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Indústria de cruzeiros precisa de controle rigoroso

Indústria de cruzeiros precisa de controle rigoroso

Este site já publicou diversas matérias denunciando os inúmeros problemas da indústria mundial de cruzeiros. Esses navios podem encantar alguns turistas, mas são amplamente criticados por quem estuda seriamente os impactos sobre o mar. O litoral é um ambiente naturalmente frágil, sujeito à erosão, à poluição trazida por rios e ao excesso de ocupação. Em geral, zonas costeiras não convivem bem com o turismo de massa. E os cruzeiros, esses verdadeiros monstros de ferro, funcionam como máquinas de poluição. Sim, a indústria precisa, urgentemente, de controle externo.

Imagem de estudo sobre Indústria de cruzeiros e poluição
A capa do estudo. Imagem, https://ars.els-cdn.com/.

Indústria de cruzeiros deve ser controlada

Em dezembro de 2021, a revista ScienceDirect  publicou um estudo contundente sobre a indústria global de cruzeiros. O crescimento acelerado desse setor nas últimas décadas levantou sérias preocupações sobre seus impactos ambientais e riscos à saúde.

Pela primeira vez, os autores reuniram diversas fontes para medir a real dimensão das pegadas ambientais e sanitárias da atividade. A conclusão é clara: mesmo com avanços técnicos e alguns programas de vigilância, os cruzeiros seguem como grandes fontes de poluição do ar, da água (doce e salgada) e do solo. Além disso, prejudicam habitats frágeis e representam riscos físicos e mentais para os trabalhadores embarcados.

Em 2016, diante do que testemunhávamos no mar brasileiro — e com base em pesquisas online — publicamos o post  

O ponto de partida foi uma matéria do jornal inglês The Guardian, que mostrava o alto nível de poluição atmosférica gerado por navios de cruzeiro. O impacto era direto sobre a população que vive próxima aos principais portos do Reino Unido.

Em 2016, preocupado com o que vimos no mar brasileiro, e em pesquisas na net, publicamos o post Navios, Carros e aviões. Quem polui mais?

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Imagem, www.theportugalnews.com.

Segundo o jornal, um único navio de cruzeiro pode emitir tanto CO₂ quanto 83.678 carros. Em óxidos de nitrogênio, o equivalente a 421.153 veículos. Em partículas finas, o mesmo que um milhão. E em dióxido de enxofre, o absurdo de 376 milhões de automóveis!

Não por acaso, devido à poluição e à pressão do turismo de massa, os cruzeiros foram recentemente banidos de Veneza.

No entanto, muito pior que isso aconteceu em 2013. Você já ouviu falar no Cruzeiro do Cocô, protagonizado pela cínica “Carnival Corporation”?

Cruzeiros são uma importante fonte de poluição

Cruzeiros são uma das principais fontes de poluição e degradação ambiental, segundo estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido. A pesquisa — considerada a mais completa já feita sobre o setor — aponta impactos crescentes no ar, na água, no solo, em habitats frágeis e na vida selvagem. Além dos danos ambientais, a indústria também representa riscos físicos e mentais para passageiros, tripulantes e moradores próximos aos portos. Os autores defendem um controle global mais rígido e legislação eficaz para frear os abusos do setor.

Entre os riscos apontados estão a propagação de doenças como a Covid-19, a poluição do ar, o ruído e as condições insalubres de trabalho. O estudo reuniu dados de mais de 200 pesquisas sobre saúde humana e ambiental em diversos oceanos, com participação de instituições do Reino Unido, Espanha e Croácia.

É preciso legislação global para frear os danos

Josep Lloret, da Universidade de Girona, defende a criação urgente de regras globais para reduzir os impactos da indústria de cruzeiros nos oceanos e na saúde pública. Segundo ele, o turismo de cruzeiro crescia rapidamente antes da pandemia, mas os danos ambientais e à saúde são graves — e ainda pouco monitorados. “Precisamos de acompanhamento mais rigoroso para entender a real dimensão desses impactos”, afirmou.

Lora Fleming, da Universidade de Exeter, reforça: sem novas regras aplicadas com rigor, tanto em nível nacional quanto internacional, os riscos à saúde e ao meio ambiente devem continuar. Os pesquisadores lembram ainda que, embora representem apenas uma fração da frota marítima mundial, os navios de cruzeiro são responsáveis por cerca de 24% de todos os resíduos gerados pela navegação.

Navios continuam descartando lixo no mar

Para este site, nada disso é novidade. A boa notícia, finalmente, é a tentativa de impor algum tipo de controle externo com força real para pôr ordem nesse setor. Já mostramos diversas vezes que a maioria dos navios ainda descarta lixo diretamente no mar. Mesmo após sucessivas denúncias, gigantes como a Carnival Cruise foram multadas em mais de US$ 20 milhões por continuarem poluindo os oceanos sem pudor.

Imagem, https://omirante.pt/.

Sylvia Earle: seis bilhões de quilos de lixo jogados no mar por navios

Sylvia Earle, a maior referência mundial na defesa dos oceanos, alerta em seu livro A Terra É Azul, para dados chocantes: segundo um relatório da Academia Nacional de Ciências dos EUA, publicado nos anos 1990, cerca de seis bilhões de quilos de lixo são despejados deliberadamente nos oceanos todos os anos. A maior parte vem de navios mercantes — mas não só. Barcos de pesca também respondem por outros 450 milhões de quilos de lixo por ano.

Ou seja: os navios que movimentam 90% do comércio global também são altamente poluentes — e, em muitos casos, operados por comandantes despreparados.

Esses dados revelam um cenário alarmante: os navios que realizam cerca de 90% do comércio mundial também figuram entre os maiores poluidores dos mares — e, para piorar, muitos operam sob o comando de capitães despreparados para a responsabilidade que têm em mãos.

Acidentes e ilegalidades no mar

Raramente passa um mês sem que ocorra um acidente absurdo. Um dos mais chocantes envolveu um cargueiro que colidiu com recifes de coral nas Ilhas Maurício — uma das últimas áreas marinhas ainda preservadas. O motivo? Havia uma festa de aniversário a bordo, e os oficiais se aproximaram demais da costa para conseguir sinal de celular.

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Além disso, a indústria naval é marcada por práticas condenáveis, como o uso de bandeira de conveniência para driblar impostos e leis trabalhistas.

Sim, já passou da hora de estabelecer um controle externo eficaz para toda a indústria naval.

Imagem de abertura: https://omirante.pt/

Fontes: https://omirante.pt/sociedade/2021-10-19-Industria-dos-cruzeiros-deve-ser-controlada-para-conter-poluicao-fdc42773; https://www.theportugalnews.com/news/2021-09-29/calls-to-control-cruise-industry-pollution/62675.

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