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Porta-helicópteros Atlântico, nau capitânia da Marinha

Porta-helicópteros Atlântico, a nau capitânia da Marinha do Brasil

“Alexandre Galante é jornalista, designer, fotógrafo e ex-tripulante da fragata Niterói. Ele escreve regularmente para o site www.naval.com.br, com destaque para a história dos navios de guerra do Brasil. Recentemente tivemos acesso ao post A história do Porta-Helicópteros HMS Ocean na Royal Navy, agora porta-helicópteros Atlântico nau capitânia da Marinha do Brasil, em que ele narra a trajetória da embarcação. Conversamos com Galante, que mais uma vez autorizou o uso dos dados e fotos de sua matéria.”

Royal Marines britânicos

“Os Royal Marines britânicos foram pioneiros no uso de helicópteros em operações anfíbias após a Segunda Guerra Mundial. O policiamento imperial exigia o desembarque rápido de um pequeno número de tropas, e o helicóptero surgiu como a solução ideal.

A Marinha Real Britânica aproveitou a grande quantidade de porta-aviões leves disponíveis no pós-guerra e os converteu para essa nova missão. Assim começava a história do Atlântico como nau capitânia — posto que já pertenceu ao porta-aviões Minas Gerais e, posteriormente, o porta-aviões São Paulo, que teve vida curta na função.

Aos poucos a marinha vai se recompondo. Em 2025 a MB lançou ao mar a segunda fragata ‘made in Brazil, construída no Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí (SC); e ainda comprou um enorme navio da Royal Navy, o Navio-Doca Multipropósito Oiapoque.

A conversão de navios na Inglaterra

A primeira dessas conversões foi um HMS Ocean da classe Colossus, que entrou em ação na intervenção do Canal de Suez em 1956. A operação marcou a estreia das táticas de guerra anfíbia de envolvimento vertical usadas em combate

A primeira dessas conversões foi um HMS Ocean anterior, da classe “Colossus”, que teve ação durante a intervenção no Canal de Suez em 1956. Esta operação marcou a primeira vez das táticas de guerra anfíbia de envolvimento vertical que foram usadas durante o combate.

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No canal de Suez. Imagem, www.naval.com.br.

Em 11 de maio de 1993, a marinha britânica fechou um contrato com os estaleiros VSEL/Kvaerner Govan. Em seguida encomendou um navio cujo design usava a forma básica do casco dos porta-aviões da classe “Invincible.”

Mas, na verdade, foi construído de acordo com os padrões dos navios mercantes, com um design que imitava um grande navio mercante com o acréscimo de um convés de voo e equipamentos militares.

Uma base aérea de retaguarda

Imediatamente após a encomenda, a Royal Navy anunciou que o  LPH seria batizado HMS Ocean em homenagem ao primeiro LPH operacional do mundo. A doutrina operacional apresentava o novo navio como uma base aérea de retaguarda, mantendo um padrão a cerca de 100 milhas da cena de operações.

Classe “Albion”

Os dois  navios do tipo LPD (Landing Platform Dock), da futura classe “Albion”, seriam desenvolvidos mais próximos do local de maior engajamento e atuariam como postos de preparo avançados dos helicópteros do LPH.

HMS Ocean

Em maio de 1995,  75% da fabricação de aço estavam prontas, incluindo a seção de proa e 1.400 toneladas da seção de popa. O primeiro dos dois motores diesel principais foi entregue, assim como os geradores a diesel e as rampas de popa instaladas.

Em construção.

Depois de alguns problemas na construção, por volta de março de 1997,  o VSEL concordou em realizar o trabalho adicional necessário no HMS Ocean.

Isso incluiu a instalação do CIWS Phalanx Mk.15 e quatro canhões gêmeos BMARC de 30mm. Finalmente, em 30 de setembro de 1998, o navio foi comissionado.

Algumas missões do HMS Ocean

Construído em tempos de paz, ele não teve a carreira ‘guerreira’  de seu antecessor Minas Gerais. Mesmo assim,  teve participação ativa na Operation Palliser para restaurar a ordem em Serra Leoa quando apoiou as operações britânicas no país. Desde então, o HMS Ocean participou de várias outras ações além de exercícios.

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A Royal Navy em Serra Leoa. Imagem, www.naval.com.br.

Esteve no Índico como apoio anfíbio às operações dos EUA no Afeganistão contra o Talibã e os terroristas que abrigavam.

HMS Ocean. Imagem,   www.naval.com.br.

Em seu retorno, voltou ao estaleiro para uma revisão. Durante o conflito no Iraque, em 2003, tornou-se uma plataforma para 22 helicópteros, um dos principais componentes do ataque ao sul do Iraque nos três primeiros dias da Operação Iraq Freedom.

Presença permanente no norte do Golfo pérsico

Intimamente ligado à campanha terrestre por meio dos esquadrões de helicópteros e dos fuzileiros navais,  manteve presença permanente no norte do Golfo. Ali demonstrou  capacidade de realizar operações de voo o tempo todo, enquanto suas embarcações de desembarque patrulhavam os rios no sul do Iraque.

HMS Ocean integrando a Força-Tarefa de cinco nações na Operação Enduring Freedom no Mar de Omã, em 2002.

Entre 2007 e 2008, o HMS Ocean passou por um ano de reparos no estaleiro Devonport. Em 2009, voltou ao mar no exercício Bersama Shield, na Península Malaia. No ano seguinte, participou do exercício Auriga nos EUA e realizou manobras com fuzileiros navais no Brasil.

Em visita ao Rio de Janeiro. Imagem, www.naval.com.br.

Após os exercícios no Brasil, o HMS Ocean seguiu para a Nigéria, onde participou do desfile ‘Nigeria at 50’ e apoiou o treinamento da Marinha local. Em novembro, retornou a Devonport. Em 2011, foi enviado à Líbia com helicópteros Apache para atuar ao lado do navio francês Tonnerre.

Servindo na Líbia.

Esta foi a primeira vez que os helicópteros Apache foram enviados diretamente para a ação a partir de um navio da Marinha Real.

Jogos Olímpicos de 2012 em Londres

Em 2012, o HMS Ocean atuou em Londres como base logística e aérea durante os Jogos Olímpicos. Em 2014, após reforma de 15 meses que custou £65 milhões, voltou a operar como porta-helicópteros, substituiu o HMS Illustrious e participou de exercícios ao largo da Albânia e da França

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Nau capitânia da Marinha Real Britânica

Em junho de 2015, o HMS Ocean tornou-se nau capitânia da Marinha Real Britânica. No fim do mesmo ano, retornou do exercício anfíbio COUGAR 15 no Mediterrâneo. Foi desativado em 27 de março de 2018, em cerimônia com a presença da Rainha Elizabeth II.

O porta-helicópteros Atlântico no Brasil

Em março de 2017, a Royal Navy ofereceu o HMS Ocean à Marinha do Brasil. Em dezembro, o Ministério da Defesa autorizou a compra por £84 milhões. Rebatizado como Porta-Helicópteros Multipropósito (PHM) Atlântico, o navio passou por reparos e adaptações feitos pela Babcock e pela BAE Systems antes da transferência em 29 de junho.

Com a tripulação brasileira, o Atlântico passou pelo treinamento FOST da Royal Navy. Em agosto de 2018, partiu para o Rio de Janeiro com escala em Lisboa. Em novembro de 2020, recebeu a denominação de Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico, por poder operar aeronaves remotamente pilotadas e turboélices de pouso vertical. Tornou-se a nau capitânia da Marinha do Brasil

O Porta-helicópteros Atlântico  nau capitânia da Marinha do Brasil

O Atlântico tem 203 metros, desloca 22 mil toneladas e transporta até 18 aeronaves. Comporta 465 tripulantes, 800 fuzileiros, blindados e lanchas anfíbias. Sua ala aérea pode operar todos os helicópteros da Marinha, dos grandes Seahawk, Super Puma e Cougar aos médios Lynx, Esquilo e Bell Jet Ranger.

Assista ao vídeo da nau capitânia da Marinha do Brasil

Imagem de abertura: defesa.net.

Fonte: https://www.naval.com.br/blog/2022/04/08/a-historia-do-porta-helicopteros-hms-ocean-na-royal-navy-agora-nam-atlantico-na-marinha-do-brasil/.

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