Reconstrução da Estação Comandante Ferraz na Antártica
A Estação brasileira sofreu um incêndio devastador no verão de 2012. Este foi um ano trágico para o Brasil na Antártica (Conheça a história da descoberta). Houve três acidentes com potencial de poluição. Sem falar nas duas mortes provocadas pelo incêndio. Reconstrução da Estação Comandante Ferraz é o tema de hoje.
Balsa da Marinha do Brasil carregada de diesel naufraga
Primeiro, foi o naufrágio de uma balsa da Marinha do Brasil, ilha Rei George, baía do Almirantado, que levava 10 mil litros de diesel em tambores. É com o duvidoso uso de balsas que o Brasil descarregava o diesel que mantinha suas instalações, um processo antigo e perigoso. As bases mais modernas usam meios menos perigosos. O tempo virou de repente e balsa, de fundo chato, afundou. A Marinha do Brasil teve papel duvidoso neste acidente ao escondê-lo, o que vai de encontro às regras do Tratado da Antártica.
Não só a Marinha do Brasil errou neste caso
Não só a Marinha errou neste caso, os ministérios que integram o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) – Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores e Minas e Energia e Defesa também omitiram o assunto na época.
Carga resgatada sem vazamentos
Felizmente o navio de socorro a submarinos Felinto Perry, mandado às pressas para ajudar, chegou a tempo de resgatar a carga. Ela estava a 40 metros de profundidade, a uma distância de 900 metros da praia onde ficava a antiga Estação Ferraz. Não houve poluição. Mas o papel das autoridades brasileiras ficou manchado. As notícias acabaram vazando e todos os membros do Tratado Antártico souberam. Só depois a Marinha admitiu publicamente o fato.
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Aconteceu na madrugada de 25 de fevereiro quando houve uma explosão na Casa de Máquinas onde ficavam os geradores. Dois oficiais morreram carbonizados. E o acidente simplesmente derreteu tudo o que havia: dos contêineres que serviam de abrigo, aos materiais internos, motos de neve, combustível, materiais de pesquisa, amostras, não sobrou quase nada.
Poluição aconteceu por infiltração no solo
A poluição aconteceu por infiltração no solo. E pela espessa fumaça que se espalhou na atmosfera com as cinzas vindo a cair em outros locais distantes. Ao menos neste caso as autoridades fizeram o possível para minimizar o impacto que sempre fica. Todo o material foi recolhido e trazido de volta ao Brasil.
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Responsabilidades apuradas
O STM, Superior Tribunal Militar, condenou um sob-oficial da Marinha do Brasil a dois anos de detenção pelo incêndio em Ferraz. Ele foi acusado pelo crime de “causar incêndio em lugar sujeito a administração militar, expondo a perigo a vida, a integridade física do patrimônio de outrem. O sargento responsabilizado era encarregado de fazer a transferência de diesel na Praça de Máquinas.
Naufrágio do Mar Sem Fim
Finalmente, nos primeiros dias de abril de 2012, o Mar Sem Fim, em sua segunda viagem à Antártica, naufragou na ilha Rei George, baía Fildes, defronte as bases chilena e russa. Foi uma viagem mal planejada e cheia de surpresas climáticas. Entre os problemas, destaco a falha de preparação do barco. Depois do acidente, a Marinha do Brasil abriu inquérito. Poucos meses depois, fui absolvido. O resultado do processo determinou que a causa foi ‘fortuna no mar’. Felizmente, um ano depois, com apoio da Marinha do Brasil, mas pagando pessoalmente todos os custos, resgatamos o barco evitando acidente ecológico.
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O início dos trabalhos foi anunciado oficialmente em março de 2015 pelos ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a inauguração de uma “pedra fundamental” simbólica em Punta Arenas, no Chile. O projeto, escolhido em abril de 2014, é do Estúdio 41.
Em novembro de 2016 chegaram ao local engenheiros e técnicos da Ceiec, estatal chinesa contratada para executar a obra. Dificuldades na licitação atrasaram o cronograma. A obra, que custou US$ 99 milhões de dólares, deveria ser inaugura em 2016 mas só ficou pronta em 2020 (saiba mais). Cerca de 200 funcionários chineses trabalharam no local.
Segundo O Estado de S. Paulo, “sua estrutura é à prova de ventos de até 200 km/h, solos congelados e abalos sísmicos. As obras começaram no final de 2015. Suas fundações foram pré-montadas em Shangai e levadas de navio para a Ilha Rei George, onde ficam estações de Brasil e outros países. Assim como os pilares, estruturas e contêineres.”
O trauma do incêndio de 2012 e a reconstrução da Estação Comandante Ferraz
O Estado de S. Paulo: “Para aplacar o trauma do incêndio que matou dois militares há oito anos, a segurança virou quase obsessão e acabou ampliando a nova Comandante Ferraz. O projeto original tinha 3,3 mil m², mas a estação ficou com 4,5 mil m², em boa parte por segurança. É quase o dobro da antiga, que tinha 2,6 mil m². “A nova estação será uma oportunidade de mostrar nosso valor como país, pois estamos inaugurando uma estrutura de ponta, que colocará nossos pesquisadores no topo da pesquisa antártica”, afirma o secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, almirante Sérgio Guida.”
‘Colocar nossos pesquisadores no topo da pesquisa antártica’, entretanto, depende de liberação de verbas do governo o que não está ocorrendo, causando sérios risco à pesquisa brasileira.
Fontes: https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-vai-inaugurar-estacao-antartica-na-proxima-terca-feira,70003148168; https://arte.estadao.com.br/ciencia/geral/estacao-antartica-brasileira/.