Lançamento do livro: A Saga do Mar Sem Fim
Os que navegam neste site já sabem de minhas idas para a Antártica, e a consequência terrível da terceira viagem que fiz no verão 2011- 2012: o naufrágio do Mar Sem Fim, na ilha Rei George, depois de dias enfrentando severas condições climáticas.
É sobre isto que trata o livro A Saga do Mar Sem Fim a ser lançado quarta-feira da semana que vem, dia 5 de novembro. Desde já, estão todos convidados. Gostaria de abraçar a cada um que torceu, mandou correios encorajadores, enfim, agradecer àqueles que lutaram junto conosco mesmo que à distância.
Foi o maior evento de minha vida. Não acredito que terei outro igual, ou mesmo parecido, em emoção, dramaticidade, repercussão nacional e internacional.
A Antártica é regida por normas especiais. O continente foi dedicado à pesquisa e ao estudo segundo as normas do Tratado Antártico, assinado em Washington, 1959, para “assegurar o interesse de toda humanidade para que o continente continue utilizado sempre exclusivamente para fins pacíficos.”
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Mais uma vez o Brasil aderiu a este acordo.
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Ali todo cuidado é pouco. A Antártica, por sua peculiar posição no centro do Polo Sul geográfico, é um laboratório das ações humanas sobre o planeta. E apesar de não parecer, é um continente fragilíssimo.
Esta derradeira viagem teve como intenção um charter, ao mesmo tempo em que eu escrevia para este site, então recém inaugurado.
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Mas tive dificuldades sérias na travessia do Drake. Meu barco perdeu um leme, num dos sistemas, e uma bucha, no outro sistema de propulsão. O Marzão tinha dois motores, em consequência, dois sistemas de propulsão. Quando percebi os problemas soube que estava a um passo de naufragar. Não é fácil consertos desta magnitude num ambiente tão hostil, com ventos que facilmente chegam aos 150 quilômetros por hora. Mas não nos abalamos e seguimos lutando.
Assim que o tempo permitiu segui para a Ilha Rei George, única que tem uma pista de pouso, além de bases de vários países, inclusive o Brasil, que poderiam nos ajudar.
Em Rei George os passageiros e o skipper desembarcaram, voltando para a América do Sul. No mesmo voo chegou meu amigo, e melhor marinheiro que conheço, Plinio Romeiro Jr.
Mesmo sabendo o tamanho da encrenca, e possibilidade real de desastre, Plínio não perdeu um minuto quando contei à ele a situação em que me encontrava.
A partir daí começou nosso calvário que só termina agora, felizmente, com a publicação do livro.
Tive bastante tempo para refletir sobre as consequências. Para começar, fui obrigado a esperar “uma gestação”, nove meses exatos, de abril de 2012 até janeiro de 2013, para seguir novamente à Antártica, desta vez para resgatar o Mar Sem Fim.
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Com apoio incondicional da Marinha do Brasil, do pessoal das bases chilena, chinesa, e russa, tivemos sucesso depois de 40 dias de muito trabalho. A imensa angústia que eu passei durante este tempo, receando um acidente ecológico neste paraíso do planeta, acabou não acontecendo. O Mar Sem Fim veio à tona sem derramar “uma lágrima” de diesel. Sorte grande.
Desde o acidente uma coisa não saia de minha cabeça. Contar àqueles que se envolveram, e não foram poucos, tudo que aconteceu. Ao relatar para o site, descrevendo os últimos dias do mar Sem Fim, ou a viagem da faina de resgate, tive que passar por cima de muitos fatos. Bastidores interessantes, comportamentos humanos surpreendentes, curiosidades, dificuldades, sempre cercados por muita emoção e drama.
A volta ao Brasil
Na volta ao Brasil, em março deste ano, finalmente o cenário estava montado em minha cabeça. As circusntâncias, os erros, as omissões, o acaso… Estava tudo lá. De tanto pensar, e até sonhar com as viagens e o acidente, as peças se juntaram. Era hora sentar e colocar no papel.
No livro a Saga do Mar Sem Fim conto minha história com o mar desde meus primeiros anos, quando ainda brincava com barquinhos na piscina da fazenda. As pescarias com meu pai e meus irmãos em Cananéia. A primeira saída em mar aberto, depois a viagem de veleiro pela costa brasileira e, finalmente, as quatro viagens à Antártica.
Não sobrou um detalhe de fora. Assumi a responsabilidade e lutei o que pude para evitar o perigo que seria o desastre ecológico. E aprendi a maior de todas as lições que um homem do mar pode aprender. É isto que quero dividir, a partir da semana que vem, com todos que frequentam este site. Até lá.