Tubarão-cobra, um fóssil vivo dos oceanos
Antecipadamente, o tubarão-cobra (Chlamydoselachus anguineus) é estranho, de aparência pré-histórica. O animal vive em mar aberto e passa a maior parte do tempo em águas profundas e escuras muito abaixo da superfície. O corpo longo e cilíndrico atinge comprimento de quase 2 m, enquanto, as barbatanas ficam na parte final. Segundo a Oceana, ‘tubarões-cobra são predadores ativos, podem atacar presas em potencial engolindo-as inteiras, mesmo as grandes. Já, o estilo normal de natação se parece ao da enguia. Nadam em forma serpentina. Conheça este animal.
Um fóssil vivo dos oceanos
Antes de tudo, assim como o celacanto que ainda resiste há 400 milhões de anos, tubarões têm a mesma idade. Contudo, há mais de 480 espécies, muitas, acredita-se ainda a serem descobertas e descritas.
Recentemente, foi encontrado um tipo na Indonésia que anda usando nadadeiras como ‘patas’. Consequentemente, o tubarão com manchas ‘caminha’ durante a noite no solo do oceano em busca de peixes e mariscos.
Seja como for, tubarões-cobra raramente são encontrados na natureza, por isso, pouco se sabe sobre sua ecologia. As informações limitadas, contudo, baseiam-se na dissecação de indivíduos capturados em pescarias ou observações em cativeiro.
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Mas, sabe-se que estão na Terra há 80 milhões de anos. Segundo oceanconservancy.org, apareceram pela primeira vez no Cretáceo quando estrelas favoritas do Jurassic Park, Tyrannosaurs rex e Velociraptor, vagavam aleatoriamente.
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“Quase ameaçado” de extinção
Em alguns lugares, são capturados acidentalmente em capturas incidentais em pescarias de outras espécies, nesses casos, podem ser mantidos e usados como alimento.
Contudo, nenhuma pesca visa os tubarões-cobra. Além disso, especialistas – como resultado da raridade e captura ocasional – o consideram “quase ameaçado”.
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Assim, recorremos ao site especializado sharks.org: o habitat é bentônico, epibentônico (vivem sobre o substrato) e pelágico. Ainda assim, freqüentam plataformas offshore e encostas continentais e insulares superiores de 50 a 1.500 m de profundidade, mas, ocasionalmente localizam-se na superfície.
A princípio, a distribuição é ampla, mas, irregularmente divididos no mundo e geralmente em águas profundas. As presas, normalmente, lulas e peixes que nadam em águas profundas. Contudo, filhotes podem se alimentar de enormes ovos uterinos com 11 a 12 cm de comprimento.
Já, a reprodução é ovovivípara (embrião se desenvolve dentro do ovo), com 6-12 filhotes por ninhada. Fêmeas grávidas têm abdomens muito grandes e podem se reproduzir o ano todo. Mas, acasalam na primavera ao largo do Japão. O período de gestação, provavelmente, longo (1-2 anos) e o tempo de vida, estimado em 25 anos.
Além disso, tubarões-cobra crescem até um metro e oitenta de comprimento com 25 fileiras de dentes voltados para dentro garantindo que, quando a presa entra, não saia mais.
Algo saído de um filme de terror
Ou seja, vislumbres são raros. Em 2015, um pescador australiano pegou um e descreveu a experiência como algo saído de filme de terror. Mas, se toda a conversa sobre esse tubarão assustador te deixa nervoso para mergulhar, esqueça.
Esses tubarões normalmente vivem centenas ou mesmo milhares de pés abaixo da superfície. A pessoa comum será capaz de ver um tubarão-cobra apenas em fotos.
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Algumas curiosidades sobre os tubarões
Função nos ecossistemas
Como predadores, a principal é regular cardumes, consequentemente, não atacam qualquer peixe, mas, os debilitados que apresentam doenças ou os mais fracos. Em resumo, tubarões alimentam-se de peixes e invertebrados menos aptos à sobrevivência garantindo a saúde dos estoques pesqueiros de todo o mundo.
Confusão do consumidor: cação e tubarão são sinônimos
Ao contrário do que pensam, tubarões ou cações são sinônimos. Apenas, a indústria prefere chamá-los ‘cações’ ao vender a carne em mercados.
Tubarões valem mais vivos que mortos
Atualmente, os tubarões valem mais vivos que mortos. Como? O turismo de observação ou ecológico, realidade mundo afora é, infelizmente, esquecido e desprezado no país de Macunaíma.
Segundo a EFE, um estudo da Oceana prova que tubarões valem mais vivos que mortos. Entre outras, “o mergulho com tubarões gerou na Flórida, aproximadamente, US$ 221 milhões em 2016 (mais de US$ 300 milhões em 2018).
Em outras palavras, valor mais de 200 vezes superior ao que a venda de barbatanas rendeu aos Estados Unidos em 2015 (US$ 1,03 milhão em 2015).
Matança de tubarões no mundo
Mas, apesar de valerem mais para turismo que consumo, entre todas as espécies tubarões diminuíram em quase 70% nos últimos 50 anos. Hoje, 25% das conhecidas estão ameaçadas de extinção. O motivo para a matança, gira em torno de 70 a 100 milhões de animais ao ano, são barbatanas apreciadas nas mesas asiáticas.
Os tubarões e a cura de doenças
Curiosamente, várias espécies são estudadas para a cura de doenças. Entre elas, tubarões-brancos. O genoma dos grandes brancos foi decodificado, os segredos podem ter respostas para curar o câncer e outras doenças relacionadas à idade. E as descobertas, reveladas em estudo publicado no Proceedings of National Academy of Sciences.
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Já, pesquisadores da Espanha sequenciaram o genoma do tubarão-elefante (Cetorhinus maximus) e encontraram genes que impedem a calcificação das cartilagens. Isso significa, abrir novas vias de estudo voltados à doenças ósseas como, por exemplo, osteoporose diz a Nature.
Tubarões atacam os seres humanos?
Finalmente, a pergunta que não quer calar. Afinal, tubarões atacam seres humanos? Segundo especialistas, não. Geralemente, ataques acontecem por erro. Tubarões têm visão fraca, seu grande aliado é o faro ou o sexto sentido algo que só eles e raias têm. É pelo cheiro e eletricidade que investem contra peixes e outros animais.
Por isso, ataques registrados, no Brasil notadamente na orla do Recife, acontecem porque o animal vê uma mancha que pensa ser peixe ou, até mesmo, uma foca. Então, investe e abocanha. Tão logo percebe o erro, libera o que mordeu muitas vezes, tarde demais. Na maioria dos ataques, pessoas morrem por hemorragia dada a violência da mordida.
Mas, até hoje não se conhece um caso sequer em que uma pessoa foi devorada por tubarões.
Assista ao vídeo do tubarão-cobra e saiba mais sobre a espécie
Imagem de abertura: Pinterest
Fontes:https://www.worldwildlife.org/species/shark#:~:text=1%2C000&text=With%20fossil%20records%20dating%20back,new%20species%20discovered%20every%20year; https://oceanconservancy.org/blog/2022/03/10/frilled-shark/; https://www.sharks.org/frilled-shark-chlamydoselachus-anguineus; https://oceana.org/marine-life/frilled-shark/.