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Argentina proíbe criação de salmão na Terra do Fogo

Argentina proíbe criação de salmão na Terra do Fogo

O site portenho Página 12 assim titulou sua matéria de final de maio: ‘Histórico: a Argentina se tornou o primeiro país do mundo a proibir a criação de salmão’. No corpo do texto a explicação dava conta que ‘a Assembleia Legislativa da Terra do Fogo aprovou por unanimidade (no final de maio) uma lei que proíbe a criação de salmão na província, uma decisão que é histórica por ser o primeiro país do mundo a legislar contra esta atividade nociva ao meio ambiente’. O Página 12 não foi o único a comemorar. O site infobae.com saiu com, ‘Histórico: Terra do Fogo proibiu fazendas de salmão no Canal de Beagle’. Argentina proíbe criação de salmão na Terra do Fogo.

Cartaz dizendo não às fazendas de salmão da Argentina
Bravos aos ‘hermanos’! Imagem, https://www.infobae.com/

Argentina proíbe criação da salmão na Terra do Fogo

Não faz muito que publicamos um post que foi muito comentado pelos leitores, e nem sempre entendido por alguns deles, que mostrava os terríveis problemas sociais e de poluição provocados pelas fazendas de salmão chilenas instaladas nos canais da Patagônia, uma área ainda prístina da América do Sul.

Mas elas não são contestadas apenas no Hemisfério Sul. As fazendas de salmão do Canadá são igualmente perigosas, e controversas. Quanto ao salmão que encontramos nos supermercados brasileiros, também já informamos aos leitores o que de fato estão comendo ao comprarem estes peixes.

O post Indústria de salmão do Chile, perigosa e insustentável teve 34 comentários de leitores, o que deve ser um recorde. E muitos não entenderam por que condenamos as criações chilenas. Quem sabe agora, com a decisão dos ‘hermanos’, eles compreendam as dificuldades da criação de peixes, e o rastro de poluição e problemas sociais que deixam as criações de salmão.

Projeto que proíbe criação de salmão é de 2018

Segundo o Página 12, o projeto foi apresentado pelo  deputado Pablo Villegas, da Terra do Fogo, e apoiado por organizações ambientais locais e nacionais desde 2018 quando começou a ser debatido o possível estabelecimento de fazendas de salmão no Canal de Beagle.

Pablo Villegas foi autor do Projeto de Lei que baniu a criação dos canais da Patagônia. Imagem, Página 12.

De acordo com o site, em 2018 a Argentina assinou um acordo com a Noruega para desenvolver a criação no canal. Imediatamente após, ONGs e entidades acadêmicas como a Universidade Nacional da Terra do Fogo (Untdf) passaram a lutar por uma lei que proibisse a atividade.

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O site explica que chefes de prestígio, como Francis Mallmann, e outros, aderiram à causa e, em 2019, conseguiram que as gaiolas com salmões instaladas naquele ano em Puerto Williams (território chileno) fossem declaradas ilegais.

Estefanía Gonzales comemorando.

Estefanía Gonzales, do Greenpeace argentino, declarou ao Página 12: “A Argentina está fazendo história. Isso é muito importante porque uma vez instalada essa indústria é muito difícil combatê-la, mesmo quando cometem ilegalidades e desastres ambientais. Os impactos que deixam podem ser irreversíveis. No Chile vimos mortes de baleias, de outras espécies marinhas, e a poluição do fundo que deixa verdadeiros desertos.”

A introdução de espécies invasivas

No mesmo post que publicamos sobre a criação de salmão no Chile, condenamos a atitude irresponsável do governo brasileiro  de criar tilápias nas represas de 73 hidrelétricas do Brasil. A tilápia é uma agressiva espécie exótica ou invasiva, oriunda da África. Mais uma vez, parte dos leitores não entenderam nossa objeção.

Vejamos o que diz sobre os salmões Estefanía Gonzales: “Não existe uma forma correta de fazer a coisa errada. O salmão é uma espécie exótica nos mares da Argentina e do Chile, não é uma espécie presente naturalmente, por isso a quantidade de produtos químicos e antibióticos que são necessários para sua produção e, além disso, o impacto que geram no ecossistema torna praticamente impossível que esta atividade seja realizada sem impacto.”

Os peixes são criados em tanques cercados no mar. Imagem, Página 12.

O Mar Sem Fim também já explicou o problema das espécies invasivas, um dos três piores para a perda de biodiversidade do planeta.

Já o autor do projeto, Pablo Villegas, comemorou ao declarar ao site infobae.com: “A sanção desta lei é uma definição institucional clara e contundente que destaca a importância para o povo da Terra do Fogo da proteção e conservação de nossos recursos naturais, do patrimônio genético de nossos seres vivos e de seu meio ambiente para o desenvolvimento econômico sustentável.”

Mar da Terra do Fogo é sumidouro de carbono

O site infobae.com destaca em sua matéria que ‘as águas da Terra do Fogo concentram 50% das florestas de algas existentes na Argentina, um dos grandes sumidouros de carbono do planeta e lar de um grande número de fauna associada’.

E mostra que  ‘a introdução de espécies invasivas como o salmão (oriundo do Hemisfério Norte) altera os ecossistemas naturais ao predar espécies nativas e competir com elas por alimento como aconteceu no Chile’.

E mais: ‘após oito anos, a gaiola de salmão acaba destruindo toda a biodiversidade do setor onde foi instalada, matando todos os seres vivos e deixando uma zona morta que é muito difícil regenerar’.

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Em resumo, parabéns aos argentinos pelo bom senso.

Imagem de abertura: https://www.infobae.com

Fontes: https://www.infobae.com/sociedad/2021/06/30/historico-prohibieron-las-salmoneras-en-el-canal-de-beagle/?fbclid=IwAR2vI5aOzdxoH0R2L3afUx50OCFkdZcHsuVkSHAv9DdTxAJec9c4mJksxc4; https://www.pagina12.com.ar/351666-historico-argentina-se-convirtio-en-el-primer-pais-del-mundo?fbclid=IwAR0VxL_PxtizNJ0B1hK_uOQLgbcC2e8B7wqV4OSG6WCkKGFCWYzQFdUj7j0.

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