Branqueamento de corais do Nordeste preocupa pesquisadores
Eles são o mais importante ecossistema marinho. Não há nada que se compare aos corais. Três de cada quatro peixes dependem deles para reproduzir e viver. Mas a praga humana do aquecimento global está se tornando uma pandemia que põe em risco os corais de todo o planeta. Branqueamento de corais do Nordeste preocupa os pesquisadores.
Branqueamento de corais do Nordeste preocupa
Na verdade o problema não se resume ao Nordeste. Antes fosse. O processo do branqueamento está colocando em risco os corais do planeta. O maior banco, representando dez por cento destes animais no planeta, a Grande Barreira de Corais da Austrália (2.900 recifes e 300 atóis), antes estava na mídia em razão de sua beleza, importância para a vida marinha, além de bombear para a economia do país US$ 5,6 bilhões por ano gerando mais de 70.000 empregos. Desde 2016 ela perdeu cerca de 30% de seus corais.
Em 2019 foi constatado no Brasil. O Mar Sem Fim alertou para o problema dos corais em Abrolhos, Rio de Janeiro, São Paulo e outros Estados. Agora os pesquisadores apontam que o branqueamento se intensifica no Nordeste. Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) dizem que o branqueamento dos corais do Estado é ‘gravíssimo’. O branqueamento até agora era incomum na costa paraibana.
Praia do Seixas 93% das colônias monitoradas já se foram
Nesta praia há 1,1 mil colônias que estavam sendo monitoradas. O resultado foi apresentado em estudo do Laboratório de Ambientes Recifais e Biotecnologia com Microalgas (LARBIM) da UFPB.
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Os corais da Paraíba correm risco de morrer, caso o estresse que provocou o massivo branqueamento perdure por mais de três meses
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Para a pesquisadora da Paraíba os problemas que levaram a esta situação são variados. Em comum, o aquecimento global. Para além disso, segundo Cristiane Sassi, estão a exploração descontrolada do turismo, poluição marinha, alta taxa de sedimentação, pisoteio e outras ações negativas do homem.
A bióloga marinha Karina Massei também ficou impressionada, e declarou ao site do governo do Estado que “todas as espécies de corais que temos aqui no Seixas sofreram”.
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Enquanto continuarmos omissos a situação tende a piorar. Ou mudamos, ou mudamos, não há outro caminho. A pesquisadora Cristiane Sassi concorda:
Entendo que somente com mudanças de nossas posturas, reduzindo a emissão de gás carbônico, a fim de atenuar o aquecimento global, e com a diminuição da poluição dos mares, do uso dos plásticos e com o fim das queimadas, podemos contribuir na conservação dos recifes. Além disso, a prática de condutas conscientes ao se visitar esses ecossistemas também é uma ação que auxilia na sua conservação
Branqueamento massivo no Nordeste
O Nordeste abriga a maior faixa de corais do Brasil, com cerca de 3 mil quilômetros. E ali o branqueamento está feio. No Rio Grande do Norte o biólogo e pesquisador Guilherme Longo comentando o processo no Rio do Fogo declarou: ‘Registros anteriores, de 2010, mostraram que 70% da área monitorada tinha sido afetada. Hoje constatamos um impacto superior a 80%’.
O pesquisador falou ao G1 sobre a intensidade do processo: “Percebemos uma magnitude impressionante no processo de branqueamento e um dos maiores indicadores foi uma espécie que costuma ser extremamente resistente, mas também branqueou”
Por que o nome ‘braqueamento’
O Mar Sem Sim já explicou que corais são animais, feitos de pequenos pólipos de corpo mole, cada um com uma espiral de tentáculos que se assemelham a pétalas. São antiquíssimos, considerados fósseis vivos. Estas estrutura são colonizadas por algas. São elas que, ao passarem pela fotossíntese, geram alimentos para os corais. As cores dos bancos de coral depende da densidade das microalgas.
O pesquisador Guilherme Longo explicou ao G1: “. “Parte da nutrição vem da alga e a outra parte da captura de pequenos animais e partículas da água. São essas as duas fontes de alimento dos corais”.
Acontece que o aquecimento é arrasador para o animal. Mais uma vez, damos a palavra ao pesquisador: “Quanto maior a temperatura da água mais vezes as microalgas se multiplicam nos corais, fazendo mais fotossíntese, o que gera uma produção intensa de oxigênio. Isso começa a incomodar o coral que, para não se prejudicar, expulsa as algas. Dessa forma, ele perde basicamente metade da nutrição”.
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É por esta razão que se diz que os corais estão ‘doentes’, não mortos. Tudo depende do tempo que dura a ‘enfermidade’. Se for curta, o coral tem forças para se recuperar. Se for longa, nem tanto.
Imagem de abertura: Governo do Estado da Paraíba
Fontes: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2020/04/20/branqueamento-massivo-dos-corais-preocupa-pesquisadores-do-rio-grande-do-norte.ghtml; https://abcreporter.com.br/2020/06/21/branqueamento-dos-corais-do-paraiba-esta-mais-intenso-e-pesquisadores-alertam-para-morte-iminente-das-especies/; https://paraiba.pb.gov.br/diretas/secretaria-da-educacao-e-da-ciencia-e-tecnologia/horizontes-da-inovacao/noticias/altas-temperaturas-ameacam-corais-na-costa-nordestina.