Cavalo-marinho, mais um peixe ameaçado de extinção
Ameaças ao cavalo-marinho: turismo desordenado e venda de amuletos no Norte…Além da pesca incidental e desaparecimento de habitats. Em Maracaípe, ao lado da famosa Porto de Galinhas, PE, existe um santuário destes animais. Os curiosos peixes tornaram-se atração para turistas. O Mar Sem Fim visitou o local na primeira viagem pela costa brasileira, entre 2005 – 2007. Causou forte impressão o grande adensamento da região costeira, e a ocupação desordenada.
O turismo, que poderia ser uma solução para as populações nativas do litoral, já que a pesca apresenta um declínio irreversível, acabou resultando no desaparecimento de 80% da população de cavalos- marinhos de Maracaípe.
Cavalo- marinho seco, vendidos como amuletos
A outra surpresa que este site encontrou foi a visita ao mercado Ver-o-peso, em Belém. Ali estão à venda pencas de cavalos-marinhos secos. Além de vários outros animais, como cobras por exemplo. E não há fiscalização. Os cavalos-marinhos secos são vendidos como amuletos, ou afrodisíacos, conforme a crença do freguês.
Cavalo-marinho torna-se brinco, pingente ou chaveiros no Brasil
O Brasil abriga intenso comércio doméstico de animais secos, que são vendidos em feiras-livres, mercados de artesanato, lojas de artigos relacionados a religiões afro-brasileiras ou por vendedores ambulantes que comercializam os exemplares, sobretudo na forma de brincos, pingentes ou chaveiros.
Cavalos-marinhos: 20 milhões comercializados por ano: panaceia na medicina asiática, eles fazem parte da mitologia
Matéria da Folha de S. Paulo diz que
mais de 20 milhões de peixes são comercializados por ano, envolvendo 40 países e territórios. Eles existem há mais de 40 milhões de anos. Na medicina asiática o cavalo-marinho é quase panaceia, receitado para praticamente todos os males. Por isso os preços altos. Em Hong Kong o quilo pode alcançar US$ 1.200 dólares. Eles também fazem parte da mitologia, atribuindo-lhes os antigos romanos o privilégio de puxar o carro de Netuno.
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Brasil: um dos maiores exportadores mundiais de cavalo-marinho
O mesmo plano do Ibama reconhece que
O Brasil participa ativamente do comércio internacional de cavalos-marinhos, sendo um dos maiores exportadores de indivíduos vivos para fins de aquarismo no mundo, e o maior da América Latina (BAUM; VINCENT, 2005).
Ibama reconhece que os cavalos-marinhos estão na lista mundial dos peixes ameaçados de extinção. Mas não toma outra providência além do reconhecimento
Um documento do órgão reconhece o perigo por que passam os peixes desta espécie (Saiba mais sobre cavalo-marinho), não apenas no Brasil, mas no mundo:
Para as duas espécies de cavalos-marinhos da costa brasileira, as cotas foram definidas para manter as capturas e exportações em níveis mínimos, com base nos seguintes relatos de pescadores: (1) as populações já apresentam declínios acentuados nas capturas, (2) as espécies são objeto de extração para múltiplas finalidades, (3) sofrem com a captura acidental em grandes quantidades, (4) que os seus habitats estão submetidos a ações antrópicas negativas e (5) que mundialmente os cavalos-marinhos estão ameaçados de extinção, constando inclusive no Apêndice II da Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora-CITES.
Se, como diz o documento, “as populações já apresentam declínios acentuados” por que permitir sua captura? Só mesmo no país de Macunaíma…
Proposta de Plano de Gestão “para uso sustentável” de cavalos-marinhos do Brasil- 2011 (o Plano é do Ibama, as aspas, deste site)
na Lista Vermelha da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, 2009)
Os principais motivos são:
degradação de seus habitats naturais como bancos de gramas marinhas (seagrass beds), recifes de coral e manguezais, captura incidental em aparelhos de pesca (bycatch), sobre-exploração para uso em medicinas tradicionais como peixes ornamentais, curiosidades ou amuletos
Por que proteger o cavalo- marinho
De acordo com o projectseahorse.org, os principais motivos para protegê-los são:
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Os cavalos-marinhos devem ser protegidos por razões biológicas, ecológicas e econômicas. Sua extraordinária história de vida – apenas o macho fica grávido e algumas espécies são sazonalmente monogâmicas. Eles são predadores importantes de organismos que habitam o fundo; removê-los pode perturbar os ecossistemas costeiros. Eles também são uma importante fonte de renda e segurança alimentar para os pescadores de subsistência em muitas partes do mundo. As proteções para os cavalos-marinhos beneficiam muitas outras espécies e ecossistemas marinhos.
Neste sensacional vídeo, a reprodução:
Fontes: ISeahorse.org ; ibama.org; projectseahorse.org; Folha de S. Paulo; http://news.nationalgeographic.com.
Imagem de abertura:http://news.nationalgeographic.com.
No Brasil cavalos- marinhos tornan-se brincos, ou pingentes. Na China vendem-se animas marinhos plastificados. Quem é pior? Duro saber.