Vida marinha enfrenta ameaça devido à remoção maciça de areia
Cerca de seis bilhões de toneladas de areia são extraídas anualmente do fundo dos oceanos, resultando em danos irreparáveis para a vida bêntica, de acordo com a plataforma global Marine Sand Watch, desenvolvida pelo GRID-Genebra, um Centro de Análise do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A plataforma ajudará a rastrear e também monitorar atividades de dragagem de lodo, cascalho, areia, argila e rocha no ambiente marinho mundial, incluindo pontos críticos como o Mar do Norte, a costa leste dos EUA e o sudeste da Ásia. Vida marinha enfrenta ameaça devido à remoção maciça de areia.

‘A escala de impactos ambientais é alarmante’
Para Pascal Peduzzi, Diretor do GRID-Genebra no PNUMA, “a escala dos impactos ambientais das atividades de mineração e dragagem em águas rasas é alarmante, incluindo a biodiversidade, a turbidez da água e os impactos do ruído nos mamíferos marinhos. Estes dados sinalizam a necessidade urgente de uma melhor gestão dos recursos de areia e de redução dos impactos da mineração em mar raso.”

Esta nova revelação da ONU alarmou os pesquisadores e teve repercussão mundial. Embora a mineração de areia e cascalho em águas rasas seja vital para vários projetos de construção, ela representa uma grande ameaça para as comunidades costeiras que enfrentam o aumento do nível do mar e as tempestades, sem falar na vida marinha.
Segundo o site da ONU, apesar da importância estratégica da areia, a extração, fornecimento, utilização e gestão permanecem em grande parte desgovernadas em muitas regiões do mundo, levando a inúmeras consequências ambientais e sociais largamente ignoradas.
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Este ‘desgoverno’ acontece também no Brasil. Aqui, a extração ilegal de areia atinge a estratosférica cifra de R$ 20 bilhões ao ano, conforme noticiamos. Antes de mais nada, este é apenas mais um aspecto da superpopulação mundial. Está mais que na hora da ONU discutir, igualmente, o controle de natalidade.
Os humanos levaram centenas de milhares de anos, até 1804, para atingir o primeiro bilhão. Foram precisos mais 123 anos para chegar a dois bilhões em 1927. Desde então, passamos por esses marcos como outdoors ao longo de uma rodovia. Ou seja, o último bilhão levou apenas uma dúzia de anos. Em 2050, segundo a ONU, seremos 9,9 bilhões de pessoas. Entretanto, contando com ‘apenas’ oito bilhões já ultrapassamos a capacidade de reposição do planeta.
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Para se ter uma ideia, estima-se que 200 milhões de mulheres em todo o mundo não tenham acesso a ferramentas de planejamento familiar. Se o fizessem, 52 milhões de gravidezes indesejadas poderiam ser evitadas todos os anos. É chegada a hora de uma discussão séria sobre este tabu. Cedo ou tarde teremos de fazê-lo.
Navios atuavam como aspiradores de pó, dragando areia e microrganismos
A BBC repercutiu o assunto: ‘O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) disse que alguns navios atuavam como aspiradores de pó, dragando areia e microrganismos dos quais os peixes se alimentam. Isto significa que a vida poderá nunca se recuperar em algumas áreas.’
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Brasileira disputa chefia da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA)Ilhas Cook na vanguarda da mineração submarinaParlamento norueguês vota pela mineração submarina‘A nova plataforma estima que dos cerca de 50 bilhões de toneladas de areia e cascalho utilizados pela humanidade todos os anos, uma média de seis bilhões de toneladas provêm dos oceanos e mares do mundo.’
A rede inglesa ouviu Pascal Peduzzi: “A escala dos impactos ambientais das atividades de mineração em mar raso e da dragagem é alarmante. Isto equivale a mais de um milhão de caminhões basculantes todos os dias.’
O ambiente marinho deve ter tempo para se recuperar, disse ele, acrescentando que “não é sustentável”. Para Peduzzi, as grandes embarcações estão basicamente esterilizando o fundo do mar, extraindo areia e triturando todos os microrganismos que alimentam os peixes.
O Mar da China Meridional, o Mar do Norte e a costa leste dos Estados Unidos estão entre as áreas onde ocorreram mais dragagens, disse Arnaud Vander Velpen, responsável pela indústria de areia e análise de dados da Universidade de Genebra.
Vander Velpen alertou, também, que a China, os Países Baixos, os Estados Unidos e a Bélgica estão entre os países mais ativos no setor.