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Base naval chinesa em Ushuaia? Perigo à vista

Base naval chinesa em Ushuaia? Perigo à vista, saiba por quê

Ao que parece a China insiste na ideia. No passado recente o país tentou convencer os uruguaios para ter uma base na América do Sul. Em seguida à negativa, chineses andaram por aqui, conversando com autoridades do Rio Grande (RS) neste mesmo sentido. Como nenhuma destas tentativas evoluíram, agora o foco virou-se para a Argentina: Base naval chinesa em Ushuaia? Perigo à vista.

Ushuaia.
Ushuaia. Acervo MSF.

Insistência chinesa na América do Sul

Um  mega projeto envolvendo um terminal de pesca foi  apresentado em 2018 no Instituto Uruguai XXI, uma agência do governo com missão de promover e atrair investimentos.

Não deu certo. Então, a China muda a estratégia e, em 2021, oferece ao governo do Rio Grande (RS) a construção de um polo pesqueiro para seus navios. A grande mídia não deu uma linha sequer.

Mas o site  defesa net, em matéria exclusiva, disse que o Projeto de Pesca Integrada oferecido para a cidade de Rio Grande e apresentado pela empresa Ample Develop Brazil LTDA implicava em investimentos de US$ 30 milhões de dólares para o Estado do Rio Grande do Sul. O primeiro contato foi com a Secretária de Relações Internacionais, a ex-senadora Ana Amélia Lemos.

Contudo, apesar do silêncio da grande mídia, em 2021 os chineses foram recebidos pelo secretário do Meio Ambiente e infraestrutura do Rio Grande do Sul à época, Arthur Lemos, juntamente com a presidente da FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Toessler, Marjorie Kauffmann e, finalmente, o Secretário Adjunto da Agricultura (RS) Luís Fernando.

Mais uma vez, e felizmente, o projeto em Rio Grande não foi em frente. Agora, a bola está com a Argentina, enquanto o perigo, com toda a América do Sul.

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Base naval chinesa em Ushuaia

Antes de mais nada, vamos nos lembrar que a China é a maior predadora dos mares do planeta. Depois de esgotar a pesca em sua Zona Econômica Exclusiva, o país passou a depredar o litoral africano.

Um vez completado o ‘serviço’, a China passou a invadir as águas sul americanas. Em janeiro de 2023 ela estava em águas argentinas mais uma vez, ou seja, no nosso ‘quintal’, predando um de seus recursos, as lulas dentadas (metade das capturas mundiais da espécie vem de águas argentinas).

Curioso é o avanço da conversa com os argentinos. A frota ilegal chinesa já predava a ZEE do país desde 2013! E, em 2016, a Armada afundou um pesqueiro chinês.

Antes, a China invadiu e depredou um dos mais ricos santuários marinhos do Pacífico, Galápagos, criando atritos com o Equador. Entretanto, depois de todas estas ofensas, agora o país conversa, sigilosamente, com o governo argentino na tentativa de ter uma base naval em Ushuaia.

O site portenho pescare.com.ar, manchetou em 9/1/23: ‘Preocupante. A ideia de uma Base Chinesa na Terra do Fogo avança. Poderia ser uma janela para a Antártida.’

No corpo do texto, diz o site, ‘Entre os relatórios e as confirmações que não chegam, um novo ataque da República Popular da China está perseguindo nosso país. Não basta a pesca ilegal. Agora eles estão indo para uma base naval militar.’

‘Ninguém vai confirmar no momento, mas a China busca um local para construir uma base naval em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, deixando uma “janela” aberta para o país asiático na Antártida.’

Canal de Beagle, porta de entrada para a Antártica

Por fim, diz o pescare.com.ar, ‘Sempre no campo das hipóteses e informações tratadas por alguns meios de comunicação internacionais – como é o caso do Intelligence Online da França – esta base militar poderia permitir à China controlar a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, monitorando assim as comunicações ao longo do hemisfério, conforme expressam nossos colegas franceses.’

Imagem usada pelo site pescare.com.ar, para sugerir o monitoramento assim como as comunicações ao longo do hemisfério

E não apenas as comunicações, dizemos nós. Ushuaia fica às margens do Canal de Beagle, que é a porta de entrada mais fácil para a Antártica, cujas águas são ricas em biomassa pesqueira. Seria um desastre para a América do Sul e a Antártica se os ‘chinos’ alcançarem seu intento.

Por último, o site argentino diz que ‘as negociações são lideradas por Shuiping Tu, funcionário do Partido Comunista Chinês radicado na Argentina’. E mais: ‘oficial chinês conseguiu persuadir o governador da Terra do Fogo, Gustavo Melella, a mudar de posição em relação aos investimentos chineses na província.’

Parecem informações fantasiosas, mas não são

A notícia saiu em vários sites, entre eles o www.intelligenceonline.com que publicou em novembro a matéria Beijing takes action behind the scenes for control of Ushuaia naval base (Pequim entra em ação nos bastidores pelo controle da base naval em Ushuaia).

Do ponto de vista da localização, no final da América do Sul e às margens do Beagle, Ushuaia é estratégica para o controle da navegação entre o Pacífico e o Atlântico, e para acesso à Antártica.

Enquanto isso, o La Nacion, quase um ano atrás em dezembro de 2022, publicou matéria em que diz que o presidente Alberto Fernández negara a tentativa, e explicou: ‘A declaração do presidente argentino ocorreu depois que a mídia britânica o questionou sobre o projeto chinês que construiu uma estação de observação espacial na província de Neuquén que, segundo o grupo de especialistas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, opera com pouca supervisão argentina e poderia ser usado para coleta de inteligência militar.’

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Ou seja, já existe um pé da China na Argentina. A questão é saber se haverá dois. Contudo, o mesmo La Nacion, em março de 2022, publicou a matéria ‘Com Rússia e China como possíveis parceiros, Governo avança com construção do Polo Logístico Antártico.

‘Com o intuito de fortalecer a presença das Forças Armadas na rota para a Antártida, o ministro da Defesa, Jorge Taiana, liderou o lançamento da pedra fundamental da Base Naval Integrada de Ushuaia. Este é o primeiro passo para a construção do Polo Logístico Antártico, empreendimento que há alguns meses gerou preocupação nos Estados Unidos pela eventual participação de Rússia e China em seu financiamento e gestão.’

Não são apenas os recursos marinhos em jogo, mas a geopolítica mundial

O que está em jogo, caso a China se acerte por aqui, não são apenas os recursos vivos e não vivos  de nossas ZEEs mas, sobretudo, a geopolítica nos oceanos conforme explicamos. E isto é assunto de Estado. A MB já sabe do perigo. O site podernaval.com.br também repercutiu a ameaça.

Por tudo isto, é bom que as autoridades brasileiras fiquem atentas, e ouçam o apelo do novo Comandante da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, em seu discurso de posse, quando demonstrou preocupação com a Amazônia Azul, e que a MB tenha os recursos necessários para de fato fiscalizá-la e protegê-la.

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