Gripe aviária mata centenas de pinípedes no Sul do Brasil
Antes de mais nada, é importante saber que a gripe aviária é uma doença viral causada pelo Vírus de Influenza Tipo A. As aves infectadas podem portar o vírus da gripe em sua saliva, mucosas e fezes. Os seres humanos podem entrar em contato com o vírus quando tocam uma superfície infectada e, em seguida, levam as mãos aos olhos, nariz ou boca. No entanto, a doença é rara em humanos. Por outro lado, pode dizimar as aves na Antártica, além de ter matado mais de 500 pinípedes nas praias do Rio Grande do Sul nos últimos 30 dias. Entretanto, no Peru e Chile, a situação foi ainda pior, com 20.000 leões marinhos mortos.
Pinípedes quase extintos no passado recente
O massacre dos pinípedes começou no século 18, antes de os seres humanos voltarem sua atenção para as baleias. Focas, leões e lobos marinhos, bem como elefantes marinhos e morsas no hemisfério norte, eram alvos muito mais fáceis para os seres humanos.
Os animais têm dificuldade em se locomover em terra
A sociedade do século 19 dependia do óleo animal, assim como a nossa depende do petróleo
A gripe aviária no Brasil
Até o momento, não há registros em seres humanos. Entretanto, o País tem 100 casos de gripe aviária, sendo a maioria em aves migratórias, portanto, aves não destinadas ao consumo humano.
O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres, ocasionalmente podendo infectar mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, além do ser humano, e até mesmo pinípedes que usam a costa sul para descansar.
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Segundo o site rio.rj.gov.br, os sintomas em seres humanos são semelhantes aos da gripe comum: febre, dor de cabeça, tosse e nariz entupido. Contudo,de acordo com o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido, outros sintomas podem incluir a diarreia.
O que a gripe aviária pode causar nas aves?
Os vírus da influenza aviária causam problemas respiratórios nas aves, tais como tosse, espirros, corrimento nasal, fraqueza, falta de ar, complicações respiratórias, bem como pneumonia e falta de apetite. Pode ocorrer diarreia e sede excessiva.
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Brasil registrou 667 focos da influenza aviária
Segundo a agência de notícias do governo do Paraná, “o Brasil já registrou neste trimestre (agosto – outubro) 667 focos da influenza aviária, dos quais 12 concentrados no Paraná, em aves silvestres.”
O litoral é onde aconteceram os registros e é lá que se concentram os trabalhos de prevenção.
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Corpo do capitão da Expedição de Franklin é encontrado canibalizadoMatança de peixes-boi prossegue na AmazôniaLeões marinhos ajudam cientistas a mapear o fundo dos oceanosAlém das aves, o vírus já matou 552 mamíferos marinhos, incluindo leões marinhos e lobos marinhos, nas praias do sul do país, especialmente na praia do Cassino, no Rio Grande do Sul.
O g1 informou que focos foram confirmados em São José do Norte, Santa Vitória do Palmar e Torres, divisa com Santa Catarina, onde há uma unidade de conservação criada especialmente para o descanso de focas e leões marinhos, a Ilha dos Lobos.
Na verdade, o Rio Grande do Sul abriga os únicos refúgios para esses animais no Brasil. Eles vêm do Uruguai em busca de alimento e sossego na costa gaúcha.
O perigo para as aves da Antártica
Segundo o Guardian, ‘A gripe aviária chegou à Antártida, levantando preocupações para as populações isoladas de pinguins e focas que nunca antes foram expostas ao mortal vírus H5N1. O impacto total da chegada do vírus ainda não é conhecido, mas os cientistas estão levantando preocupações sobre uma possível “falha catastrófica na reprodução” das frágeis populações de vida selvagem da região.’
‘O vírus foi encontrado em populações de uma ave necrófaga chamada skua marrom, na Ilha Bird. Esta ilha faz parte do território ultramarino britânico da Geórgia do Sul e das Ilhas Sandwich do Sul. As aves migratórias provavelmente trouxeram-no consigo da América do Sul. Só no Chile e Peru, 500.000 aves marinhas e 20.000 leões marinhos morreram devido à gripe aviária.’
250 milhões de aves abatidas
Em 18 de outubro, o jornal El País, em sua edição do Chile, publicou ‘O epicentro da pior crise de gripe aviária da história, com 250 milhões de aves abatidas, avança em direção à Europa‘.
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No corpo do texto, a descrição: ‘A humanidade enfrenta a pior crise de gripe aviária conhecida. Desde o ressurgimento da doença na temporada 2020-2021, pelo menos 250 milhões de aves de criação foram abatidas em todo o mundo para eliminar os surtos pela raiz, de acordo com dados do epidemiologista indiano Vijay Dhanasekaran, da Universidade de Hong Kong.’
Números inéditos de mortes
Os números são inéditos, diz o jornal. ‘Neste período, também se registrou a morte de mais de 100.000 aves selvagens, de 400 espécies diferentes, com saltos preocupantes para os mamíferos, como o observado numa fazenda de peles de vison na localidade galega de Carral e a morte em massa de leões marinhos nas praias do Peru’.
O El País ouviu o o epidemiologista indiano Vijay Dhanasekaran, da Universidade de Hong Kong, que alertou:
Existe uma ameaça perpétua de que o vírus chegue aos humanos. Isto se deve principalmente à capacidade do vírus de evoluir rapidamente. Pode adquirir mutações que o ajudam a aderir melhor aos receptores das células humanas, ou pode adquirir a capacidade de ser transmitido por aerossóis
Situação gravíssima na Antártica
A situação é gravíssima na Antártica, cuja fauna alada tem mais de quinze espécies diferentes só de pinguins. A avifauna antártica se caracteriza pelo pequeno número de espécies, porém com uma grande quantidade de indivíduos em cada uma.
O Guardian confirma: ‘Estima-se que o atual surto da variante altamente infecciosa do H5N1 – que começou em 2021 – matou milhões de aves selvagens. Os investigadores há muito que se preocupam com o seu impacto potencial na vida selvagem antártica, porque muitas espécies não se encontram em nenhum outro lugar do mundo.’
Bird Island, considerada um dos locais mais ricos em vida selvagem do planeta
Bird Island é um local de grande importância ecológica devido à sua rica vida selvagem, incluindo populações significativas de aves ameaçadas de extinção, pinguins e focas. A chegada da gripe aviária a essa área é uma séria preocupação. Ela coloca em risco essas populações frágeis que não estão acostumadas a esse vírus mortal. Os cientistas estão acompanhando de perto a situação para avaliar o impacto total e tomar medidas para proteger a vida selvagem da região.
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Impactos da gripe aviária na Antártica
‘Os impactos da gripe aviária na Antártica são uma preocupação significativa para os cientistas que estudam a região. A presença do vírus H5N1 representa uma ameaça considerável para a fauna local, incluindo focas, leões-marinhos, aves como skuas, gaivotas, pinguins, aves de rapina e petréis gigantes. Essas espécies são fundamentais para o ecossistema da Antártica, e qualquer impacto negativo em suas populações pode ter consequências graves para toda a cadeia alimentar e a biodiversidade da região. Portanto, o monitoramento e a compreensão dos efeitos dessa doença são vitais para a conservação da vida selvagem antártica’.
A Dra. Meagan Dewar, presidente da Rede de Saúde da Vida Selvagem da Antártida, expressou preocupação legítima ao afirmar que a gripe aviária na região pode causar um “fracasso catastrófico de reprodução” e ter um “impacto devastador em muitas espécies selvagens”. Essas palavras destacam a gravidade da situação e a importância de se tomar medidas para conter a propagação do vírus e proteger a vida selvagem única e frágil da Antártica. A pesquisa e a cooperação internacional desempenham um papel fundamental na compreensão e na mitigação desses riscos.
Assista ao vídeo da Oneindia News sobre a gripe aviária na Antártica
Algumas dúvidas do Mar Sem Fim, ainda sem respostas
As mortes de lobos marinhos, focas e pinguins, relacionadas à gripe aviária, têm sido registradas principalmente nas ilhas subantárticas e na costa pacífica da América do Sul até agora. No entanto, em 7 de setembro o télam, da Argentina, relatou a morte de 200 lobos marinhos em Chubut, na costa argentina.
Isto é preocupante, especialmente porque a Península Valdés, localizada naquela província, é um importante berçário de pinípedes, pinguins e baleias francas do Atlântico Sul.
Península Valdés, Argentina
A Península Valdés, na Argentina, é de fato um lugar incrível para a observação da vida marinha, com diferentes colônias de mamíferos marinhos e aves em suas extremidades. A Ponta Norte, em particular, é conhecida por ser o lar de lobos marinhos e também é frequentada por orcas que desenvolveram um método único de caçá-los. As orcas são conhecidas por se aproximarem da praia para abocanhar os lobos marinhos, demonstrando uma estratégia de caça impressionante e especializada. Esta região é um exemplo da riqueza da biodiversidade marinha e da complexa interação entre as espécies que a habitam.
A disseminação da gripe aviária é uma preocupação legítima, considerando a migração de aves entre as regiões. Esta migração pode levar o vírus da gripe aviária a diferentes áreas, incluindo o litoral brasileiro, especialmente na região do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, ou até mesmo Alcatrazes, o maior ninhal de aves marinhas da América do Sul, migratórias e nativas, abrigando 100 espécies diferentes.
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É importante que as autoridades estejam atentas e implementem medidas de vigilância e controle para evitar a propagação da doença, protegendo tanto as aves selvagens quanto as aves domésticas. A colaboração internacional e a coordenação entre os países são fundamentais para lidar com ameaças à saúde das aves e à saúde pública.
Assista ao vídeo do litoral de Arica, Chile, e as mortes de lobos marinhos