Brasil e a exploração mineral no Atlântico Sul
Exploração mineral no Atlântico Sul: no início de novembro foi assinado o primeiro contrato para explorar cobalto, platina, manganês, tálio e telúrico, no Atlântico Sul. De um lado, o Serviço Geológico do Brasil. Do outro, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA). O Brasil foi autorizado pela Organização das Nações Unidas a explorar recursos minerais em águas internacionais do oceano Atlântico. Tal ato levanta potenciais ganhos econômicos e muitas preocupações ambientais.
Com a permissão, o país tem o direito de atuar por 15 anos em uma área de 3 mil quilômetros quadrados, na região do Atlântico, conhecida como Elevação do Rio Grande, localizada a cerca de 1,5 mil km da costa do Rio de Janeiro.
Minério no fundo do mar: de grande valor estratégico
O Ministério de Minas e Energia fez um investimento de R$ 90 milhões ao longo de quatro anos em estudos sobre o potencial geológico desta área. O Brasil poderá estudar as crostas ricas em cobalto. Esses depósitos foram identificados como de grande potencial econômico e estratégico.
Brasil num seleto grupo formado por Rússia, Noruega, França, China, Alemanha e Coreia
Este é o primeiro contrato firmado por um país do Hemisfério Sul, colocando o Brasil num seleto grupo formado por Rússia, Noruega, França, China, Alemanha e Coreia.
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Projeto de geologia marinha é considerado estratégico
De acordo com nota emitida pela Marinha do Brasil o projeto de geologia marinha é considerado estratégico pelo governo. E está inserido no Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial, PROAREA, criado em 2009 pela CIRM.
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Continente Submerso?
A descoberta de rochas continentais na Elevação Rio Grande “abre a possibilidade da região abrigar um continente submerso”. “Segundo os geólogos, a Elevação do Rio Grande poderia ser uma massa de terra que afundou durante a separação da Pangeia, o supercontinente que existiu no final da era Paleozoica (há 200 ou 300 milhões de anos atrás), cuja divisão formou os continentes hoje conhecidos”.
Oceanos: de proteínas a minério, mais um perigo que se avizinha
Há tempos que cientistas sabem do potencial do fundo marinho para a prospecção de diversos minerais. O que faltava era tecnologia a preços compatíveis com a exploração econômica de tais reservas.
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Brasileira disputa chefia da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA)Inteligência Artificial tem alto custo ambientalIlhas Cook na vanguarda da mineração submarinaO futuro chegou. Já existe esta tecnologia. A partir de agora cada vez mais países receberão permissão semelhante. Isso pode tornar o subsolo marinho uma imensa mina com consequências perigosíssimas.
Quais os riscos envolvidos?
Os ambientalistas estão preocupados. Para eles os riscos da exploração ainda não foram suficientemente pesquisados. Sylvia Earle, em seu livro The World is Blue, diz que “cada palmo do subsolo marinho pode ter biodiversidade maior que uma floresta tropical”.
Ela é radicalmente contra esta exploração. É preciso mais estudo sobre o fundo submarino, e mais tecnologia para evitar acidentes.
Campanhas contra a mineração
Já há campanhas mundiais contra a exploração mineral submarina. Uma delas, a DSM (Deep Sea Mining), conta com apoio de Sylvia, tida pela Time Magazine como a Primeira Heroína do Planeta.
Sylvia Earle também foi a primeira mulher nomeada cientista chefe da NOAA, a agência norte-americana que cuida de tudo com relação ao mar. Da pesca à poluição, passando pela previsão meteorológica, pesquisa, etc.
É bom ficar de olhos abertos, e não se entusiasmar. Um acidente pode se tornar uma catástrofe ambiental, vide a barragem da Samarco, em Mariana. Ou a explosão da usina de Fukushima, no Japão, que até hoje traz consequências nefastas ao meio ambiente marinho e costeiro.
Fontes: cprm.gov.br; isa.org.jm; geologiamarinha.blogspot.com.br; mar.mil/secirm/portugues/proarea; diariodigital.sapo.pt/news; www.deepseaminingoutofourdepth.org/about/; http://www.noaa.gov/; greenpeace.