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Mar brasileiro revela duas novas descobertas

Mar brasileiro revela duas novas descobertas

Apesar da poluição, da pesca descontrolada, e do pouco caso que o mar brasileiro desperta no poder público, bem como no cidadão comum, duas novas descobertas encantaram os pesquisadores. Uma delas fica no litoral do Espírito Santo, a outra é uma nova espécie de peixe descoberto no talude continental do mar de São Paulo. Segundo a Revista Fapesp, a novidade no Espírito Santo é ‘um novo tipo de recife, formando montes salpicados de vermelho, laranja e amarelo a perder de vista, com alta concentração de peixes grandes.’

colinas coralinas descoberta no mar brasileiro
Colinas coralinas. Imagem de Hudson T. Pinheiro / USP.

Descobertas entusiasmam pesquisadores

Os mares, ou as profundezas dos oceanos, são em geral pouco conhecidos no mundo. Que diria em países em desenvolvimento como o nosso. A princípio isto acontece por vários motivos. Um deles é o alto custo na exploração, já que novos equipamentos, frutos do desenvolvimento da tecnologia, são muito caros.

A última descoberta a empolgar foi o grande recife amazônico, em 2016.  Antecipadamente, ninguém acreditava ser possível um banco de recifes debaixo da pluma de água doce e barrenta, como é o caso da foz do Amazonas.

Normalmente, os corais precisam águas limpas e muita insolação. No entanto, os corais da foz do Amazonas, além de estarem debaixo de águas barrentas, ficam entre 50 e 200 metros de profundidade. O  conjunto  é enorme,  uma faixa com cerca de 900 km de extensão por 40 km  de largura que se estende do Maranhão até a Guiana Francesa.

E, antes de mesmo de serem mais estudados, já estão ameaçados em razão do petróleo que há na região. Já comentamos que este será um grande desafio para o governo Lula que desde a campanha promete devolver o País ao protagonismo nas questões ambientais.

A discussão se a Petrobras deve explorá-los já acontece nos bastidores do governo. De um lado Marina Silva, ícone do ambientalismo e seus parceiros no governo, de outro, os desenvolvimentistas. A qualquer momento a decisão será anunciada. E, embora a imprensa daqui ainda mantenha-se tímida em abordar o assunto, a do exterior já comenta este ‘dilema’ para Lula.

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Seja como for, das duas novas descobertas a mais empolgante é o que os pesquisadores chamam de ‘colinas coralinas’.

As colinas coralinas do mar do Espírito Santo

Segundo a Revista Fapesp, ‘No topo de montanhas submarinas perto do Espírito Santo, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) encontraram um novo tipo de recife, formando montes salpicados de vermelho, laranja e amarelo a perder de vista, com alta concentração de peixes grandes.’

A ele foi dado o nome de colinas coralinas. Elas se encontram na Cadeia Vitória-Trindade, uma série linear de montes submarinos, que seguem mais ou menos em linha reta até às ilhas oceânicas Trindade e Martim Vaz. A descoberta saiu na revista Coral Reefs.

Segundo a Fapesp, o encontro se deu nas proximidades do monte Davis, parte da cadeia Vitória-Trindade. ‘De acordo com estudos anteriores, o topo seria um extenso campo de rodolitos – aglomerados redondos formados por algas calcárias. Mas foi lá que, em setembro de 2011, o biólogo Hudson Tercio Pinheiro, do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP, teve uma surpresa ao mergulhar e observar com atenção o topo da montanha, a 70 m de profundidade.’

Recife formado por serras de até 50 m

‘O pesquisador se viu diante de um tipo inesperado de recife, formado por serras de até 50 m crescendo a partir da base. Ao redor dos morros havia uma grande diversidade de peixes, com muitos tubarões e outros grandes predadores, como o mero (Epinephelus itajara), com até 1,5 m de comprimento, que se esconde entre os recifes.’

‘A área constitui um novo tipo de ambiente marinho, chamado de colinas coralinas, em razão das algas calcárias que formam os recifes.’ A Fapesp diz que ao comparar as colinas com ambientes semelhantes, os pesquisadores verificaram que a quantidade de grandes peixes predadores era 45% maior do que em áreas marinhas protegidas no Caribe, no México além de outros pontos do litoral brasileiro.’

Contudo, da mesma forma que o grande recife amazônico está ameaçado, o mesmo acontece com mais esta descoberta. De 2009 a 2011, diz a Fapesp, uma empresa de mineração danificou parte do ambiente para extrair calcário, usado como fertilizante. A atividade representa uma das ameaças a esses montes submarinos, juntamente com a pesca ilegal.

Assista ao vídeo

Nova espécie de peixe

A nova espécie foi descoberta no talude continental do mar de São Paulo. Talude continental é a região de inclinação acentuada  que vem após a plataforma. Foi ali que pesquisadores a bordo do navio de pesquisa da USP, o Alpha Crucis coletavam animais a cerca de 1,5 m de profundidade.

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Segundo a Revista Fapesp, ‘os pesquisadores encontraram dois exemplares de um raro grupo de peixes, conhecidos como brótula-vivípara. Batizada de Sciadonus  alphacrucis, a espécie tem corpo alongado como uma enguia, nadadeiras pequenas, olhos reduzidos e corpo translúcido e sem pigmentação.’

A matéria informa que o gênero Sciadonus tem cinco espécies de águas profundas dos oceanos Atlântico e Pacífico, algumas vivendo a 7 mil m de profundidade. “Esse é o primeiro registro do gênero no Atlântico Sul”, disse o o biólogo Naercio Aquino Menezes, do Museu de Zoologia da USP.

Contudo, da mesma forma esta descoberta escancarou uma triste realidade: Segundo a Fapesp, ‘Também chamou a atenção dos pesquisadores a grande quantidade de lixo trazido pelas redes com os peixes de grandes profundidades.’

É uma no casco, outra na ferradura.

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