SeaOrbiter, futurista plataforma laboratório do mar
Desde que Júlio Verne publicou 20.000 léguas submarinas, em 1869, o homem sonha em habitar o fundo do mar. Na ficção científica, o capitão Nemo e sua tripulação embarcam no Náutilus, um submarino autônomo movido a energia elétrica. Capitão e tripulação cortam relações com o meio terrestre e vivem do que as profundezas lhes dá. Jacques Cousteau deu ainda mais credibilidade à ideia nos anos 60, quando liderou três projetos para construir “cidades submarinas”. Os projetos Precontinent I, II e Precontinent III. Em 1963, Cousteau ficou 30 dias submerso em uma estação no Mar Vermelho. Agora surge um novo, o SeaOrbiter, um projeto futurístico para atingir os objetivos do capitão Nemo: uma espécie de estação oceanográfica vertical, capaz de navegar, estudar os oceanos e a vida marinha.
“É Do Oceano E Do Espaço Que Nascerá O Destino Das Civilizações Futuras”
A frase acima é do arquiteto e oceanógrafo francês, Jacques Rougerie, projetista do SeaOrbiter uma ‘Estação Oceânica Internacional’. O site do projeto o define como ‘Um modelo de universalidade científica e social.’
‘Assim como a Estação Espacial Internacional foi construída com a promessa de cooperação científica e tecnológica entre os EUA, Europa e a Rússia da época, o SeaOrbiter pretende reunir em torno do seu conceito, e das suas missões, o conjunto de comunidades planetárias cujo oceano, direta ou indiretamente, condiciona o futuro.’
O projeto de Rougerie tem a participação do oceanógrafo Jacques Piccard e do astronauta Jean-Loup Chrétien.
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O conceito se parece ao de outro francês notável. Falamos do neto de Jacques, Fabien Custeau. De acordo com o site de Fabien, que apresenta o projeto como A State-of-the-Art Marine Research Project, An International Space Station, Underwater.
Fabien pretende oferecer aos cientistas e acadêmicos um laboratório de pesquisa essencial de última geração e uma plataforma para gerar descobertas científicas. Contudo, assim como o SeaOrbiter, trata-se ainda de um projeto.
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Atualmente, depois de todos os projetos dos últimos 50 anos, apenas um habitat subaquático permanente permanece em atuação, o Aquarius Reef Base, uma estação de pesquisa administrada pela Universidade Internacional da Flórida, situada a 20 metros no fundo do mar em Florida Keys.
Neste 2023, o laboratório deve estar lotado de trabalho na tentativa de salvar uma enorme área de corais no mesmo local, que está morrendo em razão do calor dos oceanos. Faz muito tempo que os oceanos não estão tão ameaçados como agora com o descontrole do aquecimento. Suas águas estão fervendo, atingindo inacreditáveis 38ºC na Flórida.
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O site do projeto explica: ‘é o único navio tripulado do mundo que permite a exploração 24 horas por dia, 7 dias por semana, em missões de longo prazo no mar aberto e no abismo’.
A concepção teve como base princípios de biomimética, utilizando a imitação de modelos, sistemas e elementos da natureza para criar uma embarcação simbiótica à deriva em ritmo lento.
O site diz que é uma casa subaquática nômade capaz de hospedar de 18 a 22 tripulantes para observar e estudar ecossistemas marinhos, em simbiose com animais no meio dos oceanos.
Ele permite a realização de experimentos em um ambiente extremo complexo e confinado e a realização de experiências permanentes e diretas no reino aquático a 12m abaixo da superfície. Além disso, contém robôs e dispositivos para explorar as profundezas do oceano até 6.000 m. Devido às suas semelhanças com as condições de vida encontradas no espaço, o SeaOrbiter fornece um simulador espacial.
Parece bom demais, não? E quase impossível de ser financiado. Contudo, entre seus embaixadores estão cientistas do calibre de Sylvia Earle, notáveis como o príncipe Albert, de Mônaco, Jean-Michel Cousteau, e Peter Thomson, enviado especial dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU, entre outros.
No momento, os estudos de engenharia cobrem a capacidade de propulsão, autonomia e alcance do SeaOrbiter. A definição dos modos de fornecimento, conversão e armazenamento de energia com ênfase em fontes renováveis.
Além disso, exploram a otimização do espaço dedicado às áreas de convivência, laboratórios e instalações do aquanauta; o projeto do sistema de lastro e da quilha retrátil; e a satisfação dos requisitos de manutenção do mar e de segurança.
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Proposta de 2015
A ideia dos franceses foi apresentada em 2015. Conforme o projeto, o laboratório seria uma embarcação oceânica semissubmersível pesando 1.000 toneladas. Teria uma altura total de 51 metros com 31 metros abaixo do nível do mar.
Ele foi projetado para flutuar verticalmente e derivar com as correntes oceânicas, mas tem duas pequenas hélices que permite modificar sua trajetória e manobrar em águas confinadas. Contudo, até o momento não saiu dos estudos e da maquete.
Um mérito, entretanto, ele teve: chamar a atenção para o desconhecimento da humanidade sobre os oceanos. A ver se sairá do papel.