El Ninho devastador semeia caos
El Ninho devastador semeia caos: em alguns lugares do mundo falta chuva. Noutros, chove demais. Cidades são soterradas por desmoronamentos, ou ficam debaixo d’água. A seca torra a agricultura em países tradicionalmente exportadores, como a África do Sul e o milho (e diversos outros da África). Sem o cereal o país terá que importar milhares de toneladas, prejudicando sua economia. O El Ninho é assim, espalha prejuízo em escala planetária.
A Organização Mundial da Saúde estima que os diversos episódios climáticos relacionado ao El Ninho colocaram em risco 60 milhões de pessoas, agravando a desnutrição, doenças transmissíveis por mosquitos e água contaminada, outras doenças, especialmente nos países em desenvolvimento.
El Ninho, entenda
Fenômeno cíclico, ele ocorre de dois a sete anos, e tem a duração média de 12 meses. O Processo se inicia quando a água quente do Pacífico se desloca para Leste, criando uma imensa zona aquecida do Pacífico central e oriental. O movimento adiciona calor e umidade no ar, que se condensa, e libera energia afetando os ventos de alta altitude que circundam o planeta.
É como girar um remo e gerar ondas atmosféricas em escala planetária
afirmou Michael McPhaden, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, NOOA.
O fenômeno ocorre entre a costa oeste da América Latina e o Sudeste Asiático, mas seus efeitos podem ser sentidos em todo o mundo – atingindo Japão e a região norte do Pacífico.
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O primeiro registro
Foi em 1600, no litoral do Peru, quando pescadores espanhóis notaram sua presença pela primeira vez. Era a época do Natal, batizaram-no El Ninho (Cristo criança em espanhol). Desde aí sua trilha de destruição é seguida por cientistas em amostras de gelo, corais, lamas de águas profundas, cavernas e anéis de árvores.
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Tundra do Ártico emite mais carbono do que absorveVanuatu leva falha global em emissões à HaiaO plâncton ‘não sobreviverá às mudanças do clima’Segundo os especialistas, o el ninho atual tem 85% de probabilidade de continuar o protagonista principal do clima, ao menos até abril de 2016.
Fenômeno ‘monstruoso’
A Nasa afirma que o El Niño de 2015-2016 poderá ser comparado ao que muitos chamaram de “fenômeno monstruoso” de 18 anos atrás (1997/98).
El Ninho no Brasil
São Paulo, a maior cidade do país por pouco não fica sem água. Um pouco mais acima, ainda no Sudeste, o excesso de chuvas e, talvez, a arrogância e imprevidência empresarial, detonaram a barragem de Mariana causando o pior acidente ecológico do país cujas vítimas, além de cerca de 20 pessoas que perderam a vida, contam centenas de famílias que perderam suas raízes e história; e um rio inteiro foi pro brejo: a morte do rio Doce. Enquanto isso o Nordeste frita, assa o solo, numa de suas piores secas.
El Ninho no mundo
Secas na Índia, provocadas pela redução das chuvas de monção de sudoeste, fizeram as colheitas caírem; com ela milhares de agricultores perderam seus empregos, aguardando bicos nas frentes de trabalho que pagam pouco menos de R$ 9,00 reais por dia.
Assunção, capital do Paraguai, virou um acampamento com casebres de madeira cobertos por lona plástica depois que a cidade sofreu suas piores inundações em 30 anos. Cerca de 145 mil pessoas ficaram desabrigadas, 60 mil só em Assunção, num país cuja população é de 6,5 milhões de pessoas.
Na Groenlândia o El Ninho acelera do derretimento do gelo; na Indonésia, seu calor põe fogo nas florestas. Não há um canto do mundo sem sentir seu gosto amargo.
El Ninho e economia global
Nosso cenário já anda suficientemente de pernas pro ar, não precisávamos somar aos prejuízos acumulados, a conta de mais este fenômeno climático. O El Ninho 1997/98 custou a morte de 23 000 pessoas, e 45 bilhões de dólares de prejuízo.
Fonte: The New York Times International Weekly, publicado por Folha de S. Paulo
Como há relatórios para tudo, segue um do Credit Suisse, sobre aspectos econômicos e El Ninho. Qual será o custo deste ano?