Pesca ilegal chinesa prossegue no mar argentino
Um relatório publicado pela InSight Crime em conjunto com o Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da Universidade Americana (CLALS) revela que centenas de embarcações chinesas continuam pescando ilegalmente no mar argentino. As embarcações ignoram múltiplas reivindicações internacionais e o trabalho de prevenção da Armada. Essa ação representa um saque, que pode até esgotar a presença da lula dentada na área. E, antes de mais nada, não nos esqueçamos que se pescam ilegalmente na ZEE argentina, com toda certeza também o fazem na ZEE brasileira. Pesca ilegal chinesa prossegue no mar argentino.
A uma milha do fim da ZEE argentina
A China é a maior predadora dos mares do planeta. Isto é sabido há tempos. O problema é como controlar esta intromissão ilegal e indesejada.
Agora, para evitarem problemas legais, frotas chinesas têm a cara de pau de pescarem a exatas 201 milhas da costa argentina. Ou seja, uma milha a mais do que determina a ZEE argentina.
Contudo, segundo o ciudadano.news, ‘como apontado em várias investigações jornalísticas, centenas dessas embarcações usam diferentes manobras para cruzar esse limite e continuar pescando além da área permitida, sem que as autoridades chinesas tenham implementado nenhuma sanção efetiva até o momento.’
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Se eles estão à beira da ZEE argentina, é muito possível que, do mesmo modo, façam isto na ZEE brasileira.
O país não tem vergonha de se expor. Em 2013 a China iniciou conversas com o governo do Uruguai visando um terminal de pesca em seu território. Não deu certo. Então, mais recentemente, em janeiro de 2021, a China teve o desplante de oferecer ao governo do Rio Grande a construção de um polo pesqueiro para seus navios.
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Ainda recentemente saudamos o novo ministro da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, por ter chamado a atenção para a importância da ZEE, e clamado por auxílio do Congresso no pleito de aumento da ZEE brasileira, atualmente a décima segunda maior do mundo.
Trata-se de uma área de vital importância por suas riquezas, para as futuras gerações do País. Mas, se não tivermos condições de patrulhar a imensa área de 3,5 milhões de km2, como impedir o saque?
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Como acentua o www.infobae.com, ‘O país asiático não penaliza as embarcações que ultrapassam o limite das 200 milhas e entram em águas nacionais argentinas. As características do fundo do mar naquela área permitem técnicas simples de captura de lulas, colocando em risco a sua população.’
‘Como a Infobae detalhou em várias ocasiões, centenas dessas embarcações usam diferentes manobras para cruzar esse limite e continuar pescando além da área permitida, sem que as autoridades chinesas tenham implementado nenhuma sanção efetiva até o momento.’
O infobae ouviu Daniel Coluccio, chefe do Observatório Marítimo Naval Argentino, para quem “além da milha 200 não há controle”. Assim, esses barcos aproveitam para pescar ali “o que podem dia e noite”. Desse modo, “em algum momento o recurso diminuirá.”
Nessa mesma linha, diz o infobae, o relatório também cita um estudo da ONG Oceana, que indica que metade das capturas mundiais de lulas dentadas vem de águas argentinas, portanto a pesca ilegal pode estar afetando sua população.
Os recursos vivos da ZEE argentina
A Zona Econômica Exclusiva argentina tem uma profundidade relativamente rasa, diz o Infobae, com cerca de 200 m. Nela, há abundância de lulas, bacalhau do sul, também conhecido por marlonga negra, lagostas, e outras espécies valiosas.
A China sabe disso e não se incomoda em varrer o solo marinho argentino com redes de arrasto, a pior e mais mortífera forma de pesca, em busca destes recursos.
Além do mais, explicou o portal, ‘esses navios desligam regularmente seus sistemas de identificação automática (AIS). São sistemas que transmitem identidade e posição, para entrar na ZEE sem serem detectados ou deixar rastros, o que é ilegal.’
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Por estes motivos, a Armada argentina já metralhou e afundou pesqueiros chineses. Porém, nem assim a pilhagem cessou. Mais um motivo para darmos força ao novo ministro da Marinha, tanto para o pleito de aumentar nossa ZEE como, da mesma forma, condições para que a MB possa de fato patrulhar a Amazônia Azul.
Pesca ilegal gera perdas de US$ 2,6 bilhões para a Argentina
Outra matéria do infobae, de outubro de 2022, mostra que as perdas argentinas chegam a US$ 2,6 bilhões de dólares ao ano!
‘Estima-se que a pesca ilegal nas águas territoriais argentinas gere perdas entre US$ 1.000 milhões e US$ 2.600 milhões por ano.“Considerando que as exportações anuais de vinho foram de US$ 817 milhões em 2021, a pesca ilegal é mais que o dobro do tamanho da indústria vinícola argentina. A lula, principal alvo e espécie estratégica na cadeia alimentar e biodiversidade, está causando um colapso em larga escala nos sistemas de vida marinha do Atlântico Sul.’
Por aí se vê o quanto representa apenas a pesca ilegal, sem falar nos recursos não vivos. É mais que hora da Marinha do Brasil ter condições necessárias para defender esta riqueza.