Ilha vulcânica, Surtsey na Islândia, é um laboratório natural inigualável
Ilhas são espaços extremamente sensíveis. Muitas de suas espécies são endêmicas, o que quer dizer que a aproximação humana deve ser muito cuidadosa. Se apenas uma espécie vegetal ou animal for prejudicada, e desaparecer, não há como reverter a situação. Nosso comentário é sobre a ilha vulcânica Surtsey, na Islândia, um laboratório natural inigualável.
Ilha vulcânica é um laboratório natural inigualável
É curioso, mas há ilhas que somem, e outras que aparecem. Mais de uma dezena de ilhas desapareceram do mapa neste início de século.
Foram, literalmente, engolidas pelos oceanos. Estão submersas por causa do aumento dos níveis dos mares e da exploração humana desenfreada em época de aquecimento global correndo solto.
Mas há as que vieram à tona recentemente, frutos de erupções vulcânicas. Este é o caso de toda a Islândia (cuja formação foi iniciada há cerca de 20 milhões de anos em razão de erupções da Dorsal Média Atlântica), mas, em especial, da ilha Surtsey que foi formada por erupções vulcânicas entre 1963 e 1967.
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‘O novo pedaço de terra foi apelidado de Ilha Surtsey, em homenagem a um gigante de fogo negro da mitologia nórdica. Hoje, é um dos poucos lugares na Terra que se manteve relativamente intocado pelos humanos’.
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Surgimento da ilha Surtsey, oportunidade para cientistas
Logo no início, os cientistas reconheceram que Surtsey oferecia uma oportunidade única de observar a infância de uma nova ilha vulcânica. Vamos lembrar que foi depois da visita a Galápagos que Darwin começou a elaborar sua teoria da evolução das espécies.
Qual seria a primeira vida a chegar e como ela chegaria? Como uma rocha mudaria conforme o oceano batesse contra ela?
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Passados mais de 50 anos desde sua formação, ainda hoje os pesquisadores precisam autorização antes de se aventurarem em Surtsey e, uma vez na ilha, devem seguir regras rígidas para evitar contaminá-la com sementes ou produtos químicos.
Segundo o atlasobscura.com, ‘todo esse planejamento cuidadoso valeu a pena – Surtsey permanece intocada e ainda permite que os cientistas aprendam como a vida se estabelece em uma nova ilha, como uma nova comunidade ecológica se desenvolve e até mesmo como a vida afeta os processos geológicos’.
A ilha vem diminuindo de tamanho
Surtsey é tão importante que tem vários sites para chamar de seu. Do site www.surtsey.is tiramos a informação de o entorno da ilha é muito ventoso e o mar, com ondas muito altas.
A altura média de 14 metros foi medidas nas imediações. A erosão, portanto, é enorme em Surtsey. Mesmo durante erupção as linhas costeiras mudavam constantemente.
Depois de 1967 as ondas erodiram grandes porções da ilha. Nos últimos anos a erosão suprime cerca de 1 hectare por ano.
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Saiba como a vida chegou em Surtsey
A vida chegou a Surtsey um ano após seu nascimento. Um artigo de 1964 do New York Times observa que plantas, pássaros e até mesmo um mosquito já haviam aparecido. Aranhas chegaram carregadas pelo vento, enquanto alguns outros insetos chegaram flutuando pela superfície do oceano.
Talvez, como era de se esperar, os pássaros foram alguns dos primeiros habitantes de Surtsey, e várias espécies foram avistadas desde então, incluindo algumas garças-reais tipicamente vistas apenas no sul da Europa.
Focas na ilha
De acordo com o site Surtsey.is, os maiores animais que utilizam a ilha são as focas. Segundo o site,’as focas começaram a visitar a ilha logo após sua formação, usando-a como local de descanso. A erosão constante da linha costeira inibiu a reprodução regular até o ano de 1983′.
‘Hoje numerosas focas comuns saem da ilha no inverno, porque os peixes são abundantes ao redor de Surtsey. No outono, as focas cinzentas se reproduzem na costa norte de Surtsey. Em 2003, cerca de 40 filhotes de focas cinzentas foram observadas’.
A avifauna de Surtsey
‘Surtsey tinha acabado de subir acima da superfície do oceano quando os primeiros pássaros pousaram. Desde então, cerca de 90 espécies foram registradas na ilha ou ao redor dela’.
‘Alguns deles são vistos em viagens de alimentação de suas colônias de reprodução nas ilhas vizinhas. Outros são migrantes temporários a caminho de áreas de reprodução em outras partes da Islândia ou do Ártico’.
‘Em 2003, todo um censo da ilha foi repetido, ano em que as espécies nidificantes totalizaram onze’.
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Nova pesquisa na ilha vulcânica
No momento, os pesquisadores estudam o basalto à procura de sinais de vida microbiana, o que ajudaria a entender um importante processo geológico.
Antes, eles foram exaustivamente treinados para não levarem nada de carona em suas roupas e equipamentos. As autoridades temem a entrada de espécies invasivas que normalmente são fatais em ilhas.
Marie Jackson, geóloga da Universidade de Utah e uma das líderes da expedição, falou ao atlasobscura: “O basalto é um dos tipos de rocha mais antigos da Terra e sua criação é um processo que ocorre na crosta terrestre há bilhões de anos.”
“Mas sabemos muito pouco sobre as primeiras coisas que acontecem no basalto recém-erupcionado no fundo do mar. Surtsey está nos dando uma janela para estudar isso.”
“Surtsey é muito, muito jovem”, diz Jackson. “É uma fração de segundo em tempo geológico. Mas, na superfície, parece muito antiga.”
A erosão moldou a superfície de Surtsey. Os fluxos de lava estão se separando para formar pedras, por exemplo. O constante bater do oceano moldou a costa também, encolhendo a ilha em cerca de 50%. “Estamos tentando entender quais processos estão contribuindo para esse envelhecimento acelerado.”
Surtsey foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 2008, o que adiciona outra camada de proteção oficial para ajudar a manter a ilha intocada. E, em um futuro próximo, a única maneira de visitar ainda será como membro de uma equipe de pesquisa – uma equipe que avança muito, muito lentamente.
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O site da UNESCO assim justificou a elevação: ‘Surtsey é uma nova ilha formada por erupções vulcânicas em 1963-67. Ela foi legalmente protegida desde o seu nascimento e fornece ao mundo um laboratório natural imaculado. Livre da interferência humana, Surtsey produziu informações de longo prazo sobre o processo de colonização de novas terras pela vida vegetal e animal.”
E conclui: ‘Surtsey é um ambiente altamente controlado e isolado e, portanto, as ameaças são muito limitadas. O objetivo de proibir estritamente as visitas a Surtsey é garantir que a colonização por plantas e animais, a sucessão biótica e geológica sejam tão naturais quanto possível e que a perturbação humana seja minimizada’.
Assista ao vídeo da formação de Surtsey
Imagem de abertura:
Fontes: https://www.atlasobscura.com/articles/surtsey-island-iceland-volcano-research; https://whc.unesco.org/en/list/1267/, www.srtsey.is.