Encalhe em massa de orcas na Terra do Fogo preocupa
Se é mais ou menos comum o encalhe de certos cetáceos em praias mundo afora, o mesmo fenômeno é raro entre orcas. Por isso, o encalhe em massa de orcas na Baía de San Sebastián, ao norte da Terra do Fogo, deixou os pesquisadores preocupados. Segundo o Conselho Nacional de Pesquisas do Centro Sul de Pesquisas Científicas, da Argentina, existem pouquíssimos registros de encalhes do ecótipo D em todo o mundo. O primeiro foi em 1955 na Nova Zelândia, com 17 animais encalhados, e o segundo no Estreito de Magalhães, com 9 indivíduos. O registro deste evento recente é muito importante. É o terceiro no mundo, envolveu 26 animais, e o primeiro na costa atlântica da Terra do Fogo.

São variados os motivos de encalhes de golfinhos e baleias
As estatísticas mostram que em todo o mundo cerca de 2.000 mamíferos marinhos morrem dessa forma todos os anos. Mas, o fenômeno nem sempre se deve a causas naturais. Os motivos que causam estes encalhes são inúmeros. Uma baleia encalhada pode estar doente ou machucada, senil, perdida, incapaz de se alimentar ou em algum outro tipo de risco, por exemplo, um trabalho de parto difícil ou, simplesmente, ‘velha’.
A predação também pode causar encalhes — tanto da presa quanto do predador. Por exemplo, às vezes golfinhos nadam até uma praia para fugir de uma orca. Assim como orcas que encalham enquanto caçam arraias em águas rasas. Embora se lançar às praias seja técnica de caça comum das orcas, às vezes, calculam mal a distância e precisam esperar que uma onda, suficientemente grande, as levem de volta.
E há, de maneira idêntica, os encalhes em consequência de atividades humanas como a pesca, a poluição da água ou a poluição sonora, e colisões de navios/ embarcações entre outras.
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Segundo o jornal El Clarin, à primeira vista, os especialistas não detectaram sinais de interação com atividades humanas: os corpos das orcas não tinham cortes, contusões, traumas compatíveis com barcos ou marcas de cordas de rede ou de pesca.
Uma das hipóteses para o encalhe aponta fatores naturais, como a desorientação causada pelas marés ou pela própria geografia da baía. “A Baía de San Sebastian tem pouca inclinação e marés que passam de 17 metros. Se as orcas entram na maré alta, podem ficar presas na volta”, explicou Monica Torres, técnica da equipe da guarda florestal, a uma rádio local.
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Outro fator natural pode estar ligado às mudanças climáticas, que alteram correntes, temperatura e oferta de alimentos no Atlântico Sul. Os pesquisadores também analisam possíveis interferências acústicas de barcos ou sonares, capazes de afetar o sistema de ecolocalização das orcas.
O site Noticias Ambientales aponta outra possibilidade: as mudanças bruscas de temperatura e salinidade do mar, ligadas ao aquecimento global. O derretimento do gelo na região sul modifica correntes e altera a disponibilidade de alimentos, o que pode levar as orcas a explorar áreas costeiras desconhecidas e mais rasas.
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Saiba mais sobre o ecótipo D
O “ecótipo D” apresenta características morfológicas distintas: uma mancha pós-ocular menor, cabeça volumosa e uma crista dorsal menos visível. Habitam principalmente águas subantárticas, pelo que a sua presença massiva nas costas da Terra do Fogo é incomum.
A outra característica incomum é o número de exemplares encalhados, 26 animais, e o fato de que, globalmente, os registros de encalhes desse ecótipo são extremamente raros.
Assista ao vídeo e saiba mais sobre o encalhe em massa de orcas
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