Salmão transgênico: animal geneticamente modificado para servir de alimento
O Salmão é o primeiro animal geneticamente modificado a receber aprovação para servir de alimento no mundo: o Salmão transgênico é uma realidade.
Ficção científica ou realidade?
Realidade que lembra ficção. A produção, venda, e consumo do salmão transgênico foi aprovada pela rigorosa Food and Drug Administration, dos EUA, a FDA.
A criatura é uma produção da empresa AquaBonty. Ela colocou no salmão atlântico o DNA do salmão real, uma espécie gigante oriunda do Pacífico. A grande vantagem da espécie modificada é que ela cresce mais rapidamente que as outras: em um ano e meio atinge o tamanho típico dos três anos, que é o exigido pelo mercado. A nova espécie foi batizada como AquAdvantage. De acordo com o site da empresa, “somos uma pequena empresa com uma visão ousada. Queremos aumentar o número do melhor salmão do Atlântico. Um peixe que é nutritivo, delicioso, fresco e acessível”.
Revista Nature considera a aprovação “uma decisão histórica”
A conceituada revista científica, Nature, considerou a decisão da FDA como “histórica”. A revista explica que a empresa AquaBonty “esperou 18 anos, e 60 milhões de dólares em investimentos, até conseguir o OK da FDA”. A decisão desagradou inúmeras ONGs.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemCOP29, no Azerbaijão, ‘cheira à gasolina’Município de Ubatuba acusado pelo MP-SP por omissãoVerticalização em Ilha Comprida sofre revés do MP-SPResistências contrárias às modificações genéticas
No Canadá, onde as ovas usadas pela AquaBonty são modificadas, há forte resistência contra a aprovação para o consumo. Campanhas organizadas por ONGs pedem que os descontentes mandem e-mails para o ministério da saúde pedindo que experimentos genéticos sejam proibidos: “Email the Minister of Health today, to Stop GM Fish“.
Com o crescimento da população mundial, e seus usos e costumes insustentáveis, não são poucas as espécies ameaçadas. Há quem diga que a nossa geração será a responsável pela sexta extinção. Uma coisa é certa: os cientistas concordam que a vida marinha vem sofrendo com a poluição, acidificação dos oceanos, o desaparecimento de habitats naturais, e a introdução de espécies exóticas. De 1950 até hoje a pesca liquidou com 90% dos maiores predadores marinhos, entre eles, o salmão selvagem, que está à beira da extinção.
PUBLICIDADE
Maior perigo do salmão transgênico
Os críticos do salmão geneticamente modificado receiam que ele escape dos tanques de criação para a natureza, o que poderia prejudicar ainda mais as espécies naturais. A esta crítica, o FDA responde que só serão produzidas fêmeas estéreis, e que “as instalações nas quais o animal será criado dispõem de uma série de barreiras físicas múltiplas e repetidas, para evitar que os ovos e os peixes escapem”.
A situação do pescado em escala mundial é tão preocupante que tem gerado experimentos os mais diversos. Este é o caso do salmão geneticamente modificado. Outro, é experiência de criação de salmões em cativeiro. Hoje 70% do salmão consumido no mundo é criado em viveiros.
Leia também
Segredo da longevidade do tubarão da Groenlândia é descobertoRaro Projeto de Lei preserva tubarões e arraias no PaísIlha da Queimada Grande, ou Ilha das Cobras, e a ameaçada Jararaca-ilhoaO Chile foi mais ousado. Um país do hemisfério sul que decidiu produzir uma espécie do hemisfério norte. Apesar dos riscos da introdução de espécies exóticas, considerada por cientistas como a segunda maior causa da perda da biodiversidade (a primeira é o desaparecimento de habitats naturais), o Chile hoje é o segundo maior produtor de salmões, só perdendo para a Noruega.
Em minha primeira viagem à Antártica, visitei uma destas polêmicas fazendas de criação. A maioria delas se localiza nos canais da patagônia.
A aprovação para consumo do salmão gerou uma onda de protestos em várias partes do mundo, inclusive no Canadá, onde foram aprovadas as ovas geneticamente modificadas,
Diminuição de pescado é mundial
Dados da ONU mostram que a pesca no mundo atingiu 160 milhões de toneladas anualmente, sendo que 40% deste volume vêm da aquicultura.
Outro dado (mundial) interessante é que os “pescadores artesanais respondem por 90% da força de trabalho no setor, embora os benefícios do comércio internacional raramente cheguem às comunidades”.
A solução para o crescimento da pesca mundial tem sido a tecnologia. Entre outras ela deu considerável contribuição para a criação de várias espécies em cativeiro, ou os experimentos como o da modificação genética de algumas espécies.
(fonte principal: site do jornal El País de 19/11)