Estrada do Colono ameaça Parque Nacional do Iguaçu
A Câmara dos Deputados pautou para quarta-feira, 2 de junho, mais um tema ambiental polêmico e desnecessário, a reabertura da Estrada do Colono, que vai cortar ao meio a última grande reserva de Mata Atlântica do interior do País até agora bem protegida pelo Parque Nacional do Iguaçu, considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
Estrada do Colono ameaça Parque Nacional do Iguaçu
Fechada há mais de duas décadas por decisão judicial, não há o que justifique sua reabertura especialmente no momento em que o mundo parece disposto a lutar para mitigar os efeitos do aquecimento global amenizados pelas florestas tropicais.
A ideia de reabrir a Estrada do Colono ganhou força desde que no final de 2020 o ‘ministro’ do Meio Ambiente esteve em Iguaçu em reunião com o deputado Vermelho (PSD/PR). Ele é o autor do Projeto de Lei 984/19 incluído na pauta da Câmara em regime de urgência. Não é preciso dizer que o presidente que despreza a conservação apoia a reabertura da estrada.
Pequena história da Estrada do Colono
Há muitos anos esta estrada, que corta o parque onde vivem espécies ameaçadas como a onça-pintada entre muitas outras, é a grande ameaça. Ela foi aberta em 1950, batizada como BR-495, e seu fechamento foi determinado pela Justiça na década de 1990 por reconhecer que ela era um vetor de desmatamento, caça, contrabando, e tráfico de armas e drogas entre outras atividades ilegais.
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Como dissemos, faz muitos anos que políticos da região insistem em reabrir a estrada. A questão foi judicializada e chegou ao STF que negou recurso para tanto. A questão é definitiva, não cabe mais recurso.
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Por este motivo o deputado “Vermelho” entrou com o Projeto de Lei para criação da esdrúxula figura de ‘estrada-parque’.
Nós conversamos com Mário Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica. Mário contou que quando o ‘ministro’ esteve em Iguaçu em 2020, provavelmente pela primeira vez como demonstra seu notório desinteresse e abissal ignorância sobre o tema da conservação, a reprodução do inferno ou o ‘Vermelho’, aliou-se ao governador Ratinho Jr.
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Para Mário Mantovani, ambos têm interesses escusos. Querem mudar a gestão atual do Parque para algum apadrinhado, sob alegação de que parte da área pertence ao Paraná por uma Lei Estadual perdida no tempo; e transferir recursos hoje arrecadados, que vão direto para ICMBio, para o caixa do Governo do Estado.
Foi o que sugeriu Mantovani. “Parte dos recursos da visitação passariam para o Estado, assim, para além da permanente chantagem da reabertura da Estrada, esculacham de vez a gestão do nosso mais importante Parque Nacional.”
O que está em jogo com a abertura da estrada
Será mais uma ameaça para a perda de biodiversidade que se verifica em todo o mundo, e mais um problema para a imagem externa do Brasil.
Segundo a Folha de S. Paulo, ‘em 2014, um relatório da Unesco voltou a expressar preocupação com a possível reabertura da estrada e lembrou que “a conservação da biodiversidade na mata atlântica é uma prioridade global e razão principal para a inclusão da região na lista de patrimônios da humanidade, para além das impressionantes cataratas.”
Internamente também houve reações negativas ao projeto de Vermelho. Para começar o Ministério Público Federal se mostrou contrário à reabertura, assim como o Ministério Público do Paraná que alertou por sua inconstitucionalidade, e que também publicou Nota Técnica condenando a reabertura da estrada.
Mas talvez seja por isso mesmo, manifestações contrárias e embasadas, interna e externamente, que o projeto segue para avaliação dos deputados nesta quarta-feira. Este parece ser o esporte predileto da atual administração: criar polêmicas e crises que nada acrescentam, e que põem em risco o maior ativo brasileiro: sua extraordinária biodiversidade.
Imagem de abertura: conexaoplaneta.com.br
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/04/parlamentares-querem-estrada-parque-em-area-com-bichos-ameacados-no-iguacu.shtml.