Porta-helicópteros Atlântico, a nau capitânia da Marinha do Brasil
Alexandre Galante é jornalista, designer, fotógrafo, e ex-tripulante da fragata Niterói. Ele escreve regularmente para o site www.naval.com.br, especialmente sobre a história dos navios de guerra do Brasil. Recentemente tivemos acesso ao post A história do Porta-Helicópteros HMS Ocean na Royal Navy, agora porta-helicópteros Atlântico nau capitânia da Marinha do Brasil, onde conta a trajetória da embarcação. Conversamos com ele que mais uma vez nos deu autorização para usar os dados e fotos de sua matéria.
Royal Marines britânicos
Os Royal Marines britânicos foram pioneiros no uso de helicópteros para operações anfíbias depois da Segunda Guerra Mundial. O papel do policiamento imperial precisava do pouso relativamente rápido de um pequeno número de tropas, e o desdobramento via helicóptero parecia a solução ideal.
A Marinha Real Britânica teve a sorte de dispor de um grande número de porta-aviões leves ao final da Segunda Guerra Mundial que poderiam ser convertidos para a nova missão. Começava ali a história da Atlântico nau capitânia, posto que já foi ocupado pelo porta-aviões Minas Gerais e, posteriormente, o porta-aviões São Paulo, que teve vida curta na função.
A conversão de navios na Inglaterra
A primeira dessas conversões foi um HMS Ocean anterior, da classe “Colossus”, que teve ação durante a intervenção no Canal de Suez em 1956. Esta operação marcou a primeira vez das táticas de guerra anfíbia de envolvimento vertical que foram usadas durante o combate.
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Mas, na verdade, foi construído de acordo com os padrões dos navios mercantes, com um design que imitava um grande navio mercante com o acréscimo de um convés de voo e equipamentos militares.
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Uma base aérea de retaguarda
Imediatamente após a encomenda, a Royal Navy anunciou que o LPH seria batizado HMS Ocean em homenagem ao primeiro LPH operacional do mundo. A doutrina operacional apresentava o novo navio como uma base aérea de retaguarda, mantendo um padrão a cerca de 100 milhas da cena de operações.
Classe “Albion”
Os dois navios do tipo LPD (Landing Platform Dock), da futura classe “Albion”, seriam desenvolvidos mais próximos do local de maior engajamento e atuariam como postos de preparo avançados dos helicópteros do LPH.
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Em maio de 1995, 75% da fabricação de aço estavam prontas, incluindo a seção de proa e 1.400 toneladas da seção de popa. O primeiro dos dois motores diesel principais foi entregue, assim como os geradores a diesel e as rampas de popa instaladas.
Depois de alguns problemas na construção, por volta de março de 1997, o VSEL concordou em realizar o trabalho adicional necessário no HMS Ocean.
Isso incluiu a instalação do CIWS Phalanx Mk.15 e quatro canhões gêmeos BMARC de 30mm. Finalmente, em 30 de setembro de 1998, o navio foi comissionado.
Algumas missões do HMS Ocean
Construído em tempos de paz, ele não teve a carreira ‘guerreira’ de seu antecessor Minas Gerais. Mesmo assim, teve participação ativa na Operation Palliser para restaurar a ordem em Serra Leoa quando apoiou as operações britânicas no país. Desde então, o HMS Ocean participou de várias outras ações além de exercícios.
Esteve no Índico como apoio anfíbio às operações dos EUA no Afeganistão contra o Talibã e os terroristas que abrigavam.
Em seu retorno, voltou ao estaleiro para uma revisão. Durante o conflito no Iraque, em 2003, tornou-se uma plataforma para 22 helicópteros, um dos principais componentes do ataque ao sul do Iraque nos três primeiros dias da Operação Iraq Freedom.
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Presença permanente no norte do Golfo pérsico
Intimamente ligado à campanha terrestre por meio dos esquadrões de helicópteros e dos fuzileiros navais, manteve presença permanente no norte do Golfo. Ali demonstrou capacidade de realizar operações de voo o tempo todo, enquanto suas embarcações de desembarque patrulhavam os rios no sul do Iraque.
Em 2007, o HMS Ocean iniciou seu primeiro longo período de reparos e reequipamento. O trabalho foi realizado pela Devonport Management Limited em sua instalação Devonport Royal Dockyard e durou cerca de 12 meses.
Em junho de 2009, estava de volta ao mar quando participou do exercício Bersama Shield com o HMS Somerset e o RFA Wave Ruler na Península Malaia.
Em 2010, foi enviado em um comboio multifuncional, que começou com o exercício Auriga, na costa leste dos EUA. Depois, navegou para o Brasil para realizar um exercício com os fuzileiros navais.
Do Brasil, o HMS Ocean cruzou o Atlântico para a Nigéria a fim de participar do desfile presidencial “Nigeria at 50” e dar treinamento para a Marinha Nigeriana como parte do programa de parceria. Em novembro daquele ano retornou a Devonport.
Na Líbia
Em maio de 2011, o HMS Ocean foi destacado do posto de trabalho da COUGAR 11 e enviado com helicópteros Apache embarcados para ajudar nas operações na Líbia junto com o navio de assalto anfíbio francês Tonnerre.
Esta foi a primeira vez que os helicópteros Apache foram enviados diretamente para a ação a partir de um navio da Marinha Real.
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Jogos Olímpicos de 2012 em Londres
Nem só de guerras vive um navio. Assim, em 4 de maio de 2012, atracou em Greenwich para se preparar para o seu papel de apoio logístico, alojamento e um local de pouso de helicópteros durante os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres.
Em 22 de julho de 2014, o HMS Ocean assumiu novamente o papel de porta-helicópteros, depois de uma reforma de 15 meses e £65 milhões, substituindo o HMS Illustrious, que retornou ao porto de Portsmouth. Como parte do Grupo-Tarefa da Força de Resposta COUGAR 14, o HMS Ocean participou em exercícios ao largo da Albânia e da França.
Nau capitânia da Marinha Real Britânica
O HMS Ocean tornou-se o Flagship (nau capitânia) da Marinha Real Britânica em junho de 2015. Em dezembro de 2015, ele retornou ao porto após o COUGAR 15, um exercício de guerra anfíbia no Mediterrâneo com a Marinha Francesa.
Cessavam os bons trabalhos de HMS Ocean. Ele foi desativado em 27 de março de 2018 na HMNB Devonport, com a Rainha Elizabeth II participando da cerimônia.
O porta-helicópteros Atlântico no Brasil
Em março de 2017, a Royal Navy ofereceu o HMS Ocean à Marinha do Brasil. E, em 4 de dezembro de 2017, o Poder Naval noticiou a autorização do Ministério da Defesa para sua compra.
Adquirido por £ 84 milhões e rebatizado como Porta-Helicópteros Multipropósito (PHM) Atlântico, ele foi reparado e adaptado pelas companhias Babcock e a BAE Systems para a transferência realizada em 29 de junho.
O Atlântico com sua tripulação brasileira passou pelo Flag Officer Sea Training (FOST), um programa de treinamento operacional da Royal Navy ministrado por uma equipe de especialistas da Marinha Real Britânica.
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Em 1º de agosto de 2018, o PHM Atlântico iniciou sua viagem com destino ao seu porto sede, no Rio de Janeiro, com escala em Lisboa, Portugal.
Em novembro de 2020, por meio de Portaria do Comandante da Marinha, o Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico teve a sua denominação alterada para Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico.
A alteração deve-se ao fato de o Atlântico ter a capacidade de operar em seu convés com aeronaves remotamente pilotadas ou aeronaves turboélice de pouso vertical. O Atlântico torna-se a nau capitânia da Marinha do Brasil.
O Porta-helicópteros Atlântico nau capitânia da Marinha do Brasil
O navio é um gigante de 203 metros, tamanho de dois campos de futebol. Desloca cerca de 22 mil toneladas e leva até 18 aeronaves de diversos tipos. Pode transportar 465 tripulantes, cerca de 800 fuzileiros, e um esquadrão de blindados de ataque, lanchas de desembarque anfíbio. Além de veículos de emprego geral.
O porta-helicópteros terá uma ala aérea em condições de operar com todas as aeronaves de asas rotativas em uso pela Marinha: os grandes Seahawak Super Puma e Cougar, combinados com os médios Linx, Esquilo e Bell Jet Ranger.
Assista ao vídeo da nau capitânia da Marinha do Brasil
Imagem de abertura: defesa.net.
Fonte: https://www.naval.com.br/blog/2022/04/08/a-historia-do-porta-helicopteros-hms-ocean-na-royal-navy-agora-nam-atlantico-na-marinha-do-brasil/.