Vírus marinhos, os nano seres que dominam os oceanos: são dez bilhões de nano seres por litro!
Estima-se que haja 260 mil espécies nos oceanos, desde o minúsculo plâncton à gigante dos mares, a baleia azul. Mas, ‘para além deste universo animal, existe um submundo de nano seres’. Os microrganismos dominam os mares considerando que por litro de água existem cerca de 20 mil tipos de vida microbiana. Para a portuguesa Mónica Barbosa, licenciada em Geografia, e pós-graduada em Gestão dos Recursos Naturais, “calcula-se assim que a abundância de vida nos oceanos ronde os 2,2 milhões de espécies de vida multicelular, uma pequena fração quando comparada com a existência quantitativa de microrganismos marinhos, onde os vírus marinhos aparecem na ordem dos dez bilhões por litro.”
Agentes biológicos mais diversificados existentes no planeta
“De ínfima dimensão, variável entre os 20 e os 200 nanómetros (nm = milionésimo de milímetro), os vírus são partículas compostas por material genético (DNA ou RNA, de cadeia simples ou dupla), rodeados por proteínas (cápside), sendo que alguns possuem também um envelope lipídico.”
São agentes infetantes que atacam células vivas, formados por moléculas de núcleo-proteínas, auto-reprodutíveis, e com capacidade de sofrer mutações. Por não terem estrutura celular, sem metabolismo próprio, vivem como parasitas obrigatórios durante o ciclo celular do organismo hospedeiro, sendo os agentes biológicos mais diversificados existentes no planeta.”
Mas não se desespere. Este post pretende apenas demonstrar mais uma vez, a colossal quantidade de vida dos oceanos, e o quão pouco ainda as conhecemos. ‘Estes vírus’, segundo a revista Nature, ‘são inofensivos para as pessoas, mas podem infectar uma variedade de vida marinha, como baleias, crustáceos e bactérias.”
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Para Mónica Barbosa, “os vírus marinhos são responsáveis por essenciais dinâmicas ecológicas, como o controle de proliferação de algas, a manutenção da biodiversidade e equilíbrio populacional de espécies de fitoplâncton e bactérias, inferindo inclusive na modelação do clima.”
Mónica explica que “os vírus marinhos desempenham papel determinante nos oceanos. Eles controlam proliferações de algas que podem asfixiar os peixes ou tornarem as suas brânquias permeáveis às toxinas dissolvidas.
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E atacam bactérias que infeccionam o fitoplâncton causando “marés vermelhas” com efeitos devastadores, assim como, induzem à lise (processo de destruição ou dissolução da célula) das bactérias tóxicas que afetam a aquicultura.”
Oceanos abrigam 200.000 espécies de vírus
Segundo a Nature, “os oceanos do mundo abrigam quase 200.000 espécies de vírus – duas ordens de magnitude a mais do que os cientistas haviam registrado anteriormente, de acordo com uma pesquisa com micróbios marinhos. Os pesquisadores também descobriram uma bolsa inesperada de diversidade viral no Oceano Ártico. As comunidades mais diversas estavam em águas de superfície temperadas e tropicais, bem como no Oceano Ártico.
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A Nature destaca um dos serviços dos vírus marinhos: “Usando esse novo mapa da diversidade de vírus, os cientistas podem manipular áreas específicas do oceano para aumentar a capacidade da comunidade viral de mover dióxido de carbono de águas rasas para o oceano profundo, diz Matthew Sullivan, microbiologista da Ohio State University e autor sênior do estudo.”
Os oceanos absorvem metade do dióxido de carbono da atmosfera
“Os oceanos absorvem metade do dióxido de carbono que as pessoas bombeiam na atmosfera da Terra. E análises anteriores descobriram que os vírus marinhos podem ajudar a direcionar o carbono das águas superficiais do oceano para as profundezas, afastando-o da atmosfera.”
Oceano Índico e do leste do Pacífico
Nature: “A revelação de que os vírus formam comunidades nos oceanos do mundo enfatiza o pouco que sabemos sobre eles, diz Curtis Suttle, virologista marinho da Universidade da Colúmbia Britânica em Vancouver.”
“E, embora os pesquisadores agora tenham uma quantidade enorme de dados sobre vírus oceânicos, ainda existem muitas regiões não amostradas do mar, acrescenta ele. As áreas inexploradas incluem vastas porções do oeste do Oceano Índico e do leste do Pacífico.”
‘Extraordinárias formas de vida’
A lusitana Mónica Barbosa termina assim o seu artigo: “No majestoso reino oceânico residem extraordinárias formas de vida, moldadas por condições extremas e variadas. Um mundo de desafios constantes, onde se escondem fragilidades a diversas escalas, e incríveis formas de vida de beleza inesperada. Um planeta como um todo, uma magia fascinante que importa preservar.”
Imagem de abertura: https://www.tempo.pt/
Fontes: https://www.tempo.pt/noticias/ciencia/um-oceano-uma-legiao-de-virus.html; https://www.nature.com/articles/d41586-019-01329-w.