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Enigma da Era Viking pode estar no fim

Enigma da Era Viking em ilha no Báltico pode estar no fim

Os especialistas estão em polvorosa. O New York Times questiona: ‘Uma fortaleza assustadora mencionada em textos antigos era uma fantasia literária ou uma realidade histórica?’ Um mistério de séculos pode estar no fim. Tudo começou depois que o governo decidiu construir uma torre de observação no topo de uma colina arenosa em Wolin, uma ilha no Mar Báltico. Assim, chamaram um arqueólogo polonês para verificar o local antes da construção e procurar por artefatos macabros do passado enterrados. Há muito se sabe que guerreiros nórdicos estabeleceram postos avançados há mais de um milênio na costa báltica da Polônia, escravizando povos indígenas eslavos para abastecer um crescente comércio, bem como comercializar sal, âmbar e outras mercadorias. O enigma da Era Viking pode estar no fim.

Ilha Wolin, Báltico
A localização do mistério no Báltico.

Uma ordem mercenária mítica

Os vikings dominaram a arte da construção naval ao seu tempo, com o Drakkar, entre outras embarcações revolucionárias para a época. Conheciam a arte da navegação. Descobriram e dominaram as rotas comerciais do hemisfério Norte, tal qual os lusitanos fizeram séculos depois no Atlântico Sul e Índico. Assim, de maneira idêntica, anteciparam a globalização ainda no século 10. E foram muito além dos mares do Norte.

Foram eles que colonizaram a Islândia, construíram um assentamento na Groenlândia, estiveram nos Açores, e fustigavam a Europa que tremia ante sua fúria. Com seus barcos e a técnica de navegação, entre os séculos 8 e 9 d.C, estabeleceram um circuito de relações comerciais, de conquistas e de colonização que ia desde onde hoje é o Iraque até o Canadá.

Imagem, Nils Bergslien / Wikimedia Commons / Domínio Público.

Durante estes três séculos, exploradores da região correspondente à atual Suécia cruzaram o continente europeu pelos rios russos (fundaram o primeiro Estado russo cuja capital era Kiev, atual capital da Ucrânia) e chegaram até a Ásia.

As rotas Vikings.

Atacaram e saquearam Constantinopla. Atazanaram de tal forma Paris que o rei Carlos, o simples (911), deu uma faixa de terra na costa noroeste do país ao chefe viking Rollo em troca de proteção. Ela seria conhecida como Normandia.

Maior assentamento dos vikings no início do século 12

Contudo, o maior assentamento dos vikings descrito nos textos do início do século 12, diz o jornal, era uma cidade e reduto militar de nome Jomsborg. Na época havia uma ordem mercenária possivelmente mítica de nome Jomsvikings.

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Cidade e reduto militar de nome Jomsborg. Imagem, New York Times.

O arqueólogo Wojciech Filipowiak encontrou  madeira carbonizada indicando os restos de uma fortaleza do século 10 que poderia ajudar a resolver um dos grandes enigmas da Era Viking. Apesar disso, alguns estudiosos modernos acreditam que Jomsborg nunca foi um lugar real. Para eles era uma lenda transmitida ao longo dos tempos. As descobertas em Hangmen’s Hill na Ilha Wolin podem alterar essa visão.

“É muito emocionante”, disse o Dr. Filipowiak, um estudioso em Wolin da seção de arqueologia e etnologia da Academia de Ciências da Polônia. “Isso poderia resolver um mistério que remonta a mais de 500 anos: afinal, onde está Jomsborg?”

Segundo o www.thevintagenews.com, ‘De acordo com as sagas nórdicas, Jomsborg foi fundada pelo lendário guerreiro viking, Palnatoke, no século X. Era uma cidade fortificada habitada por um grupo de guerreiros de elite chamados de Jomsvikings, conhecidos por suas habilidades de luta excepcionais e código de conduta rígido.

Segundo as Sagas, Harold Bluetooth fundou Jomsborg

Contudo, o explorersweb.com atribui a fundação a outro guerreiro Viking: ‘Segundo fontes históricas, os vikings estabeleceram uma fortaleza permanente em algum lugar da Polônia para melhor acessar essas riquezas. A maioria das sagas concorda que o lendário rei dinamarquês Harold Bluetooth fundou Jomsborg na década de 960.’

Harold Bluetooth. Imagem, www.thecollector.com.

Entretanto, diz o netherlands.postsen.com,’a cidade estava em uma posição vulnerável. Foi sitiada e destruída várias vezes. Primeiro pelo rei Dano-Norueguês Magnus, o Bom, em 1043, e em 1185 a cidade foi arrasada pelo bispo dinamarquês Absalon. Depois disso, ela simplesmente desaparece das fontes históricas.’

Arqueólogos nazistas estudaram o local

O New York Times  informa que Arqueólogos nazistas vasculharam Wolin. O local  fazia parte da Alemanha até 1945. Estavam em busca de evidências da presença de vikings. E de maneira idêntica, de provas do que os nazistas acreditavam ser a superioridade da raça nórdica e seu domínio no início do período medieval sobre os povos eslavos. Estes povos mais tarde vieram a se identificar como poloneses e reivindicaram a terra para a Polônia.

Quando a Polônia assumiu o controle de Wolin após a Segunda Guerra Mundial, diz o Times, arqueólogos procuraram artefatos que aumentariam o domínio de seu país sobre as antigas terras alemãs e ajudariam a reforçar o senso de identidade nacional.

Fascínio do público pelos vikings contribuiu

O fascínio do público pelos vikings igualmente levou a um aumento na investigação histórica por amadores. Entre eles, Marek Kryda, historiador amador polonês-americano. Ele é autor de um livro polêmico de 2019 que denunciou a arqueologia como um pântano de chauvinismo étnico quase cego ao papel que os vikings desempenharam no início da formação da Polônia.

Outra representação de Jomsborg. Ilustração, www.vinlandsaga.fandom.com.

Ademais, Kryda desencadeou uma tempestade de controvérsias no verão passado. Aconteceu depois de anunciar no Daily Mail que havia localizado o provável túmulo de Harald Bluetooth. Este é um  histórico rei viking dinamarquês que já governou a área.

Kryda disse que colocou o provável túmulo de Harald em Wiejkowo, pequena vila no interior de Wolin, usando imagens de satélite. Contudo, o Dr. Filipowiak, estudioso de arqueologia e etnologia da Academia de Ciências da Polônia, descartou a hipótese como “pseudociência”.

“Nova York medieval no Báltico”

Karolina Kokora, diretora do museu de história de Wolin, descreveu o assentamento do século 10 como uma “Nova York medieval no Báltico”. Um entreposto comercial com uma população mista de vikings, germânicos e eslavos que desapareceu misteriosamente do mapa, deixando apenas resquícios de sua existência em textos arcaicos.

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Representação de Palnatoke, provável fundador de Jomsborg. Ilustração, www./bavipower.com.

Diz-se que houve milhares de habitantes, uma fortaleza e um longo cais para acomodar os navios vikings que navegavam de e para a Escandinávia, e até a América do Norte. Entretanto, traços de escravos eslavos negociados ao longo da costa do Báltico no primeiro milênio foram encontrados a milhares de quilômetros de distância, no Marrocos, onde os vikings também chegaram.

Partes de Hangmen’s Hill foram escavadas antes que o Dr. Filipowiak começasse a trabalhar, mas não a área selecionada para construção. O arqueólogo disse que sua descoberta fortuita do que ele acha que poderiam ser as muralhas da fortaleza de Jomsborg ainda precisa de mais análise, mas ele acredita que já existe “80% de certeza” de que este é o local.

O debate sobre a localização de Jomsborg – ou se realmente existiu – tem sido “uma discussão muito longa”, disse o Dr. Filipowiak. “Espero que eu possa ajudar a acabar com isso.”

Assista à animação e saiba mais sobre os Jomsvikings

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