Crustáceo gigante e Ctenophora, novas descobertas dos mares
Quase toda semana alguma espécie de animal, ou planta, é extinta. Devido às alterações humanas, a biodiversidade global está em risco, o que cientistas consideram um perigo que nos ronda. Felizmente, com o avanço das novas tecnologias, quase toda semana algum novo organismo é encontrado. Este foi o caso do crustáceo gigante descoberto na fossa do Atacama, um dos locais mais profundos dos oceanos depois da fossa da Marianas, com cerca de 11 mil metros. Também é recente a descoberta de um novo Ctenophora, também conhecidos como carambolas-do-mar ou águas-vivas-de-pente. E cada nova espécie nos ajuda a descobrir como a vida prospera nos mares do planeta. Crustáceo gigante e Ctenophora, novas descobertas dos mares.
Anfípode, tipo de crustáceo relacionado a um camarão
Eurythenes atacamensis é um anfípode, um tipo de crustáceo intimamente relacionado a um camarão, diz matéria da The Conversation. O animal é endêmico da Fossa Peru-Chile (também conhecida como Fossa do Atacama).
‘Medindo mais de 8 cm de comprimento, é quase o dobro do tamanho de seu parente mais próximo, tornando-o um gigante. Abrangendo uma extensa faixa vertical, juvenis e adultos podem ser encontrados na fossa entre 4.974 a 8.081 metros’.
A Conversation informa que ‘É um dos membros mais abundantes da comunidade das fossas, juntando-se a um trio de peixes-caracol e isópodes semelhantes a aranhas. Como necrófago (alimenta-se da carne de animais mortos), este anfípode desempenha um papel crítico na cadeia alimentar, interceptando e redistribuindo os alimentos que descem de cima’.
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Neste vídeo você assiste ao ataque dos Eurythenes atacamensis na isca morta
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Como se formam as fossas nos oceanos?
Seu habitat é uma das 35 fossas que atingem as profundezas do hadal. Elas são formadas por um processo geológico chamado subducção (uma placa tectônica é forçada sob outra, fazendo com que o fundo do oceano mergulhe rapidamente). O volume da Fossa do Atacama é quase o mesmo da vizinha Cordilheira dos Andes, também criada pela zona de subducção tectônica.
Comparado com as condições da superfície, diz a Conversation, o ambiente hadal (ou mar profundo) parece extremo. É escuro como breu, com temperaturas da água variando entre 1°C e 4°C nos pontos mais profundos. A pressão hidrostática em profundidades hadal varia de 600 a 1.100 atmosferas – equivalente a colocar uma tonelada na ponta do dedo.
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Ctenophora, também conhecidos como carambolas-do-mar ou águas-vivas-de-pente
Este animal marinho é de um filo com distribuição natural cosmopolita presente nas águas oceânicas e estuarinas. São organismos majoritariamente planctônicos, alguns bentônicos, bioluminescentes, que apresentam como característica distintiva: a presença de pentes formados por grupos de cílios que utilizam para nadar.
Esta nova descoberta da NOAA é importante por se tratar de um filo com relativamente poucas espécies. A descoberta nos chegou através do site www.bigthink.com, na matéria NOAA discovers a new, beautifully weird sea creature (NOAA descobre uma nova criatura marinha maravilhosamente estranha).
Batizado como Duobrachium sparksae
Normalmente, quando os cientistas anunciam a descoberta de um animal até então desconhecido, eles têm em mãos um espécime do recém-chegado. Esse não é o caso, porém, com Duobrachium sparksae, um incrível e belo ctenóforo encontrado a 3.910 metros abaixo da superfície do oceano, a cerca de 40 quilômetros da costa de Porto Rico.
Allen Collins, biólogo marinho da NOAA Fisheries, disse em comunicado: “É único porque fomos capazes de descrever uma nova espécie com base inteiramente em vídeo de alta definição”.
O primeiro encontro
O primeiro encontro que a humanidade teve com a criatura ocorreu em 10 de abril de 2015, quando o Deep Discoverer (veículo operado remotamente ou ROV) se deparou com a maravilha. Felizmente, as câmeras eram de alta definição o suficiente para capturar claramente os detalhes finos do Duobrachium sparksae.
Câmeras do Deep Discoverer produzem imagens de alta resolução
As câmeras do Deep Discoverer produzem imagens externas de alta resolução e são capazes de medir objetos tão pequenos quanto um milímetro. Embora a identificação baseada em vídeo possa ser controversa, havia pouca escolha neste caso. “Não tínhamos recursos de coleta de amostras no ROV na época”, diz Collins.
“Mesmo se tivéssemos o equipamento, haveria muito pouco tempo para processar o animal porque a conservação dos animais gelatinosos não é muito boa; os ctenóforos são ainda piores do que as águas-vivas nesse aspecto.”
“O ctenóforo tem longos tentáculos e observamos alguns movimentos interessantes. Moveu-se como um balão de ar quente preso ao fundo do mar em duas linhas, mantendo uma altitude específica acima do fundo do mar. Se está ligado ao fundo do mar, não temos certeza. Não observamos fixação direta durante o mergulho, mas parece que o organismo toca o fundo do mar.”
O papel que Duobrachium sparksae desempenha em seu ecossistema ainda não é compreendido. A maneira pela qual a luz refratou em forma de prisma nos pentes ciliares do animal imediatamente a colocou na família dos ctenóforos como ponto de partida.
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Collins explica: “Não temos os mesmos microscópios que teríamos em um laboratório, mas o vídeo pode nos fornecer informações suficientes para entender a morfologia em detalhes, como a localização de suas partes reprodutivas e outros aspectos”.
Que venham logo mais descobertas como as do crustáceo gigante e ctenophora.
Assista ao vídeo da Coleção do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian
Imagem de abertura: NOAA Office of Ocean Exploration and Research.
Fonte: https://theconversation.com/how-we-discovered-a-giant-new-crustacean-scavenging-on-the-deepest-depths-of-the-ocean-floor-161214; https://bigthink.com/life/new-ctenophore/#Echobox=1647955555.