Pesca elétrica, mais uma ‘contribuição’ para acabar de vez com a vida marinha
A matéria é baseada, entre outros, no site http://beachcam.meo.pt. A Comissão das Pescas do Parlamento Europeu votou a favor da utilização de pesca elétrica na Europa (2017). A votação ganhou com 23 votos contra 3. A técnica consiste na utilização de descargas elétricas para capturar os peixes.
Descargas elétricas para capturar os peixes: a nova ameaça
A técnica caça os peixes com impulsos elétricos, através da utilização de arrasto de vara, redes seguradas por uma estrutura rígida que consegue apanhar peixes. Neste caso a rede tradicional é substituída por uma rede elétrica. Para o diretor da ONG francesa Bloom, que lidera campanha contra a pesca elétrica, Frédéric Le Manach…
a técnica é muito eficaz, mas transforma o oceano num deserto
O drama da pesca no mundo
Antes de prosseguir com este ‘prodígio da tecnologia’, deixe-nos lembrar do drama da pesca no mundo. Este ‘drama’ reside no fato de que até bem pouco tempo, cerca de 80 anos, a pesca dependia das melhores marés, da lua certa, e de conhecimentos adquiridos por pescadores de pai para filho há seguidas gerações. Era assim por volta de 1940. Imediatamente após o final da Segunda Grande Guerra, em 1945, a tecnologia desenvolvida para o conflito ganhou o campo civil.
Invenções para derrotar o Reich aplicados na iniciativa privada
Os inventos ocidentais para derrotar o Reich foram aplicados na agricultura, aviação, previsão de tempo, na pesca, e outras atividades. Foi um salto enorme. De uma hora para a outra cardumes que antes eram descobertos pelo ‘faro’ de pescadores, passaram a ser encurralados por certeiros radares. As redes, até então puxadas a músculos humanos, portanto pequenas, passaram a ser enormes, uma vez que a frota estava equipada com guindastes hidráulicos.
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De 1950 para cá, os barcos de pesca foram emoldurados por uma tecnologia que os protege dos humores do mar; contém sonares, radares, e outras equipamentos que não dão a menor chance aos cardumes. Algumas redes chegam ao tamanho de seis aviões Jumbo!
O declínio inexorável da vida marinha
Começava o declínio inexorável da vida marinha. Não só pelos extraordinários avanços da tecnologia, mas pelos problemas ambientais que surgiram com a superpopulação mundial. Entre eles a brutal poluição, a sobrepesca, o aquecimento global que mata ecossistemas marinhos, e acidificação da água do mar.
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Inteligência Artificial tem alto custo ambientalGrécia proibirá pesca arrasto de fundo em áreas marinhas protegidasInovações subaquáticas e data centers submersosÉ o custo das oito bilhões de bocas. O planeta não está preparado para tanta tecnologia e tanta gente ao mesmo tempo. É oportuno discutir a questão do controle de natalidade.
Expandir o número de arrastões na Europa
Ao reverem o regulamento das medidas técnicas, 23 deputados aprovaram um compromisso político para expandir o número de arrastões na Europa. Esse acordo permite equipar cinco por cento da frota com “técnicas inovadoras, que agora incluem a pesca elétrica”.
Na Europa, a pesca elétrica foi proibida em 1998
Na Europa, a pesca elétrica foi proibida em 1998, no âmbito de derrogações concedidas pela Comissão Europeia. Ainda assim, é autorizado a cada Estado-membro cinco por cento de cada frota de arrastões elétricos para a prática no Mar do Norte.
Queixa contra a Holanda
A Bloom apresentou à Comissão das Pescas uma queixa contra a Holanda. Ela explicou que a frota holandesa equipou 28 por cento dos navios com arrastões elétricos ilegais. Ou seja, 84 navios foram munidos com redes elétricas numa frota que tem 304 embarcações, conforme o Le Monde. Alguns navios alemães e britânicos também utilizam o equipamento. A queixa foi apresentada com base nas licenças ilegais.
As empresas de pesca industrial dos Países Baixos são as mais poderosas na Europa. Elas tentam mudar os regulamentos de proibição de pesca elétrica, procurando uma maior permissividade. A associação Bloom quer acabar com “a pesca destrutiva” que tem impactos ambientais.
Quem apoia a campanha da ONG francesa Bloom
De acordo com a BBC, “A cadeia de hotéis de luxo Relais & Châteaux está a bordo, juntamente com um grupo de chefs com estrelas Michelin que dizem que não vão cozinhar com peixes apanhados no pulso, ou pesca elétrica. Mas não é só. “Organizações que representam pescadores de menor escala”, o que seriam os artesanais no Brasil, “na França e no Reino Unido também apoiam a ONG.
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Problemas ambientais da pesca elétrica
Para as associações ambientais estas medidas enfraquecem a legislação em vigor. Já o presidente da Comissão das Pescas afirma que estão regulando “rigorosamente a pesca elétrica” sem abrir “qualquer porta para a sua extensão”.
Os defensores da técnica explicam que uma rede de arrasto mais leve consome metade do combustível de uma rede de arrasto tradicional, e é menos prejudicial para o fundo do mar.
A regulamentação da pesca elétrica em outros países
Segundo a BBC, ” Assim como o uso de explosivos e veneno, a pesca com pulso, ou elétrica, é tecnicamente ilegal na União Européia. Os EUA, a China e vários outros países também têm uma proibição. Mas há uma exceção que permite aos países da UE capturar até 5% de sua cota anual de pesca no Mar do Norte usando “métodos inovadores” em nome da pesquisa.”
Mas há quem defenda a modalidade
Segundo o site https://www.sciencemag.org/, em janeiro de 2018, “Outras organizações não-governamentais, incluindo o Greenpeace da Holanda, dizem que a pesca elétrica de arrasto promete aumentar a sustentabilidade. E que acabar com isso agora penalizaria a indústria pesqueira por inovar. “Apelamos aos pescadores para não desanimarem em abraçar mais inovações”, disse a Fundação do Mar do Norte em comunicado sobre o resultado “infeliz”.
Queixa contra a Holanda: pesca elétrica deforma peixes
Ainda não está sendo avaliado o impacto da pesca elétrica para as espécies marinhas. No entanto, segundo a Bloom, “muitos relatórios afirmam que o peixe capturado em redes de arrasto mostram queimaduras, contusões e deformações do esqueleto após a eletrocussão”.
Saiba como é o arrastão elétrico
Os defensores da modalidade, segundo o site https://www.sciencemag.org/, dizem que “Os arrastões de pulso, por outro lado, mal tocam o fundo porque usam rajadas de eletricidade de baixa tensão para capturar peixes chatos, principalmente o linguado de Dover.”
“Depois que a corrente provoca certa cãibra em seus músculos, os linguados tentam fugir e muitos acabam na rede. Como o linguado é mais suscetível à eletricidade do que outras espécies, a pesca de arrasto reduz a captura acessória.”
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Cientistas e políticos pedem à Europa para proibir pesca elétrica
Em 2016, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar comunicou que deve haver precaução devido a impactos a longo prazo. Alguns cientistas e políticos, indicou o Le Monde, pediram à Europa para proibir uma técnica “ameaçadora para os seres humanos”, segundo as palavras utilizadas pela ex-ministra do ambiente francesa Ségolène Royal.
Em 2018 Parlamento Europeu proibiu a modalidade
O site https://www.sciencemag.org/, defensor da modalidade diz que, “Como parte da legislação para reformar a pesca na Europa, recebemos com surpresa a decisão do Parlamento Europeu que votou a proibição de um tipo de pesca elétrica que tinha demonstrado benefícios ambientais.”
O que acontece depois da proibição
BBC: ” O parlamento entrará em longas negociações com a Comissão Europeia e os Estados membros para chegar a acordo sobre um pacote de medidas para otimizar os regulamentos de pesca. A Holanda pode continuar testando a pesca com pulso até que a nova legislação entre em vigor.”
França, Brasil e Estados Unidos proíbem este tipo de pesca. Assista ao vídeo e saiba como acontece.
Fontes secundárias: https://www.francetvinfo.fr/economie/emploi/metiers/agriculture/la-peche-electrique-une-pratique-tres-controversee-en-europe_2481975.html; https://www.sciencemag.org/news/2018/01/tensions-flare-over-electric-fishing-european-waters; https://www.bbc.com/news/world-europe-42692924.
Brut : pêche électrique