Corrente do Golfo atinge nível mais fraco em mil anos
Pesquisa desenvolvida por cientistas da Irlanda, Grã-Bretanha, e Alemanha, publicada na revista Nature Geoscience, indica que a Corrente do Golfo atinge o nível mais fraco em mil anos. “Nunca, em mais de 1.000 anos a circulação meridional do Atlântico (AMOC), também conhecida como sistema da corrente do Golfo, esteve tão fraca como nas últimas décadas”, indicam as conclusões da pesquisa.
Corrente do Golfo, origem e direção
Sua origem acontece na Flórida. Trata-se de corrente quente e rápida do Atlântico Norte, cerca de 90 km de largura e velocidades de pico superiores a 2 m/s, que segue a costa leste dos Estados Unidos e Canadá. Em seguida cruza o Atlântico em direção à Europa.
A corrente do golfo é de extrema importância para clima na Europa Ocidental. A temperatura poderia ser muito mais fria não fossem as águas quentes do golfo do México.
Forças que afetam as correntes marinhas
As correntes oceânicas são afetadas pelo vento, salinidade e temperatura da agua, além da forma do fundo do oceano e o movimento de rotação da Terra. As correntes estão localizadas na superfície. E também em águas profundas abaixo de 300 metros. Elas podem mover a água horizontalmente e verticalmente e ocorrem em escalas locais e globais.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemFrota de pesca de atum gera escândalo e derruba economia de MoçambiqueRuanda, líder global na redução da poluição plásticaPresidente do STF intima Flávia Pascoal, prefeita de UbatubaOs oceanos regulam o clima na Terra através da interação entre as correntes marinhas e a atmosfera. Os oceanos são fator chave no armazenamento e transferência de energia térmica em todo o mundo. O movimento desse calor através das correntes oceânicas afeta a regulação das condições climáticas locais e extremos de temperatura.
Corrente do Golfo atinge nível mais fraco em mil anos
“O sistema da corrente do Golfo funciona como uma correia de transmissão gigante, transportando água quente da superfície do Equador para o norte e enviando águas profundas e frias de baixa salinidade para o sul. Move quase 20 milhões de metros cúbicos de água por segundo, quase cem vezes o fluxo do Amazonas”, explica Stefan Rahmstorf, do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático de Potsdam, na Alemanha.
PUBLICIDADE
Segundo o investigador, as conclusões do estudo sugerem que a corrente tenha sido relativamente estável até final do século XIX. Mas terá começado a perder intensidade de uma forma mais drástica a partir de meados do século XX.
O relatório especial de 2019 sobre os oceanos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) “já tinha identificado que a AMOC enfraqueceu em relação a 1850-1900”. Stefan Rahmstorf enfatizou que esta nova investigação “fornece mais provas independentes para essa conclusão. E coloca-a num contexto paleoclimático de longo prazo”.
Leia também
Emissões de metano têm aumento recordeAcidificação do oceano está à beira da transgressãoConheça o novo navio de carga híbridoPesquisa de 2020 dizia o contrário
Curioso é que em 2020 foi publicada uma pesquisa dizendo exatamente o contrário, ou seja, que as correntes oceânicas aceleravam também em consequência de mudanças climáticas.
O estudo de 2020 dizia que ‘os ventos sobre o oceano estão aumentando a uma taxa de 1,9% por década. Esse aumento na velocidade do vento transfere energia para a superfície do oceano e, posteriormente, para águas mais profundas’.
‘Cerca de 76% dos oceanos a 2.000 m de profundidade observaram um aumento na energia cinética desde os anos 90. No geral, as velocidades da corrente oceânica subiram cerca de 5% por década desde o início dos anos 90, segundo o estudo’.
Porque a corrente desacelerou
A desaceleração da AMOC já tinha sido prevista em modelos climáticos como uma resposta ao aquecimento global causado pelos gases de efeito estufa. Isso acontece em razão das diferentes densidades da água que estão na origem da corrente.
Na prática, o aumento dos níveis de pluviosidade e o derretimento das camadas de gelo da Groenlândia adicionam água doce à superfície do oceano. Isso reduz a sua salinidade e, consequentemente, a densidade da água, enfraquecendo o fluxo da AMOC.
Segundo Levke Caesar, para a Europa, uma desaceleração adicional poderá implicar eventos climáticos mais extremos, como uma mudança nas rotas das tempestades de inverno, que poderão ser mais intensas. Assim como o surgimento de ondas de calor extremas ou uma diminuição do nível da chuva no verão.
“Se continuarmos a impulsionar o aquecimento global, o sistema da corrente do Golfo enfraquecerá ainda mais – 34% a 45% até 2100 -, de acordo com a última geração de modelos climáticos”, conclui Rahmstorf.
Aumento de tempestades
O Financial Times que também abordou o tema diz que ‘O Amoc não apenas transporta água quente para a Europa. É responsável pelos invernos amenos no Reino Unido – mas também influencia o desenvolvimento de tempestades’.
‘As descobertas do novo estudo são “preocupantes”, disse Rahmstorf. “Se isso continuar, podemos estar nos aproximando lentamente de um ponto de inflexão, onde essa circulação pode se desestabilizar completamente.
Segundo o FT, ‘Um estudo separado publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que, se o ritmo do aquecimento global se acelerar, isso pode fazer com que a Corrente do Golfo feche completamente’.
PUBLICIDADE
‘Johannes Lohmann, principal autor do estudo e pós-doutorado em física na Universidade de Copenhagen, disse que “não é tão provável” que a corrente alcance esse ponto nos próximos 100 anos, a menos que o aquecimento global se acelere’.
Outros fatores que influenciam o clima europeu
Segundo o Financial Times, ‘outros cientistas apontaram que ainda havia um alto grau de incerteza sobre como a Corrente do Golfo influencia o clima europeu’.
‘“Existem muitos outros fatores para as variações no clima europeu, incluindo o caos atmosférico”, disse Tim Palmer, professor de física do clima em Oxford, que não esteve envolvido no estudo.
“Este é um estudo interessante e que precisa de investigação contínua. No entanto, não deve ser interpretado demais’.
Assista ao vídeo do Dailymail e saiba mais sobre a corrente do Golfo
Imagem de abertura: scijinks.gov
Fontes: https://greensavers.sapo.pt/corrente-do-golfo-atinge-nivel-mais-fraco-dos-ultimos-1-000-anos-cientistas-alertam-para-consequencias-extremas-no-clima-na-europa/; https://www.sabado.pt/ultima-hora/detalhe/corrente-do-golfo-atinge-nivel-mais-fraco-dos-ultimos-mil-anos-alerta-estudo; https://www.ft.com/content/589d034a-ee9d-4c74-b20b-4b750c2d904d.
Parece que já vi isso em um filme de ficção …..hehehehe…será? A humanidade não aprende…os governantes não tem jeito mesmo…nos subestimamos a capacidade deles de fazerem os mal feitos!