Eletrodomésticos agravam o aquecimento global, saiba como
“Esse clima está cada vez mais maluco.” Essa é uma frase recorrente em boa parte das rodas de conversas hoje em dia, onde quer que se vá. Embora muitos neguem a influência dos gases de efeito estufa no aquecimento global, e nas mudanças climáticas, não dá para refutar os dados científicos. Atualmente, as temperaturas estão 1,1°C acima da era pré-industrial. E 0,2°C acima do período 2011-2015. Os cientistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) estimam que a temperatura média do mundo de 2015-2019 pode ter sido a mais alta de qualquer período de cinco anos da história.Saiba que os hábitos de consumo mundo afora ajudam a deixar o planeta mais quente. E seus eletrodomésticos são, sim, grandes vilões nesse cenário. Colaboram para aumentar as emissões de gases e, em consequência, agravar o aquecimento global.
Eletrodomésticos aumentam as emissões
Não, nem todos os eletrodomésticos emitem gases de efeito estufa diretamente, como se verá mais adiante. Mas todos consomem muita energia elétrica. E o setor de energia emite gases. Assim, seus eletrodomésticos colaboram indiretamente nessas emissões. Quanto mais energia elétrica eles consomem, mais gases o setor emite. As residências brasileiras foram responsáveis por 29% de toda a energia consumida no País, em 2018. Perderam apenas para o setor industrial (35,7%). Os dados são os últimos disponíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Eles mostram ainda que o setor emitiu 52,71 milhões de toneladas de CO2 no mesmo ano. A geração de energia elétrica é responsável por 12% das emissões de gases de efeito estufa do setor de energia, segundo o Sistema de Estimativas de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg).
Escolha equipamentos eficientes ao ir às compras
Para tentar frear o aquecimento global, os consumidores podem colaborar, e muito! Claro que ninguém precisa ficar sem a praticidade e o conforto dos eletrodomésticos. Basta usar com consciência, isto é, sem desperdício. E fazer a escolha certa dos eletrodomésticos, os principais consumidores de energia elétrica em qualquer residência do planeta. É preciso escolher os equipamentos mais eficientes na hora de ir às compras. Adquirir os que consomem menos energia durante o funcionamento, em comparação a outros similares no mercado.
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Eletrodomésticos que consomem mais energia
Por causa do uso contínuo, a geladeira do tipo frost-free de duas portas é o eletrodoméstico que pode consumir mais energia. No geral, elas respondem por cerca de 30% do consumo total mensal de uma residência, segundo informação do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). Se a geladeira for mais simples, gasta um pouco menos da metade do que uma frost-free.
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Chuveiros elétricos e aparelhos de ar-condicionado também consomem muito. Se você os utilizar por muito tempo, eles podem ultrapassar facilmente o consumo do refrigerador. E deixar sua conta de luz bem salgada. Bastam mais de 30 minutos de banho quente por dia e oito horas diárias de ar-condicionado ligado. E eles estarão no topo da lista dos seus eletrodomésticos vilões em consumo de energia elétrica.
Cooktop, modismo que consome energia
Outro produto que chega facilmente em primeiro lugar no ranking é o cooktop elétrico. Esse fogão de mesa vem ganhando espaço nas cozinhas brasileiras. Mas gasta mais energia que a geladeira, quando os quatro queimadores são ligados uma hora por dia. Forno elétrico e micro-ondas consomem menos, mas depende também do tempo de uso. Ventilador, máquinas de lavar pratos, aquecedores de ar, panelas elétricas e ferro elétrico, além de lavadoras e secadoras de roupa completam a lista. Eles consomem muito também. Use-os com inteligência e moderação.
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Mar Sem Fim mostrou recentemente que os condicionadores de ar são poucos amigáveis ao meio ambiente. Isso porque utilizam, além de muita energia elétrica, hidrofluocarbonetos (HFCs). Eles são gases de refrigeração que contêm hidrogênio, flúor e carbono. E contribuem quase 2.000 vezes mais para o efeito estufa do que o próprio C02. Os refrigeradores e congeladores também usam esses gases. Então, na hora de comprar um desses eletrodomésticos, tente escolher os que consomem menos energia elétrica e utilizem gases menos agressivos.
Para os condicionadores de ar, já existem muitas opções no mercado. Mas, no caso dos refrigeradores e congeladores, elas são pouquíssimas no Brasil. Então, se puder, utilize o seu poder de compra para pressionar fabricantes e lojistas a produzir e oferecer os mais modernos.
Geladeiras e congeladores, novos índices de eficiência
Entretanto, não é fácil escolher e comprar eletrodomésticos mais eficientes no País. O Brasil tem demorado muito para atualizar os índices de eficiência energética desses equipamentos. Os padrões mínimos para condicionadores de ar, refrigeradores e congeladores foram atualizados em 2018, com anos de atraso. Os índices anteriores estavam aí desde 2011. E a elevação, em torno de 16% na média, é considerada baixa pelos especialistas em eficiência energética.
Para se avaliar o quanto atualizações mais rápidas são importantes, basta analisar a informação do próprio governo. “A expectativa é que até 2030 a medida leve a uma redução no consumo de energia elétrica de 2.350 GWh/ano, o equivalente a uma geração de 564 MW. Isso significa que o País vai ‘ganhar’ praticamente uma nova usina de Angra 1. Essa energia é suficiente para abastecer 700 mil residências durante um ano”, disse, após atualizar os índices para os três eletrodomésticos.
Menos aquecimento global
E prosseguiu: “A expectativa é de que em 12 anos sejam poupados cerca de R$ 455 milhões em investimentos na expansão do sistema elétrico, que seriam usados caso as novas regras não entrassem em vigor. Elas vão beneficiar, ainda, o meio ambiente: haverá redução de emissão de 190 mil toneladas de CO2 na atmosfera.” Imagine a economia no seu bolso, se esses índices tivessem sido atualizados antes, como deveriam ter sido?
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Geladeiras e congeladores, muitos vão sair do mercado
Sem essas atualizações, a política de eficiência energética brasileira avança muito pouco, avaliam os especialistas. Afinal, elas movem a indústria a produzir equipamentos mais eficientes. Sem essa pressão, elas não investem muito espontaneamente. Uma prova disso é que, com as novas atualizações, cerca de 37% dos modelos atuais de condicionadores de ar devem sair do mercado.
“No caso de refrigeradores, devem ser retirados do mercado 16% dos atuais modelos e, para os congeladores, o percentual será de 33%”, informa o governo. Esses produtos deixarão de ser comercializados a partir de 30 de junho de 2020. Essa é data máxima para a venda. A indústria já não pode mais produzi-los desde junho de 2019.
Eletrodomésticos: maior a eficiência energética, menor o aquecimento global
Segundo os especialistas, o País também investe muito pouco em eficiência energética. A 4ª edição do International Energy Efficiency Scorecard, do American Council for an Energy-Efficient Economy (ACEEE), mostra isso muito bem. Ela aponta o Brasil em 20º lugar num ranking de eficiência energética dos 25 países que mais consomem energia. O Brasil investe US$ 0,94 per capita. Enquanto Alemanha (US$ 31) e Itália (US$ 25) investem mais, e disputam o primeiro lugar da lista.
Uma melhora de 30% nos índices brasileiros de eficiência energética reduziria em 23% as emissões de gases de efeito estufa do setor, até 2050. A estimativa é do Lawrence Berkeley National Lab, do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Isso colaboraria significativamente para reduzir o aquecimento global.
Como escolher eletrodomésticos mais eficientes
Como já afirmado, escolher eletrodomésticos com maior eficiência energética não tem sido uma tarefa fácil no Brasil. Com a demora nas atualizações dos índices, a maior parte dos eletrodomésticos disponíveis no mercado está classificada como mais eficiente. Isso de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). É ele quem analisa e determina a classificação dos produtos, de acordo com a eficiência energética de cada um. É essa a informação sobre eficiência que chega ao consumidor. Ou seja, para você.
A classificação, amplamente conhecida dos brasileiros, é aquela estampada nas etiquetas. Elas são obrigatoriamente afixadas nos produtos. E os classificam de A (mais eficientes) até E (menos eficientes). Todos os eletrodomésticos classificados como A são elegíveis para obter o selo Procel, do Programa Nacional de Energia Elétrica. Outra dica para quem busca eletrodomésticos mais eficientes é ver esse selo estampado nos equipamentos.
Escolha eletrodomésticos classificados como A
No caso das geladeiras, congeladores e condicionadores de ar, por exemplo, os que se encontram hoje nas faixas mais baixas de classificação vão sair do mercado a partir de julho de 2020. Então, escolha os que estão na faixa A sempre. Mas compare bastante com outros similares da mesma faixa, já que o A está inflado. E nessa faixa podem constar de produtos muito eficientes até aqueles que consomem mais. E, no entanto, estão dentro do mesmo parâmetro classificatório. Para os demais eletrodomésticos, essa regra é ainda mais válida.
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Classificação A está inflada no Brasil
Danielle Assarin admite que a alta concentração de eletrodomésticos classificados como A não é boa para o consumidor. Ela é coordenadora do PBE do Inmetro. Nem para o programa de eficiência energética brasileiro. Nem para o País ela é boa. As reduções de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) concedidas pelo governo ao setor incidem apenas sobre os mais eficientes. Ou seja, os produtos classificados como A no PBE.
“No caso de refrigerados, por exemplo, mais de 90% dos produtos disponíveis hoje no mercado são classificados como A. E, se não for, perde o benefício do IPI menor”, afirma Clauber Leite. Ele é pesquisador em Energia e Consumo Sustentável do Idec.
Novo marco legal de etiquetagem
Segundo Assarin, a solução para desinflar o A é redefinir o marco legal do PBE. O que está no radar do Inmetro. A ideia, diz ela, é criar critérios e mecanismos para tornar a classificação compulsória. “Vários países, como muitos da Europa, já seguem regras que disparam esses gatilhos de reclassificação. Quando a faixa A contém, por exemplo, entre 30% e 50% dos produtos do mercado, tem reclassificação automática”, ela explica.
O novo marco legal funcionará para promover realmente a eficiência energética no País, acredita. “Ele vai dar o que a sociedade pede. E também a indústria, que pede bastante, mas ela quer previsibilidade. E teremos isso com o novo marco.”
Consulta pública para novas normas
Com os novos índices de eficiência energética para refrigeradores, congeladores e condicionadores de ar, o Inmetro está readequando a etiquetagem para esses equipamentos. As novas normas para condicionadores de ar devem ir à consulta pública neste começo de 2020. A previsão era final de 2019, mas atrasou. Neste ano, o órgão também deve levar à consulta pública as novas normas de classificação para geladeiras e congeladores.
A executiva do Inmetro diz, entretanto, que isso não deve interferir no mercado. “Os novos índices mínimos chamam a necessidade de reclassificação, mas não de etiquetagem. E estarão válidos na data.”
Máquinas de lavar realmente eficientes
O Inmetro também busca, além de eficiência energética, aperfeiçoar seu programa de etiquetagem para classificar os produtos realmente eficientes sob todos os aspectos. Em 2019, ele iniciou esse processo com as máquinas de lavar roupas. Para ser classificada como A, agora, a lavadora precisa consumir menos energia e água. Além de lavar melhor que as demais. E também centrifugar melhor – válido para as que oferecem essa função. “A máquina terá que comprovar capacidade de desempenho geral na sua funcionalidade.”
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O Inmetro diz que essa nova versão do PBE para máquinas é inédita. “Visa incentivar o aperfeiçoamento da eficiência desses produtos até então restrita ao consumo de energia.” Segundo o órgão, “máquinas de lavar roupas tinham seu desempenho avaliado em relação à eficiência energética, à centrifugação, à lavagem, ao consumo de água e à segurança elétrica. Mas esse conjunto de informações não aparecia na classificação A-E da etiqueta”.
Comércio eletrônico, poucos produtos eficientes
Uma outra dica de Mar Sem Fim para que o consumidor compre eletrodomésticos que não piorem o aquecimento global: cuidado com o comércio eletrônico. Redobre suas pesquisas nesse canal de venda. E seja ainda mais exigente com as lojas e fabricantes. Uma pesquisa recente do Idec mostra que eletrodomésticos com melhor eficiência não estão disponíveis nas principais lojas virtuais. O levantamento usou como referência os eletrodomésticos classificados com energeticamente mais eficientes no site do Inmetro.
A pesquisa mostra que “97% dos televisores com as melhores avaliações presentes na lista do Inmetro não estão disponíveis para compra. Já os ventiladores, dos modelos de mesa, apenas dois foram encontrados. Com relação aos refrigeradores e máquina de lavar, não estão disponíveis 82% e 28% respectivamente”. As lojas também não indexam a etiqueta do Inmetro junto à descrição dos produtos. Embora os classifiquem como de A a E.
“Comprar produtos realmente eficientes requer um pouco de trabalho. E muita vontade do consumidor para frear o aquecimento global. Nesses casos de falta de produtos no comércio eletrônico, orientamos que o consumidor contate o fabricante para saber onde o eletrodoméstico pode ser encontrado. É preciso pressionar porque os produtos existem. Se existe etiquetagem, devem estar disponíveis em todos os canais de venda”, diz Leite.
Antes de ir às compras, compare
Para finalizar, as últimas dicas de Mar Sem Fim: pesquise bastante a eficiência energética do eletrodoméstico que deseja comprar. E adquira os mais eficientes. As informações sobre eficiência estão disponíveis nos sites do Inmetro e do Procel. Em vários sites, incluindo o do Idec, é possível ainda encontrar ferramentas que mostram os gastos com o consumo de energia elétrica do aparelho escolhido. Basta inserir alguns dados, entre os quais o tempo estimado de uso e a concessionária de energia do lugar onde mora.
As tarifas de energia mudam de acordo com a localidade e a concessionária. A partir deste ano também o Idec vai disponibilizar uma ferramenta que indicará a pegada de carbono de equipamentos que consomem energia. Fique de olho.
Ilustração de abertura: Procon
Fontes: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/09/22/ultimos-5-anos-sao-os-mais-quentes-da-historia-diz-agencia-da-onu-para-o-clima.ghtml; http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes; http://seeg.eco.br/; https://revista.zapimoveis.com.br/saiba-quais-sao-os-aparelhos-viloes-da-conta-e-como-consumir-menos-energia/; https://idec.org.br/edasuaconta/eficienciaenergetica; http://www.mme.gov.br/web/guest/busca-portal-mme?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_returnToFullPageURL=%2Fweb%2Fguest%2Fbusca-portal-mme%3Fkeywords%3Dbento&_101_assetEntryId=841237&_101_type=content&_101_urlTitle=ministerios-aprovam-novos-indices-de-eficiencia-energeti-1&inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fwww.mme.gov.br%2Fweb%2Fguest%2Fbusca-portal-mme%3Fp_p_id%3D3%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dmaximized%26p_p_mode%3Dview%26_3_redirect%3D%252Fweb%252Fguest%252Fbusca-portal-mme%253Fkeywords%253Dbento%26_3_keywords%3Defici%25C3%25AAncia%2Benerg%25C3%25A9tica%2Brefrigeradores%26_3_groupId%3D0%26_3_struts_action%3D%252Fsearch%252Fsearch; http://www.procel.gov.br/main.asp?View=%7BF5EAADD6-CCB0-4E29-A0C4-482D3D66BB65%7D&Team=¶ms=itemID=%7B949620D3-D81C-4B91-8E5E-3BB513EACE05%7D;&UIPartUID=%7BD90F22DB-05D4-4644-A8F2-FAD4803C8898%7D; https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/legislacao/portarias_interministeriais/migracao/Portaria_Interministerial_MCTMME_n_326_de_26052011.html?searchRef=omc&tipoBusca=expressaoExata.
Prezados,
Conforme análise do gráfico, o Brasil reduziu quase que pela metade a emissão de gases estufa na geração de energia elétrica. Nossa matriz energética é hidrogeração. Aumentamos em 170% a produção de energia via eólica.
Temos a felicidade de não precisarmos de aquecimento residencial no inverno e para as populações que precisam, muitas vezes queimar o carvão é a única opção para não morrerem de frio, como é o caso da China, Rússia, Mongólia dentre outras.
A mudança das matrizes e geração levam tempo, mas estamos no caminho certo.
Que tal se no mundo se estabelecessem moratórias para nascimentos pelos próximos 50 anos? Se as expectativas de vidas só fazem crescer temos de impedir a reposição do estoque humano… Pode parecer cruel ou desumano, mas não há outras soluções viáveis. Em 1970 ou 74 nós cantávamos “90 milhões de ladrões….” e hoje, 46 anos depois somos 220 milhões para quem acredita no IBGE.