O calor está matando no Hemisfério Norte

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O calor está matando no Hemisfério Norte

Apesar do peso da responsabilidade de cada país ser desigual, as consequências do aquecimento são severas para todos. Dos pequenos países insulares do Pacífico, que tendem a desaparecer, até os maiores emissores historicamente, e mais ricos, como Estados Unidos, passando pelos países em desenvolvimento, como o Brasil que só neste ano teve um Estado semidestruído, como é o caso do Rio Grande do Sul. Em 24 de julho a CNN publicou matéria onde diz que o calor está matando centenas de pessoas em um condado do Arizona.

placa alerta para morte por calor.
Imagem, Trip Advisor.

‘Maricopa, no Arizona, em meio a outro verão recorde’

Segundo Rachel Ramirez, da CNN, o calor matou 27 pessoas no condado, que abriga Phoenix, e é suspeito como a causa de outras 396 mortes até o final de julho de 2024, de acordo com dados divulgados. Desde que começou a rastrear as mortes em 2006, o ano mais mortífero no condado foi 2023, com um total de 645 pessoas  mortas pelo calor.

Jeff Johnston, o médico legista-chefe do condado, disse à CNN que normalmente leva de dois a três meses para concluir uma investigação de morte por calor. Ele também mencionou a confirmação de que 75% das mortes sob investigação no ano passado estavam relacionadas ao calor.

A suspeita de mortes por calor subiu nas últimas semanas, diz a CNN, juntamente com o aumento das temperaturas. Cerca de 100 das mortes suspeitas este ano aconteceram de 7 a 13 de julho, quando as altas temperaturas em Phoenix atingiram 47,7ºC – exatamente o tipo de condições perigosas que os cientistas esperam em um aquecimento mundial. Junho foi o mês mais quente não só para Phoenix, mas também para Nevada e Texas.

O condado de Maricopa disse que está trabalhando para mitigar as mortes por calor, aumentando a quantidade de centros de resfriamento e prolongando as horas de operação para indivíduos sem abrigo, o grupo mais vulnerável. A preocupação maior é porque o verão ainda seguirá por todo o mês de agosto.

Por outro  lado, o Serviço Nacional de Meteorologia informou que o calor é responsável  pelo dobro de mortes produzidas por tornados e furacões, em conjunto, nos Estados Unidos.

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“Ninguém sabe exatamente quantos morreram por calor extremo”

Em 8 de julho a Bloomberg publicou a matéria Ninguém sabe exatamente quantos morreram por calor extremo. O texto diz que oficialmente este ano houve 63 mortes por calor na Tailândia, pelo menos 143 na índia, 172 no México, e mais de 1.300 em uma única semana durante a peregrinação do Hajj na Arábia Saudita. Mas, na realidade, esses números são uma fração do verdadeiro pedágio do calor.

Segundo a matéria, a contabilização só acontece  nos casos mais óbvios – aqueles em que médicos ou legistas poderiam traçar uma linha entre calor e morte – e são muito menos propensos a contabilizar mortes em que as temperaturas desempenharam um papel indireto.

Hipertermia é o problema gerado pelo calor; conheça

Gregory Hess, médico legista chefe do condado de Pima, no Arizona, explicou o que é a hipertermia. “A versão mais direta de uma morte por calor vem da hipertermia, duas formas extremas provocadas pelo calor, a exaustão e a insolação. Os sintomas de exaustão pelo calor incluem tonturas, sede, náuseas e fraqueza. Enquanto isso, os sintomas de insolação podem incluir confusão e perda de consciência. O curso de calor geralmente se instala quando a temperatura corporal do núcleo atinge cerca de 40ºC. O corpo simplesmente não consegue lidar com temperaturas tão altas por muito tempo. Ele começará a falhar sem resfriamento rápido e outros tratamentos.”

A matéria da Bloomberg ressalta que, por estes motivos, a dificuldade em contabilizar as mortes indiretas provocadas pelo calor, os números certamente estão subestimados. Mas lembra que, ‘depois que uma onda de calor em 2003 matou 70 mil pessoas, o Reino Unido e outros países colocaram mais foco no risco do calor’.

Recorde mundial de calor na Terra em 22 de julho de 2024

Não nos esqueçamos do que disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em sua luta quase solitária para fazer os governantes agirem: Estamos na época da fervura global. Ele acertou na mosca. Segunda-feira, 22 de julho, está sendo considerado o dia mais quente até hoje. O serviço climático da UE, Copernicus, calculou que a temperatura média global na segunda-feira era de 17,16 graus Celsius, superando por pouco o recorde anterior estabelecido apenas um dia antes, quando era 17,09 C. Na terça-feira foi então 17.15 C.

O mais importante é que estamos apenas 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais, e a grande maioria dos cientistas não acredita que conseguiremos frear o aquecimento em apenas 1,5ºC, a meta do Acordo de Paris. Parte fala em pelo menos mais 2ºC, outra parte, faz projeções ainda mais preocupantes.

Segundo o relatório Lancet Countdown, de 2023, se as temperaturas médias globais atingirem 2ºC acima dos níveis pré-industriais – como é esperado sem uma ação drástica – 524,9 milhões de pessoas também devem experimentar insegurança alimentar, agravando o risco global de desnutrição.

O prejuízo relacionado à exposição ao calor da capacidade de trabalho resultou em perdas médias de rendimentos potenciais equivalentes a US$ 863 bilhões em 2022. Os trabalhadores agrícolas foram os mais afetados.

O surpreendente para nós, não são as mortes ou os prejuízos anuais. O que nos deixa de queixo caído é que, mesmo com todos estes sinais dramáticos, o mundo anda de lado no combate ao aquecimento.

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