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Padre do balão e seu fim, no mar de Santa Catarina

Padre do balão e seu fim, no mar de Santa Catarina

Este site já destacou assuntos inusitados que têm o mar como cenário, entre outros, cães mergulhadores com equipamento Scuba. Ou a Travessia do Atlântico em tonel, maluquice  realizada com sucesso. Hoje falamos do padre do balão e seu triste fim no mar. Pode ser uma história triste, e é. Mas, entrou, pelo ato tresloucado para nossa obscura história marítima e até mesmo, noticiado no exterior pela Reuters.

Além disso, evoca o tempo em que uma só morte provocava comoção.

Em abril de 2008, o País foi sacudido por um notícia inusitada. Um padre voador morria afogado depois que seu balão de ar quente despencou no litoral. Seria possível?

Sim. Adelir de Carli, era seu nome. Ele tinha 41 anos.

“Pela primeira vez na história, um aparelho construído pelo homem venceu a gravidade”

O Brasil é pródigo em padres voadores, analogamente, um deles entrou para a história. Seu nome era Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Em 1709, aos 24 anos, o sacerdote  convocou a corte lusa para mostrar uma novidade, ou seja, um balão de ar quente.

A demonstração diante do rei – Wikimedia Commons.

Afinal, ‘a coisa voou’

Araguaryno Cabrero dos Reis, brigadeiro reformado da Força Aérea Brasileira (FAB), disse ao aventuras da história que “Pela primeira vez na história, um aparelho construído pelo homem venceu a gravidade”.

Tentativas de Bartolomeu Lourenço de Gusmão

Segundo o aventuras da história, contudo, não foi fácil. Foram três tentativas. Duas sem sucesso que ele, finalmente, alcançou na terceira.

Dessa vez, no pátio do Palácio, perante o rei de Portugal, Dom João V, e a rainha, dona Maria Anad, o aeróstato ganhou os ares. Ergueu-se lentamente, indo cair, quando esgotada sua chama, no terreiro da casa real

Nascimento,  em Santos

Segundo o aventuras da história, “Bartolomeu Gusmão nascido na vila paulista de Santos, em 1685, foi batizado com o nome de Bartolomeu Lourenço Santos, mas sempre preferiu ser chamado de Gusmão.”

Definitivamente tresloucado

Ainda criança, mudou-se para a Capitania da Bahia para continuar seus estudos no Seminário de Belém

Tresloucado e genial, o primeiro a conseguir patente no Brasil

Enfim, construiu uma bomba elevatória para transportar água do rio Paraguaçu até o colégio dos padres que ficava a 100 metros do nível do mar. O abastecimento, entretanto, exigia muito esforço e tempo dos seminaristas. Esse foi o primeiro invento que fez de Gusmão o primeiro brasileiro a conseguir uma patente.

Em compensação, quis outra mas não conseguiu. Acabou em desgraça. “O escritor Affonso d’Escragnolle Taunay, pesquisador da vida do padre, informa que Gusmão perdeu apoio real ao se apaixonar por uma freira, conhecida como Trigueirinha, com quem o rei Dom João V possivelmente mantinha relações amorosas.”

Eita… não podia ser outra, seu padre?

“A Corte portuguesa era uma bandalheira geral. As intrigas da amante do padre o fizeram ir para a Holanda”, diz o brigadeiro Araguaryno. A partir daí, pouco se sabe sobre o paradeiro de Gusmão. Fugiu da Inquisição durante alguns anos e morreu, com 39 anos, de tuberculose, em 19 de novembro de 1724, em Toledo, Espanha.”

Adelir de Carli, o padre do balão

Segundo a revista Piauí,”Pároco desde 2004, quando chegou à cidade recém-ordenado, Adelir de Carli voava para chamar a atenção de patrocinadores em potencial, talvez dispostos a bancar sua obra pastoral de apoio aos motoristas.”

Com suas ações inusitadas, não se sabe se inspiradas por Bartolomeu de Gusmão, Adelir havia conseguido notoriedade, como informa a Piauí:

“E conseguira alguma celebridade nacional em 13 de janeiro, viajando em cerca de cinco horas do Paraná à Argentina, a bordo de 500 balões. Como a fama instantânea não lhe trouxe o dinheiro esperado para a Pastoral Rodoviária, ele dobrou a dose da aventura em abril. Acabou conhecido no mundo inteiro. Mas não como pretendia.”

O último voo do padre voador

O padre tentava realizar um voo difícil com uma cadeira de parapente amarrada em cerca de mil balões de festa enchidos com gás hélio. Como resultado, viajava com roupa térmica levando dois celulares e um aparelho GPS (localizador por satélite).

Adelir de Carli pouco antes de alçar voo. Imagem, revista Época.

Como se vê, eram balões de festa! Amarrados uns aos outros e inflados com gás hélio. Uma loucura digna de festas de crianças, ou nem delas… Carli, que era padre em Paranaguá (litoral do Paraná), pretendia fazer um voo de 20 horas, diz o Bem Paraná.

Plano de voo do padre do balão

Segundo o jornal,  “A ideia era voar acima das correntes de vento, rumo a Oeste. Entretanto, o plano não deu certo e ele acabou levado em direção ao oceano.

Adelir de Carli foi dado como desaparecido no dia seguinte à decolagem. Segundo a Polícia Civil, ele caiu no mar e morreu por hipotermia.

Corpo do padre do balão

O corpo só foi encontrado mais de três meses depois, em julho de 2008, na costa de Maricá (cidade do litoral do Rio de Janeiro).”

A rota fatal.

Adelir de Carli não concluiu curso de parapente

Segundo a Folha de S. Paulo, à época, “o padre Adelir de Carli não conseguiu terminar um curso de voo iniciado em 2005. Segundo o instrutor de voo Márcio Lichtnow, que foi seu professor em um curso de parapente, por falta de disciplina e assiduidade.

“O padre foi ‘convidado a se retirar’ da escola”.

Tresloucado?

Mas sua morte trágica no mar provocou comoção no Paraná.

Assista ao vídeo do padre voador e relembre como foi

Imagem de abertura: revista Época

Presos em navios de cruzeiro durante a pandemia

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