Recuperação da Serra do Mar com ajuda da sociedade civil
O momento do choque passou. As famílias que perderam suas casas estão alojadas provisoriamente pelo governo do Estado, enquanto aguardam novas moradias. Agora é hora da recuperação dos veios abertos na Serra do Mar. E são muitos. O estrago foi violento, representa uma área equivalente a 200 campos de futebol. Em 29 de março, na reunião do CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente – o Instituto de Conservação Costeira apresentou um estudo para ‘curar’ as 693 cicatrizes abertas nas encostas da Serra do Mar. Quanto mais cedo o trabalho começar, melhor. O ICC é uma emblemática ONG que há anos luta para conservar o litoral norte do Estado.

Instituto de Conservação Costeira e a vila do Sahy
Fundado em 2013, o Instituto de Conservação Costeira já prestou relevantes serviços ao litoral norte. Para sua presidente, a advogada Fernanda Carbonelli, “Estamos propondo um grande plano de restauração sócio ambiental dessas áreas, começando pela Vila Sahy. A ação é necessária antes que espécies invasoras comecem a crescer no solo que está muito exposto. As cicatrizes podem aumentar. Estamos olhando o aspecto ambiental, mas também social, com oficinas participativas com a comunidade.”
O estudo teve como um dos modelos técnicas desenvolvidas há 40 anos para o replantio de mudas nativas nas encostas da Serra do Mar, então destruídas pela poluição química do polo industrial de Cubatão. Na época, partes da vegetação morreram, deixando à mostra os mesmos veios de agora.
André Mota, consultor ambiental do ICC, declarou à imprensa: “Na época, foram criados parâmetros para a recuperação de terrenos muito inclinados que podem ser aplicados em São Sebastião.”
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperança“Nunca foi necessária uma intervenção tão grande na região, por isso estamos definindo as metodologias a serem aplicadas no projeto, que ainda precisa ser aprovado pelos órgãos ambientais”, disse. Há terrenos muito íngremes ou de rochas expostas em que não é possível o plantio convencional. “A boa surpresa é que já vimos guapuruvus (árvore da mata atlântica) brotando no terreno devastado”, disse.
50% das cicatrizes estão no Parque Estadual da Serra do Mar (PESM)
Segundo o Estadão, o projeto conta com uma equipe de 12 profissionais, entre geólogos, engenheiros ambientais, agrônomos e biólogos. Para Edson Lobato, gestor ambiental do ICC, a recomposição florestal também ajuda a impedir a reocupação das áreas onde houve deslizamentos.
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Contudo, a restauração das áreas afetadas por deslizamentos em São Sebastião e nos demais municípios do litoral norte terá o acompanhamento do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e pela Fundação Florestal, órgãos da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado, já que 50% das cicatrizes estão no Parque Estadual da Serra do Mar (PESM).
Enquanto o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, conversou com Marina Silva sobre a restauração da Serra do Mar, Fernanda Carbonelli pretende conseguir apoio da iniciativa privada.
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Por outro lado, a Fundação Florestal e o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) pretendem formar uma rede de contribuições coletivas para o trabalho.
Segundo o Estadão, a Fundação Florestal e o IPA realizaram sobrevoos e visitas de campo nas áreas, identificando perfis diferentes, cada um demandando um projeto específico.
Em nota, a Fundação florestal informou que “Para a conclusão dos projetos, será formalizada uma rede de contribuição coletiva de entidades da sociedade civil interessadas em apoiar a restauração ecológica.”