❯❯ Acessar versão original

Grécia proibirá pesca arrasto de fundo em áreas marinhas protegidas

Grécia proibirá pesca arrasto de fundo em áreas marinhas protegidas

Se houvesse um vilão na pesca, seria a pesca de arrasto de fundo. Nenhuma outra atividade é comparável aos malefícios que ela produz, incluindo a matança indiscriminada de espécies não visadas que depois voltam ao mar, mortas. Mas isso não é tudo. Ao “raspar” o subsolo marinho e atuar como um “arado” nas áreas onde se pratica, essa técnica causa a desertificação do fundo marinho. Pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences informa que ‘o arrasto de fundo está alterando dramaticamente o solo oceânico.”  Ao revolver o fundo marinho, o arrasto libera até 370 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono na atmosfera todos os anos. Por isso é uma ótima notícia saber que mais um país pretende banir a atividade ao menos em áreas protegidas.

Grécia quer banir arrasto de fundo
Redes ‘aram’ o fundo marinho levando tudo, ecossistemas como corais, milhares de peixes não visados, e ainda libera CO2 na atmosfera. Imagem, www.raillynews.com.

Grécia é o primeiro país europeu a proibir o arrasto em parques e áreas protegidas

O fato de um país da comunidade europeia banir a prática é uma dupla vitória. Até hoje quase só os países com menor expressão o fizeram. Contudo, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis avisou que a proibição será em fases, culminando com o banimento apenas em 2030.

Em 2023 a Nova Zelândia prometeu restringir o arrasto de fundo em grandes áreas do Golfo Hauraki, área  sob proteção no Parque Marinho do Golfo Hauraki. Outros países que também baniram o arrasto são Palau, Indonésia e Belize. Neste mesmo ano, a Islândia ampliou a proibição para três novas áreas nas águas do país onde a pesca de arrasto de fundo não será permitida.

Uma atitude mais positiva veio do Reino Unido em 2024, quando proibiu o arrasto de fundo em 13 áreas Marinhas protegidas em águas britânicas. Enquanto isso, o plano de ação da UE determina que os Estados-membros deveriam publicar até 31 de março (2024) um roteiro para alcançar áreas marinhas protegidas, incluindo a eliminação gradual da pesca de arrasto até 2030.

Ou seja, o arrasto de fundo não é regulamentado. Entretanto, como é sabido, os seu problemas são tão grandes que a maioria das ONGs e instituições acadêmicas trabalham para que o banimento total venha em 2030, prazo em que todas as nações, segundo parâmetros da ONU, devem ter 30% de suas áreas terrestres e marinhas protegidas.

O arrasto e o dióxido de carbono, o CO2

Além do arrasto de fundo destruir ecossistemas vitais como os corais, descobriu-se recentemente o custo do carbono liberado para a atmosfera pelo arrasto de fundo.

PUBLICIDADE

Em março de 2021, a Nature publicou o primeiro estudo a calcular o custo do carbono da pesca de arrasto de fundo. A revista Time analisou o trabalho e diz que ‘cálculos realizados pelos 26 autores do relatório mostram que o arrasto de fundo é responsável por um gigaton de emissões de carbono por ano (ou um bilhão de toneladas métricas). Este total anual é superior às emissões da aviação (pré-pandemia)’.

Para a maioria dos pesquisadores, a pesca de arrasto não é uma opção viável na maioria dos lugares. Só persiste porque é subsidiada. Sem esses subsídios, não seria economicamente valiosa.

Lembramos ao leitor que os subsídios mundiais para a pesca atingem a estratosférica cifra de US$ 35 bilhões de dólares por ano.

Que mais países, especialmente o Brasil (só o Rio Grande Sul proibiu o arrasto), sigam o exemplo grego.

Cocaína na Baía de Santos preocupa pesquisadores

Sair da versão mobile