. Notícias como esta são motivo de comemoração porque ainda se faz poucas pesquisas nos mares. Elas em geral são caras e demoradas, e empolgam pouco o público. Outro dos três berçários descobertos fica na Indonésia.
As raias manta fazem parte da categoria ‘vulnerável’ da lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN – União Internacional pela Conservação da Natureza. O Brasil decretou a proibição a pesca de mantas desde 2013 embora isso não signifique muito.
De qualquer modo, a descoberta de um novo berçário é sempre bem-vinda. Os pesquisadores podem focar suas estratégias de conservação preservando os poucos espaços onde se reproduzem.
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De acordo com matéria da National Geographic, as mantas podem viver até 40 anos e só atingem a idade de reprodução a partir dos sete anos. Geralmente nasce apenas um filhote depois de 12 meses de gestação. Outra curiosidade é de que depois parir, ela tem que se resguardar por mais dois anos para poder cruzar novamente, então, realmente, não aguentam a pressão da pesca.
Ou seja, o processo de reprodução é lento, enquanto isso a pesca incidental varre os mares do planeta constantemente. Muitas são capturadas antes de atingirem a maturidade sexual, daí o perigo que correm.
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Trata-se de mais um tipo cartilaginoso e pelágico, ou seja, vive migrando na coluna d’água. Elas vivem nas regiões tropicais e subtropicais de todos os oceanos. Apesar de seu tamanho, alimentam-se de plânctons e pequenos peixes (zooplâncton) ao filtrarem a água do mar. Segundo o site da Oceana, há duas espécies, a raia manta gigante, e a raia de recifes, mais costeira.
Como curiosidade, as raias manta têm os maiores cérebros de todos os peixes estudados até agora. E, como parte de nosso desconhecimento da vida marinha, não se conhece a quantidade da população mundial da espécie.
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Mais uma vez, costumes antigos e arraigados são seus inimigos. As brânquias, espécie de ‘filamentos delicados e macios com os quais elas filtram seu alimento da água do mar’, como descreve a NG, ‘são vendidas para fins medicinais na China, onde movimentam um mercado anual de quase 11 milhões de dólares, apesar de não terem nenhuma aplicação histórica na medicina tradicional chinesa’.
Uma arraia manta oceânica madura rende até 7 quilos de guelras secas que, no varejo, são atingem até US$ 500 o quilo nos mercados da China.
Raias manta e o Brasil
Aqui existe o Projeto Mantas do Brasil que visa a ampliação do conhecimento e a preservação das maiores espécies de raia do mundo, em especial a espécie comprovadamente incidente no Brasil Manta birostris ou Mobula birostris.
Um dos projetos do grupo é o de ampliar os dados compilados no Banco Brasileiro de Mantas, base de dados cujo acervo foi iniciado com os registros históricos de avistamentos de Mobula birostris no litoral do estado de São Paulo e que se estendeu por todo o litoral brasileiro. Em São Paulo elas são vistas especialmente na Laje de Santos, onde fazem a festa dos mergulhadores.
Este é o futuro: o turismo de observação que cresce enormemente no mundo, gerando renda e empregos. Não por outro motivo, hoje é sabido que os tubarões valem mais vivos que mortos em razão desta modalidade de turismo.
Um estudo da ONG Oceana mostra que “o mergulho com tubarões gerou na Flórida, aproximadamente, US$ 221 milhões em 2016 (mais de US$ 300 milhões em 2018).
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De acordo com a Oceana “3.700 postos de trabalho no ramo do turismo gerados em torno do mergulho em zonas povoadas por tubarões foram fechados em 2016.”
Raias manta em Fernando de Noronha
O Mar Sem Fim conversou com Paula Romano, pesquisadora e coordenadora do Projeto Mantas do Brasil. Ela contou que há mais ou menos cinco anos estudam o animal em Fernando de Noronha. No início pensaram ter descoberto mais um berçário.
Hoje, segundo Paula, estão em contato com a Dra. Andrea Marshall principal cientista da Marine Megafauna Foundation e diretora de seu programa global de pesquisa com raias manta, e discutem a possibilidade das mantas de Noronha serem de uma terceira espécie.
Ainda não há certeza. Paula diz que conseguiram extrair o DNA da espécie de Noronha. Quando obtiverem o resultado saberemos se é de fato uma terceira espécie.
Segundo Paula, as raias manta também são vistas com frequência em todo o litoral da Bahia e, curiosamente em Paranaguá, na ilha das Peças, onde estas gigantes do mar saltam fora d’água o que é bastante incomum.
No banco de dados do projeto há registros de 176 animais já catalogados.
O novo berçário descoberto
O curioso é que apesar da espécie chamar a atenção dos pesquisadores por seu tamanho descomunal, e também pelo sucesso que faz nos mergulhos de observação, este novo berçário estava ‘bem debaixo do nariz dos cientistas na movimentada costa do sul da Flórida’, como diz a matéria do site goodnewsnetwork.org que nos inspirou a escrever.
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Segundo o site, ‘a área de criação foi descoberta depois que os cientistas observaram uma grande concentração de juvenis em um trecho de 58 milhas da costa de St. Lucie Inlet para Boynton Beach’. E prossegue: ‘Os hábitos de procriação do planador gracioso são quase inteiramente um mistério, por isso uma oportunidade de estudá-los perto de casa para os cientistas dos EUA é uma boa notícia’.
A bióloga marinha Jessica Pate, autora de um artigo sobre sua descoberta do viveiro da Flórida, lembra que seus locais preferidos de nascimento, tempo de vida, critérios de seleção de acasalamento e como elas dão à luz são pouco conhecidos.
Aprender como as mantas se reproduzem e viajam pode ajudar a ciência a formar diretrizes sobre como protegê-las da pesca excessiva e de ferimentos em contato com equipamentos de pesca.
O desafio da proteção ao berçário da Flórida
Jessica Pate: “Essas mantas estão vivendo no sul da Flórida com milhões de pessoas, protegê-las não será fácil. Mas, como elas estão diminuindo em todo o mundo, esta pode ser uma população importante para proteger a espécie.”
Assista ao vídeo da ONG Oceana e conheça mais sobre as raias manta
Imagem de abertura: National Geographic
Fontes: https://www.goodnewsnetwork.org/florida-manta-ray-nursery-discovered-by-jessica-pate/; http://wildaid.org/wp-content/uploads/2017/09/The-Global-Threat-to-Manta-and-Mobula-Rays-WEB.pdf; https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2018/06/raro-bercario-de-raias-mantas-descoberto.