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Camarão azul gigante, mais um perigoso invasor na Amazônia

Camarão azul gigante, mais um perigoso invasor na Amazônia

A carcinicultura, ou criação de camarão em cativeiro é um escândalo ambiental quase nunca mencionado pela grande mídia. A atividade arrasa imensas áreas de mangue, especialmente no Nordeste, para fazer os tanques de criação. Justo os manguezais que, além de protegidos pela legislação ambiental, são o segundo maior berçário dos oceanos depois dos corais. Além disso, as copas de mangues sequestram até quatro vezes mais dióxido de carbono que o mesmo espaço de florestas tropicais, por aí se vê o absurdo. Depois de usarem o camarão branco do Pacífico, Penaeus vannamei, em 1977 chegou ao Brasil o camarão-gigante-da-Malásia (Macrobrachium rosenbergii) em um trabalho sobre aquicultura do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco. Agora, pescadores do Pará se tornaram estrelas no TikTok ao mostrarem a captura farta do camarão gigante.

camarão gigante da malásia
O novo invasor.

Mais uma espécie invasiva entre nossa biodiversidade

O Brasil é o campeão mundial em biodiversidade, mas nem por isso devia se descuidar como acontece. Nosso mar já tem espécies invasivas demais! O peixe-leão, e o coral sol são apenas alguns deles, enquanto isso, o mexilhão-dourado simplesmente acabou com a Lagoa Guaíba, se infestou por vários rios brasileiros, entre eles o São Francisco, e ameaça a bacia Amazônica.

Para países pobres ou em desenvolvimento, nada poderia ser pior que a introdução de espécies invasivas, especialmente porque o combate a estas pragas é caríssimo, e nem sempre funciona. Aos poucos, sem predadores, eles vão tomando o lugar da fauna nativa como aconteceu no Lago Guaíba.

E este novo camarão gigante é mais uma espécie invasiva, como explicou Tommaso Giarrizo, oceanógrafo da Universidade Federal do Ceará (UFC):

O camarão-gigante-da-Malásia começou a ser cultivado no país asiático em 1961 e logo foi difundido em outros países, por causa de seu sucesso comercial. Chegou ao Brasil em 1977, para fins aquícolas, em um trabalho do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco

Mas camarões, e outros animais de criação, escapam de seus criatórios

Giarrizo, em declaração à Magazine News,  acrescenta que os camarões gigantes começaram a aparecer cada vez mais nos anzóis de pescadores após escaparem dos tanques de carcinicultura, até se estabelecerem no ambiente brasileiro. Hoje, essa espécie é criada comercialmente em 13 estados do país, e sua presença em ambiente natural já foi registrada em pelo menos oito Estados: Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

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Preocupações entre pescadores e especialistas

Segundo o Compre Rural, a recente aparição do camarão-da-Malásia (Macrobrachium rosenbergii) em Barcarena, no Pará, tem gerado preocupações entre pescadores e especialistas, devido aos riscos ambientais que sua presença pode representar. Com patas longas, corpo amarelado e cauda azulada, o crustáceo tem sido identificado com frequência na região e pode comprometer o equilíbrio ecológico local.

A FAO mostra onde são criados os camarões-gigantes-da-Malásia.

O jornal O Globo informa que o perfil de “Allanzinho Pescador” é um dos que mais reúne imagens da pescaria no TikTok. Em um dos vídeos, com 1,1 milhão de visualizações, Allan rapidamente pesca um dos camarões, neste caso uma fêmea, mostra para a câmera, e em seguida diz que vai devolvê-la para a água porque está grávida.

Em um dos conteúdos, postado no dia 29 de dezembro, ele escreveu: “Pescaria de camarão gigante: a prova que eles já estão em todos os rios”. “Não adianta dizer que ele é invasor, porque eles já estão em todos os lugares”, reforça a narração do vídeo.

O pescador tem razão. Ao que parece a espécie já se alastrou. Como não temos políticas para espécies invasivas, não dá para ser otimista. O animal pode aniquilar várias espécies da região.

Giarizzo confirma. Ele diz que os primeiros registros da espécie no ambiente natural ocorreram justamente no Pará, no início dos anos 2000. Desde então, a população cresceu exponencialmente. Segundo o jornal O Globo, atualmente a espécie encontra-se amplamente distribuída nos municípios do nordeste paraense e na Ilha do Marajó, onde sua captura, e comercialização, ocorre nos mercados locais. O oceanógrafo destaca a necessidade de mais estudos para mensurar o impacto desse fenômeno sobre outros organismos naturais da região.

Assista ao vídeo

Estudo de brasileiros

Um grupo de professores da UNESP publicou um estudo onde alertam que ‘concluímos que a população exótica de M. rosenbergii no leste da Amazônia é capaz de se reproduzir e provavelmente tem a capacidade de persistir nas gerações futuras, causando um forte impacto nas espécies nativas. impacto sobre as espécies nativas. Diante disso, é importante continuar monitorando o progresso dessa espécie e seus possíveis efeitos sobre a biodiversidade da bacia amazônica.

Mortalidade em massa do ouriço-do-mar ameaça os corais

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