Maior barreira de corais dos EUA, na Flórida, ameaçada
Para se ter uma ideia da importância dos corais como ecossistema basta saber que eles ocupam menos de 1% do fundo dos oceanos. No entanto, são o habitat de 25% de toda a vida marinha distribuídos em cerca de 100 países. Além disso, sua beleza e abundância de vida atraem o turismo. Assim, em 2017 um estudo publicado na Marine Policy mostrava que o turismo em recifes de corais gerava US$ 36 bilhões em valor global a cada ano. Contudo, em 2023 os oceanos bateram recordes de calor, o maior inimigo dos corais. Eles não escaparão das consequências. A maior barreira de corais dos Estados Unidos, na Flórida, já preocupa os especialistas.

2009-2018, perda de 14% dos corais do mundo
Segundo o relatório da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Corais eles estão entre os ecossistemas mais vulneráveis às pressões antropogênicas. Isso inclui a mudança climática e acidificação dos oceanos, além de impactos locais da poluição terrestre, como entrada de nutrientes e sedimentos da agricultura, poluição marinha e pesca predatória.
Como subprodutos ecossistêmicos, os corais ajudam a conter a erosão costeira, e o poder destrutivo de furacões ou ressacas. Acontece que as ondas de calor entre 2009 e 2018 parecem brincadeira com a realidade de 2023.
O mês de julho acaba de ser considerado o mais quente mês na história. Simultaneamente, a temperatura dos oceanos igualmente bateu recordes. No inicio de agosto a superfície do oceano em torno de Florida Keys subiu para 38,43°C, o que fez a imprensa usar a expressão temperaturas semelhantes a uma banheira de hidromassagem.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaA repercussão foi imediata. O Washington Post publicou em 9 de agosto, What’s killing Florida’s coral reefs — and why you should care (O que está matando os recifes de corais da Flórida – e por que você deveria se importar).
“O pior evento de branqueamento que a Flórida já viu”
Segundo o Washington Post é desta forma que os pesquisadores se referem ao problema. A forte onda de calor marinho, diz o jornal, causou um extenso evento de branqueamento de corais.
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O jornal ainda alerta que é apenas o começo: ‘A situação pode piorar antes de melhorar. Grande parte do Caribe deve ter temperaturas prejudiciais aos corais nas próximas semanas, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica.
A preocupação dos cientistas vem do fato de que normalmente as temperaturas mais quentes se manifestam em meados de agosto até o início de setembro. Para Jessica Levy, diretora da Coral Restoration Foundation, “O que realmente preocupa as pessoas é que quanto mais tempo dura, mais danos você começa a ver. O fato de isso ter acontecido em julho e ainda termos agosto e setembro é assustador.”
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Às vésperas da COP30 Brasil acorda para os manguezais?A luta em prol do mangue do Araçá em São SebastiãoDesastre ecológico no Ribeira de Iguape pressiona o LagamarOs cientistas observam o branqueamento generalizado ao longo de partes do recife de aproximadamente 360 milhas de extensão. As condições mais quentes também afetam os esforços críticos para restaurar o ecossistema em apuros. A Coral Restoration Foundation informou que 100% dos corais em um local de restauração em Keys estão branqueados e a maioria já morreu, segundo Alice Grainger, diretora sênior de comunicações do grupo.
O branqueamento de corais não significa necessariamente a morte dos animais. Contudo, quanto mais duradoura a onda de calor, maior a probabilidade deles morrerem.
As consequências da perda de um recife de coral permanecem assustadoramente sombrias, disse Grainger ao Washington Post.
“Essa é a coisa assustadora. Sabíamos que teriam implicações extraordinárias, mas simplesmente não sabíamos quão ruins seriam.”
O ritmo e a escala do branqueamento na Flórida
Segundo o Washington Post, o ritmo e a escala do branqueamento na Flórida desencadearam o que muitos especialistas estão chamando de uma luta “todas as mãos no convés” para salvar o maior número possível de corais e melhorar as chances de recuperação das seções afetadas do recife.
Segundo o jornal os pesquisadores estão coletando partes das espécies mais importantes e armazenando-as em bancos genéticos em terra. Outra providência, é resgatar corais ainda saudáveis trazendo as peças para terra, ou deslocando-as para áreas mais profundas, em consequência mais frias, à espera do fim da onda de calor.
O Washington Post encerra a matéria com dois alertas sombrios. ‘De acordo com uma previsão, a mudança climática pode acabar com quase todos os habitats de recifes de corais da Terra até o final do século’.
A outra é cobrar ação de governantes sobre a mudança do clima: “A restauração de corais é uma parte crítica da solução, mas não é toda a solução”, disse Grainger. “A solução precisa ser ação sobre as mudanças climáticas.”